Os dias passam e o suspense mantém-se: quem foi a campeã nacional de 10.000 metros, prova realizada em 18 de dezembro passado, há quase um mês? Logo a seguir à realização da prova, a Federação anunciou a desclassificação de Salomé Rocha, que havia ganho, devido à utilização indevida (que a atleta reconheceu) de um calçado não permitido pela nova regulamentação da federação internacional.
Três dias depois, num surpreendente comunicado, a Federação refere que a desclassificação de Salomé Rocha, devido à “não conformidade das sapatilhas com a regra 5 (utilização de calçado homologado) da World Athletics” irá ser analisada pelo Conselho de Arbitragem, “não havendo ainda formalmente uma desclassificação ou não homologação do resultado dos atletas”. Segundo parece, outros atletas teriam utilizado também sapatilhas irregulares. Passadas quatro semanas, interrogada pela Revista Atletismo, fonte federativa informa que o inquérito está a decorrer e que termina esta semana o prazo para o Conselho de Arbitragem se pronunciar, após o que haverá reunião da Direção.
Entretanto, já em tempos, chamámos a atenção para o facto dos recordes nacionais batidos desde 2018 continuarem, segundo o site da Federação (e confirmado por fonte federativa), aguardando “conclusão do processo de homologação”. Estão neste caso, por exemplo, os recordes de Vítor Ricardo Santos (400 m) e Pedro Pichardo (triplo) já de 2018 (!); Leandro Ramos (dardo) e Cátia Azevedo (400 m), de 2019; e Paulo Conceição (altura) de fevereiro de 2020 (em pista coberta). Curiosamente, o último recorde de Auriol Dongmo no peso (19,57) já aparece como homologado – é o único desde 2018. Também os recordes de pista coberta estão à espera, desde o de Paulo Conceição, aos vários de Auriol Dongmo, passando pelos de Raidel Acea (400 m) e Patrícia Mamona (triplo). Sem contar com os inúmeros recordes dos escalões jovens… Incompreensível esta demora que, quanto muito (e mesmo assim dificilmente), se admitiria num caso ou outro… Algo não funciona na estrutura federativa.
No Ranking Mundial aparece a Sara Moreira em 1ª na competição e não aparece a Salomé Rocha (selecionei apenas marcas feitas por portugueses). Por isso depreendo que o assunto do título feminino está encerrado. Em termos de ajuizamento da prova falhou ainda um outro aspeto que tem falhado muitas vezes (para não dizer na maior parte das vezes) nas competições portuguesas: não havia juízes nas curvas. A penúltima atleta na última curva pisou na parte interior fora da pista, não tendo sido empurrada por ninguém uma vez que ia sozinha. É visível no vídeo da transmissão da prova aos 1:50:48 https://www.youtube.com/watch?v=zYXODAuu1ZI
Rank Mark Competitor DOB Nat Pos Venue Date Results Score
1 33:04.94 Sara MOREIRA 17 OCT 1985 PORPOR 1 Estádio José Vieira de Carvalho, Maia (POR) 18 DEC 2020 1082
2 34:19.72 Carla MARTINHO 04 NOV 1976 PORPOR 2 Estádio José Vieira de Carvalho, Maia (POR) 18 DEC 2020 1019
3 35:02.45 Sara Caterina RIBEIRO 31 MAY 1990 PORPOR 7 Blankers-Koen Stadion, Hengelo (NED) 10 OCT 2020 984
4 35:19.34 Sara DUARTE 25 MAY 1999 PORPOR 3 Estádio José Vieira de Carvalho, Maia (POR) 18 DEC 2020 970
5 35:52.76 Cátia SANTOS LEITÃO 09 JAN 1992 PORPOR 1 Ribeira Brava (POR) 29 FEB 2020 943
6 36:31.61 Andreia SANTOS 17 MAY 1985 PORPOR 4 Estádio José Vieira de Carvalho, Maia (POR) 18 DEC 2020 912
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