Emocionante a prova de triplo que deu a Patrícia Mamona o título europeu de pista coberta e a Portugal a terceira medalha de ouro destes Europeus… embora esta com um sabor especial, já que foi obtida por uma atleta aqui nascida e formada. As três atletas do pódio ficaram separadas por um só centímetro, embora a portuguesa tenha sido, sem dúvida, a melhor, com um recorde nacional de 14,53 e três dos cinco melhores ensaios da prova: para além dos 14,53 no 3º ensaio, 14,35 no 1º e 14, 38 no 3º (para além de 14,29 no 5º). A alemã Neele Eckhardt, que estava longe de ser candidata (tinha 14,35 como melhor ao ar livre, em 2017), aproximou-se a um centímetro (14,52) no 3º ensaio. E a espanhola Ana Peleteiro conseguiu essa mesma marca no último ensaio, subindo ao 2º lugar por ter melhor segundo salto (14,34-14,18). Em suma, Mamona foi sem dúvida a melhor mas não ganhou para o susto!
As outras finais:
60 m barreiras (M): Luta cerrada entre o francês Wilhem Belocian, recordista europeu júnior de 110 m barreiras (1m), e o britânico Andy Pozzi, campeão mundial em 2018 e europeu em 2017. Belocian levou a melhor à tangente, com um recorde pessoal (por três centésimos) de 7,42, melhor marca europeia do ano. Pozzi igualou o seu melhor, com 7,43. O italiano Paolo dal Molim fechou o pódio, com 7,56.
60 m barreiras (F): Vitória bem folgada da finlandesa Nadine Visser, que renovou o título e progrediu quatro centésimos para 7,77, melhor marca mundial do ano. Deixou a segunda, a britânica Cynthia Sember, a nada menos de 12 centésimos (7,89), com a curiosidade desta e a terceira, Tiffany Porter (7,92), serem irmãs.
Heptatlo (M): Triunfo indiscutível do recordista europeu Kevin Mayer, cuja repetição do título de 2019 nunca esteve em dúvida. Restava saber se batia o recorde. Ficou a 81 pontos, depois de ter igualado a pontuação no 1º dia. Melhorou em três das sete provas: 60 m – 6,95/6,86; peso – 15,66/16,32; 60 bar. – 7,88/7,78. E piorou em quatro: comprimento – 7,54/7,47; altura – 2,10/2,04; vara – 5,40/5,20; 1000 m – 2.41,08/2.45,72. Somou 6392 pontos, a melhor marca mundial do ano, ganhando com quase 250 pontos de vantagem sobre o espanhol Jorge Ureña, que somou 6158 pontos.
3000 m (M): Vitória óbvia do norueguês Jakob Ingebrigsten, que cumpriu o objetivo de ganhar os 1500 e 3000 metros. Fez uma corrida lenta, com 2.44,53 ao 1º km e 2.38,16 ao 2º. Depois acelerou e resolveu facilmente a questão do título, com 2.21,51 ao 3º km e 54,78 nos últimos 400 m. Gastou 7.48,20, contra 7.49,41 do belga Isaac Kimeli e 7.49,47 do espanhol Adel Mechaal.
800 m (F): A ainda júnior britânica Keely Hodkinson esteve sempre na frente e acabou por triunfar, numa prova lenta (1.05,31 aos 400 m). Gastou 2.03,88, contra 2.04,00 e 2.04,14 das polacas Joanna Jozwik e Angelika Cichocka, respetivamente.
800 m (M): Um surpreendente especialista de 400 m barreiras, que este ano apostou nos 800 m, o polaco Patryck Dobek, ganhou inesperadamente, com um recorde pessoal de 1.46,81, à frente de outro polaco, Mateusz Borkowski (1.46,90), com o britânico Jamie Webb também próximo (1.46,95).
60 m (F): Folgadíssimo triunfo da suíça Ajla del Ponte, com a melhor marca mundial do ano (7,03), face à finlandesa Lotta Kempinnen e à holandesa Jamile Samuel, ambas com 7,22. Surpreendentes os progressos da suíça, que tinha como melhor 7,14, já este ano.
Vara (M): A ausência de Renaud Lavillenie impediu um despique intenso com o sueco Armand Duplantis. E, curiosamente, foi o irmão do francês, Valentin Lavillenie, ao passar 5,80 à primeira (recorde pessoal), o seu principal adversário. Mas depois falhou 5,85 (tal como o polaco Piotr Lisek, que passara 5,80 apenas à terceira) e Duplantis (que “limpou” também a essa altura) garantiu o título. Depois, tentou 6,05 (passou à segunda) e o recorde mundial a 6,19, falhando.
Altura(F): Despique entre duas ucranianas, que passaram 1,98, decidindo o concurso aos 2 metros. Yaroslava Mahuchikh, com apenas 19 anos e já com 2,06 como melhor, passou sempre à primeira, incluindo os 2,00. Iryna Heraschenko, com alguns derrubes anteriores, passou 1,98 à primeira mas falhou a 2,00. Mahuchikh ainda tentou um recorde pessoal a 2,07 mas sem êxito.
4×400 m (M): Categórica vitória da Holanda, com dois dos atletas do pódio da prova individual, Tony van Diepen e Liemarvin Bonevacia. Gastou 3.06,06, contra 3.06,54 da Rep. Checa e 3.06,70 da Grã-Bretanha, com a Bélgica dos três irmãos Borlée fora do pódio (4ª).
4×400 m (F): Outra vitória da Holanda, consolidada no último percurso por Femke Bol, campeã de 400 m. A equipa bateu o recorde dos campeonatos, com 3.27,15, ficando à frente da Grã-Bretanha (3.28,20) e da Polónia (3.29,94).
E assim terminaram uns campeonatos muito positivos para Portugal, o segundo país com mais títulos (3), a seguir à Holanda (4). Na pontuação oficiosa, Portugal somou um recorde de 33 pontos, classificando-se em 11º lugar. A Grã-Bretanha foi a mais pontuada, com 112,5 pontos, seguida da Polónia (90) e Holanda (75,5).