Com um recorde pessoal em pista coberta de 17,36, marca que o coloca como folgado 1º europeu do ano (embora haja ainda que entrar em linha de conta com os vários campeonatos nacionais deste fim-de-semana), Pedro Pichardo foi a grande figura da 1ª jornada do Campeonato de Portugal, realizada em Braga. Mas também Auriol Dongmo, com 18,91 numa excelente prova de peso, e Vítor Ricardo Santos, com 47,04 nos 400 m, confirmaram excelente forma. Foram estes os três recordes dos campeonatos batidos. Mas também Carlos Nascimento (com 6,68 nos 60 m), Cátia Azevedo (53,69 nos 400 m) e Isaac Nader (3.31,86 nos 1500 m), além de Nuno Pereira e José Carlos Pinto, nesta mesma prova, confirmaram as marcas de referência para o Europeu de Torun, dentro de duas semanas, enquanto Mauro Pereira foi a novidade, ao conseguir mínimo nos 400 m, com 47,48.
Mas vejamos o que de mais relevante aconteceu prova a prova numa jornada bem positiva e com um caso insólito: a desclassificação, nos 1500 m, de Mariana Machado, devido ao calçado utilizado.
60 metros (M): Larga (e inesperada) superioridade de Carlos Nascimento (Sporting), que conseguiu excelentes 6,68, de longe a melhor marca nacional do ano. Surpreendente o 2º lugar do progressivo Delvis Santos (Benfica), que melhorou de recentes 6,86 para 6,81, derrotando os seus companheiros de equipa Diogo Antunes (6,87) e Frederico Curvelo (6,89).
400 metros (M): Uma semana depois do seu recorde nacional de 46,64 em Ostrava, prova descontraída de Vítor Ricardo Santos, que ganhou com 47,04, batendo o recorde dos campeonatos, que estava ainda na posse de Carlos Silva, com 47,19 desde 1999, e sagrando-se campeão nacional pela 4ª vez. Bons progressos de Mauro Pereira (S. Ceira), de 47,74 para 47,48, igualando João Coelho (ausente neste campeonato) como quinto português de sempre e conseguindo “passaporte” para o Europeu. Ericsson Tavares (CA Seia) fechou o pódio, com 48,41, e Rafael Jorge (Benfica) ganhou a série B com 48,43, folgados recordes pessoais.
1500 metros (M): Excelente despique entre os mesmos três atletas que há uma semana, em Pombal, conseguiram os mínimos para o Europeu. Confirmaram-no agora e com recordes pessoais, com nova vitória para Isaac Nader (Benfica), que melhorou de 3.42,34 para 3.41,86 (já havia sido o campeão de 2020), seguido de Nuno Pereira (Sporting), que progrediu de 3.43,32 para 3.42,10, e de José Carlos Pinto (Benfica), que fez menos 50 centésimos que em Pombal (3.42,97-3.42,47). Bom trabalho da “lebre” (até aos mil metros). Hugo Rocha (Benfica) foi 4º com 3.46,71 e Miguel Mascarenhas (GD Estreito) ganhou a série secundária com 3.48,95.
Vara (M): Quinto título nacional de pista coberta para Diogo Ferreira (Benfica), que passou sucessivamente 4,95 (à 1ª), 5,10 (2ª), 5,30 (3ª) e 5,51 (à 2ª), falhando depois 5,61, que seria recorde pessoal. Excelente recorde pessoal para Carlos Pitra, que tinha 4,76 em pista coberta e 4,95 ao ar livre como melhor e passou agora (à 3ª tentativa) 4,98, aproximando-se do top’10 nacional de sempre em pista coberta (é 14º). Gonçalo Uva (Sporting) passou 4,86, ficando a 4 cm do seu melhor, e Edgar Campre (Benfica) foi 4º com 4,74, a um centímetro do seu recorde pessoal.
Triplo (M): Pedro Pichardo (Benfica) era a grande atração da tarde e confirmou-o ao conseguir 17,36, recorde pessoal em pista coberta por quatro centímetros e a outros quatro centímetros do recorde nacional de Nelson Évora. Conseguiu o recorde dos campeonatos, que pertencia a Carlos Calado, com 17,09 em 1999. Esteve muito consistente, depois de um ensaio inicial falhado: 17,11-17,26-17,33-17,31-17,36. Tiago Pereira (Sporting) só acertou no último ensaio, que lhe deu o 2º lugar, com 16,25, e Pedro Pinheiro (Benfica) fechou o pódio com 15,76.
5000 m marcha (M): João Vieira, 20 vezes campeão nos últimos 25 anos, foi a grande ausência, deixando em aberto o título que viria a ser conquistado por Rui Coelho (CA Seia), com 21.19,52, de longe (quase um minuto) a pior marca de sempre de um campeão, o que reflete bem a crise por que passa a especialidade. O vencedor destacou-se bem cedo e acabou por triunfar com quase 25 segundos de vantagem sobre o segundo classificado, o veterano (42 anos) Miguel Marques (AC P. Varzim), que gastou 21.43,79, e 40 segundos sobre o terceiro, Ruben Santos (Sporting), que conseguiu 22.00,16.
60 metros (F): Emocionante despique entre a veterana Lorène Bazolo e a jovem Rosalina Santos (ambas do Sporting), com triunfo (o seu 5º título nacional) para Bazolo, com 7,44, contra 7,46 de Rosalina, que desta vez ficou longe dos sensacionais 7,30 e 7,32 conseguidos no CAR do Jamor. Fechou o pódio Patrícia Rodrigues (GA Fátima), com um recorde pessoal de 7,68.
400 metros (F): Cátia Azevedo (Sporting) fez a sua primeira prova da época na distância e não só se sagrou campeã nacional pela 4ª vez como confirmou o mínimo para o Europeu que conseguira na época passada, ao fazer 53,69, ganhando por boa margem sobre um trio muito equilibrado: Dorothe Évora (Sporting), com 55,44, e Vera Barbosa (Sporting), com 55,55, ultrapassaram no final Rivinilda Mentai (Benfica), que gastou 55,61.
1500 metros (F): Mariana Machado (SC Braga) repetiu a vitória da época passada, com 4.22,14 (aquém da marca de referência para o Europeu, de 4.17,00), mas correu com sapatos não autorizados pelas novas regras da federação internacional e foi desclassificada. Joana Soares (J. Serra), que liderou até 250 metros da meta, foi dada como vencedora, com 4.24,46. Emília Pisoeiro (RD Águeda), com 4.28,07, e a júnior Rita Figueiredo (Sporting), com 4.29,30, completaram o pódio.
Altura (F): Sexto título para Anabela Neto (Sporting), que conseguiu (ao 1º ensaio) a melhor marca nacional do ano (1,79), falhando depois a 1,82. A júnior Milena Lucena (GD Estreito) foi segunda, com 1,66 (a sua melhor marca em pista coberta), seguida de Margarida Mota (UFC Tomar), com 1,63.
Comprimento (F): A revelação desta época Ágate Sousa (GA Fátima) chegou a 6,50 (contra o seu recorde pessoal de 6,68 no CAR do Jamor), com outros ensaios a 6,40, 6,25 e 6,31 mas, sendo são-tomense, não pode sagrar-se campeã. O título (pelo 5º ano consecutivo) foi para Evelise Veiga (Sporting), com 6,39 (e ainda 6,33 e 6,25). Yariadmis Arguelles (individual) fechou o pódio, com 6,36.
Peso (F): A melhor prova de sempre com atletas nacionais (embora todas naturalizadas…), com quatro delas acima de 17 metros e duas com recordes pessoais. A vencedora natural foi Auriol Dongmo (Sporting) que passou os 18 metros e meio nos seus quatro lançamentos válidos, o melhor dos quais, a 18,91, fica como recorde dos campeonatos (que já era dela, com 18,37 na época passada). Conseguiu ainda 18,80, 18,59 e 18,64. Jéssica Inchude (Sporting) esteve excelente, melhorando por cinco vezes (!) o seu recorde da Guiné-Bissau (tem dupla nacionalidade), de 17,55 sucessivamente para 17,73, 17,75, 17,86, 18,01 e 18,13, não melhorando no 3º ensaio (a 17,66), mesmo assim melhor que o seu anterior recorde pessoal, já desta época. Ficou a 7 cm do mínimo para o Europeu mas como optou pela nacionalidade guineense em termos de competições internacionais, não poderia participar. Luta intensa pelo 3º lugar, com Francislaine Serra (SC Braga) a levar a melhor sobre Eliana Bandeira (Benfica) por quatro centímetros: recorde pessoal para Francislaine de 17,19 já esta época para 17,39; e 17,34 para Eliana, a 5 cm do seu melhor da época passada.
3000 m marcha: Sem Ana Cabecinha, já 10 vezes campeã (9 das quais consecutivas), a sua colega de equipa Edna Barros (CO Pechão) liderou sempre e terminou com 13.16,21, a pior marca de uma campeã desde 1992. A segunda foi Vitória Oliveira (SC Braga), com 13.22,09, e Maria Bernardo (CO Pechão) fechou o pódio, com 13.39,14.
-O Pichardo não é 2º europeu do ano mas sim 2º mundial do ano e líder europeu do ano, sendo a informação desse parênteses um pouco inoportuna tendo em conta que a última vez que um europeu saltou mais do que 17,36 em pista coberta foi precisamente em 2018 o Nélson Évora – ausente dos nacionais e que aparentemente não irá competir em pista coberta este ano não tendo ainda sequer a sua inscrição feita na RFEA [https://www.rfea.es/web/estadisticas/atletas.asp]).
-O Diogo Ferreira tentou 5,61 que seria recorde pessoal e não 5,71 que seria recorde nacional [https://fpacompeticoes.pt/3687/resultados].
-O acontecimento dos 1500m a confirmar-se seria caso para reforçarem a péssima decisão (para não lhe chamar pura aldrabice ou azelhice) que o conselho de arbitragem tomou em relação aos 10.000m, uma vez que terão permitido a classificação da atleta infratora ainda que sem a homologação da marca o que é completamente descabido ainda para mais tratando-se de um campeonato nacional (poderia um saltador em altura utilizar sapatilhas proibidas por exemplo com molas e conquistar o título nacional apenas não sendo considerada a marca mas mantendo-se o título?) Se as sapatilhas são proibidas é porque se considera que atribuem uma vantagem considera injusta, logo, estando isso regulamentado não faz sentido nenhum não desclassificar um atleta, pois isso além de injusto abre um precedente… Em que é que o caso da Mariana Machado difere do da Salomé Rocha? Ambos os casos em Campeonatos Nacionais, exatamente a mesma situação mas com decisões diferentes… Uma não sabia? É isso? Em que é que o facto da atleta saber ou não saber faz com que deixe de ter tido vantagem considerada injusta?
Caro Arlindo,
Obriagdo pelas retificações do Pichardo e do Diogo Ferreira.
Pichardo à data de hoje é o 2º Mundial do ano e não europeu.
Ele é o 1º europeu com 17.36 e a seguir o francês Raffin com 16.98