Pedro Vieira tem 51 anos e é informático. Corre desde 2013 e é atleta do GFD Running. Amante das maratonas, teve uma evolução de mais de uma hora no espaço de cinco anos, baixando das três horas. É um dos poucos portugueses que já completou o Circuito das World Marathon Majors.
Pedro Vieira nasceu em Lisboa e tem 51 anos, com a profissão de informático. Começou a correr com regularidade em 2013, quando se juntou à equipa do GFD Running. Mas a sua primeira experiência no atletismo deu-se muito antes, quando tinha 13 anos de idade. “Treinei cerca de um ano no clube da Petrogal. Depois estive vários anos sem correr, principalmente por motivos escolares. Quando terminei a universidade, recomecei a correr, mas muito esporadicamente”.
“Como trabalho o dia todo num escritório, é bom treinar antes de regressar a casa. Por vezes, acabo por sacrificar o tempo de descanso”
Plano de treinos em função das maratonas
A sua estreia no mundo das corridas verificou-se na Corrida do Tejo, então com mais de 11 quilómetros.
Treina atualmente quatro vezes por semana (cinco antes da pandemia), habitualmente com outros companheiros do GFD Running. Treina habitualmente ao fim do dia, depois do trabalho. “É uma maneira de desanuviar e aliviar o stress do dia. Como trabalho o dia todo num escritório, é bom treinar antes de regressar a casa. Por vezes, acabo por sacrificar o tempo de descanso”.
António Sousa que é quem faz o seu plano de treinos, tal como para os outros atletas do clube.
Pedro Vieira não costuma correr muitas provas durante o ano, habitualmente menos de dez. Em 2024 por exemplo, só fez seis. Muitas das provas que faz, estão incluídas em planos de preparação para as maratonas.
“Já fiz provas em muitas cidades e nunca encontrei um envolvimento tão grande da cidade e dos seus habitantes” (Maratona de Boston)
Corrida das Fogueiras e Maratona de Boston
Em Portugal, a sua prova de eleição é a Corrida das Fogueiras, onde vai todos os anos. “Pelo ambiente, apoio popular, corrida noturna iluminada por fogueiras”.
Já as meias maratonas das Pontes 25 de Abril e Vasco da Gama são provas onde menos gostou de participar. “Muita confusão na partida, VIP’s a partirem na frente da corrida, independentemente do nível, horário de partida desadequado…”
No estrangeiro, escolhe a Maratona de Boston. “Tem um ambiente fantástico, quer no percurso com milhares de pessoas a apoiar, quer na cidade, que se envolve completamente na corrida. Já fiz provas em muitas cidades e nunca encontrei um envolvimento tão grande da cidade e dos seus habitantes”.
Maratona, distância preferida
Os míticos 42,195 km são a sua distância preferida. Já correu 19 maratonas com a estreia a dar-se em 2011, em Lisboa, quando a prova tinha a partida e meta instaladas no Estádio 1º de Maio.
Pedro Vieira lembra a estreia: “Foi uma ótima experiência! Cumpri os meus objetivos: terminar e fazer menos de quatro horas. Tive o apoio de vários amigos, que me acompanharam ao longo da prova. Ao contrário da maioria, a parte que mais gostei foi subir a Almirante Reis, também ajudou e motivou ter a minha família nessa zona”.
Já tem data marcada para a sua próxima maratona. Será no Campeonato Europeu de Estrada em 2025, aberto aos corredores populares e que terá lugar em Bruxelas em 12 e 13 de Abril. Pedro Vieira terá então a participação dos seus dois filhos na prova de dez quilómetros, também aberta a todos.
“Sendo um atleta de amador que não corre grande coisa, foi muito gratificante ter recebido esse prémio (Atleta do Ano) atribuído pelos meus companheiros de equipa”
Evolução de uma hora na maratona em seis anos!
Pedro Vieira teve uma grande evolução na maratona em apenas seis anos. Como referimos acima, a sua estreia na distância foi em 2011, em Lisboa, tendo terminado em 3h57m46s. “Arranjei um plano de treinos na internet, treinava três vezes por semana e principalmente sozinho”.
Em 2013, cinco meses depois de estar a treinar com o GFD Running e a seguir o plano de treinos de António Sousa, correu a Maratona de Metz em 3h26m26s. Foram cinco meses de treino planeado com uma evolução bem visível.
Nos anos seguintes, foi sempre melhorando os tempos, até que em 2016, baixou pela primeira vez das três horas. Foi em Sevilha, onde cortou a meta em 2h58m25s. No ano seguinte, bateu novamente o seu recorde pessoal na Maratona de San Sebastian com 2h57m01s.
Após a pandemia, não voltou a treinar com a mesma regularidade com que o fazia antes. Continua a correr maratonas, mas os tempos pioraram, principalmente devido à falta de treinos.
Circuito completo das World Marathon Majors
Pedro Vieira é um dos poucos portugueses que já completou o Circuito das World Marathon Majors. Levou sete anos e meio para o fazer, desde Berlim 2015 a Tóquio 2023. A sua melhor marca foi obtida em 2018 quando correu em Chicago em 2h57m14s.
27/09/2015: Berlim 03:03:58
17/04/2017: Boston 03:04:19
07/10/2018: Chicago 02:57:14
03/11/2019: Nova Iorque 03:10:10
03/10/2021: Londres 03:12:57
05/03/2023: Tóquio 03:10:29
Sim ao Trail
Pedro Vieira já participou em vários trails e gostou da experiência. “Gosto muito de correr em trilhos. Nos últimos anos, por falta de tempo, só muito raramente faço, mas pretendo continuar a fazer”.
“O futuro do atletismo de alta competição não me parece nada risonho. Devido à falta de apoios a vários níveis, de incentivos e existirem muitas modalidades mais apelativas para os jovens”
Momento marcante da carreira desportiva
Pedro Vieira recorda um momento marcante na sua carreira desportiva. Foi quando recebeu o prémio de Atleta do Ano no GFD Running. “Sendo um atleta de amador que não corre grande coisa, foi muito gratificante ter recebido esse prémio atribuído pelos meus companheiros de equipa, num ano em tive uma grande evolução. Foi quando fiz pela primeira vez, menos de três horas na maratona”.
Ski como alternativa ao atletismo
No mundo das corridas, aprecia particularmente a interajuda e apoio entre os companheiros de treino. “Já apoiei e fui apoiado em muitas corridas”.
E se não estivesse no atletismo, qual a modalidade que gostaria de ter seguido? Não hesita na resposta: “Ski, pelo facto de gostar muito de montanha e neve, mas como não há neve em Portugal…”
Com a paixão da corrida, pensa correr enquanto o seu corpo aguentar. “É uma atividade de que gosto muito”. Não dispensa os exames médicos anuais de rotina e quanto a lesões, foi visitado por elas nos últimos anos, embora sempre sem gravidade (tendinites, contraturas). “A idade, uma vida profissional muito sedentária e por vezes dormir pouco, não ajudam”.
Tem os devidos cuidados com a alimentação, não só no dia a dia, mas também antes e depois dos treinos e provas. Já teve acompanhamento de nutricionistas, o que também o ajudou na sua evolução.
“Devem ter mais atenção à hora de início das provas. Há muitas provas a começar às 9:30/10:00 na primavera, outono e até no verão”
Atletismo com futuro sombrio em Portugal
Pedro Vieira encara o futuro da modalidade com alguma apreensão. “O futuro do atletismo de alta competição, não me parece nada risonho. Devido à falta de apoios a vários níveis, de incentivos e existirem muitas modalidades mais apelativas para os jovens”. Já a nível popular, mostra-se mais otimista. “Há cada vez mais gente a correr e muitas provas, em estrada e trail”.
Atenção aos horários das provas
Quanto a sugestões para uma melhor organização das provas, chama a atenção para os horários das provas. “Devem ter mais atenção à hora de início das provas. Há muitas provas a começar às 9:30/10:00 na primavera, outono e até no verão”.