O Penta Clube da Covilhã foi fundado em 2010. Nuno Gravito é o presidente do clube que tem nove Secções em funcionamento. O atletismo conta com 90 atletas, alguns deles, campeões nacionais e internacionais. O orçamento da Secção ronda os dez mil euros anuais.
O atletismo sempre esteve presente desde a fundação, tendo-se tornado uma modalidade autónoma em 2014. O clube tem cerca de 400 sócios, dos quais, 200 ativos, pagando uma quota anual no valor de 12 euros.
Tem a sua sede, cedida em protocolo com a Câmara Municipal da Covilhã. Com nove Secções em atividade, movimenta 150 praticantes federados e não federados: Pentatlo Moderno, Atletismo, Natação, Esgrima, Tiro, Hipismo, Trail & Sky Running, Triatlo/Duatlo e Desporto Adaptado.
O professor Amaro Teixeira, também ele atleta, é o responsável da Secção de Atletismo que conta com 90 atletas federados e não federados que participam em provas de estrada, pista, corta-mato e trail.
Da pista à estrada e montanha
O Penta Clube da Covilhã tem participado nos Campeonatos Regionais e Nacionais. A nível regional, a participação tem sido maior na estrada, sendo habitualmente, o clube com mais participantes.
Nas provas de pista, tem tido alguns atletas que participam, mais como preparação para outras competições nacionais ou então, à procura de se apurarem, por exemplo, para o Olímpico Jovem.
O clube tem organizado vários eventos na área do Laser Run e Pentatlo Moderno, sendo o atletismo uma parte fundamental em ambas. No entanto, não tem organizado nenhum evento exclusivo no atletismo.
Multa da Federação leva a ausência nos Nacionais de Clubes
A nível nacional, o clube tem tido alguns atletas que têm conseguido atingir os mínimos de participação para os Campeonatos Nacionais de pista no seu escalão. O clube também participava regularmente nos Campeonatos Nacionais de Clubes, mas esta época, com as novas regras da Federação que impunham multas aos clubes que não tivessem vários atletas a atingir as marcas de pontuação, foi decidido não participar.
“A pista de atletismo está já alguns anos à espera de obras de remodelação. Já não tem condições por exemplo, para o uso de sapatilhas de bicos”
No pódio da Milha e Montanha
Para além da pista, o clube tem participado regularmente nas competições nacionais de estrada, corta mato, montanha e trail.
Já esta época, a equipa sénior feminina obteve um excelente terceiro lugar nos Nacionais da Milha e nos Nacionais de Montanha Up Hill.
Outro facto positivo foi a participação pela primeira vez, nos Nacionais de Marcha de 10 km com um quarto lugar. A nível individual, vários atletas conseguiram pódios nos seus escalões.
No Trail
No Trail, o Penta Clube tem sido uma das poucas equipas a fechar coletivamente em pelo menos três Circuitos e a apresentar atletas em todos os seis Circuitos, com vários atletas a fazerem pódios nos seus escalões.
Ao nível do Skyrunning, pertencente a uma Federação diferente, a aposta tem sido nos Circuitos jovens e no Circuito de Corridas Verticais, onde já teve duas atletas a representar a seleção jovem de skyrunning.
Nos Masters
A nível do atletismo Master, teve este ano pela primeira vez na pista coberta, um vice-campeão nacional. Nos recentes Mundiais Masters, outro atleta conquistou dois títulos de vice-campeão do mundo na marcha atlética.
PENTA CLUBE DA COVILHÃ
Concelho: Covilhã
Ano fundação: 2010
Presidente: Nuno Gravito
Sócios: 400
Atletas: 90
Técnicos: 3
Orçamento: 10.000 euros
Ricardo Opinião destaca: Inês Reis e Laura Taborda, duas atletas que fizeram uma época como juvenis de 2º ano e alcançaram vários títulos nacionais, tendo a Inês ido à seleção e sido sexta nos 5.000 m marcha do 1º Campeonato da Europa de Juvenis em 2016. Outro nome a merecer destaque é João Bernardo que se iniciou no clube como infantil e quando era juvenil de 2º ano, também conseguiu alcançar os mínimos para os Campeonatos da Europa de juvenis, também na prova de marcha.
Desporto adaptado
O desporto adaptado também merece destaque através de Francisco Serra na marcha e de João Monteiro nas provas da meia maratona e corta-mato, tendo ambos também, já representado a seleção nacional de desporto adaptado.
No novo Campeonato Nacional de meia maratona o clube também teve Rodrigo Pepe no pódio no escalão sub-23.
Montanha/Trail
Na montanha, Miguel Gomes foi internacional júnior e vários jovens têm estado no pódio nos escalões juniores e sub-23, Maria Oliveira, Ana Oliveira, Mafalda Asiss, Lara Duarte, Mariana Reis, Jorge Sousa e José Trigo.
No Trail, além do segundo lugar da equipa no Circuito Nacional, o Penta Clube já teve quatro vencedores dos seus escalões no Circuito em que participaram, David Silva, Amaro Teixeira, Ana Oliveira e Lara Duarte
Ricardo Opinião destaca ainda Amaro Teixeira que já terminou por duas vezes a Ultra Maratona PT281km, a Algarviana Ultra Trail com 308 km, Oh Meu Deus Ultra Trail + Viriato com 200 km, por duas vezes e ainda, Terras de Ancião e Estrela Açor, ambas com 180 km.
Na Ultra Maratona PT281 km, o clube também participou nas estafetas com equipas de quatro e de dois elementos e em ambas, saiu vencedor com recordes da prova.
No Skyrunning, o clube já teve Ana Oliveira e Rita Mestre, no escalão de sub-23 a participar no Campeonato Mundial.
Masters
Nos Campeonatos Nacionais de Master, o clube estreou-se esta época nos pódios com Luís Correia nos 3.000 m marcha em pista coberta.
Mais recentemente, Amaro Teixeira voltou a estar em destaque. Na primeira participação nos Campeonatos Mundiais de Masters, foi segundo nos 10 km, 5.000 m e 20 km marcha atlética no escalão M35.
Os objetivos do clube para a próxima época passam como sempre, por formar novos atletas, estar presente nas várias competições nacionais e obter os melhores resultados possíveis, bem como possíveis representações nas seleções nacionais.
Para todo este trabalho com os atletas, o clube conta com três treinadores, Prof. Amaro Teixeira, Ricardo Opinião e Leandro Matias.
“Quando vamos observar as competições escolares e tentamos que venham experimentar os nossos treinos, os miúdos no geral já têm o seu horário cheio com outras atividades”
Orçamento anual de dez mil euros
O orçamento anual ronda os dez mil euros. Os apoios estatais são dados de forma genérica ao clube, de acordo com o Plano Anual de Atividades e Objetivos, em forma de contrato de programa de desenvolvimento desportivo com o Município da Covilhã, acoplado com os apoios anuais atribuídos pela União de Freguesias Covilhã e Canhoso e pelos privados.
A nível dos privados, os apoios angariados destinam-se às várias modalidades/secções, de acordo com as necessidades e orçamento definido.
Para equilibrar as contas, o clube conta também com a quotização do sócios, mensalidades e anuidades dos atletas, bem como angariações pontuais através de eventos e iniciativas.
Os subsídios vão sendo suficientes. Mas como diz Ricardo Opinião, “para que se possa almejar objetivos mais elevados, será necessário maiores financiamentos, de modo a viabilizar a contratação de atletas com índices competitivos mais elevados. Tentamos apostar num projeto que no futuro, possa gerar essa realidade de forma sustentada”.
Apoios aos atletas
No apoio aos atletas, o clube comparticipa nas inscrições, filiações, transportes, alojamento e alimentação, de acordo com os objetivos definidos para as respetivas competições, Circuitos e Campeonatos Distritais e Nacionais, sendo que algumas competições carecem de percentagens de apoio diferenciadas.
“Não estamos aqui para formar campeões mas sim pessoas que gostem daquilo que fazem. Depois então, é que surgem os resultados, sendo sempre mais importante a participação do que os resultados”
Dificuldade na captação de jovens e falta de infraestruturas
A situação também não está fácil no campo das infraestruturas. “Também é difícil, ainda mais devido ao clima de frio e chuva que se faz sentir. Por várias vezes, não temos um espaço coberto para que os mais jovens possam praticar, sem a preocupação de ficarem doentes, debaixo de condições climatéricas adversas”.
Já a pista de atletismo também está já alguns anos à espera de obras de remodelação. “Já não tem condições por exemplo, para o uso de sapatilhas de bicos”.
Quanto a estórias, elas não faltam. Como uma vez, quando os atletas que iam participar num Campeonato Nacional, se apresentaram no alojamento. Pouco depois, estavam a ligar ao responsável do clube, a contar que a reserva tinha sido feita para o dia seguinte. Valeu a boa vontade da rececionista, que permitiu a alteração da data e manter o valor.
Queda na vala de água impediu mínimos para o Campeonato da Europa
Laura Taborda sagrou-se campeã nacional de 2.000 m obstáculos em 2016, com mais de 30 segundos de avanço da segunda classificada. Mas foi uma vitória desoladora porque na última passagem pela vala de água, bateu no obstáculo e caiu lá dentro. Recomeçou a correr mas ficou a escassos cinco segundos dos mínimos para o Campeonato da Europa, na sua última oportunidade.
Não gostava da marcha mas experimentou e chegou a internacional
O iniciado João Bernardo gostava mais das corridas de meio fundo e queria ir ao Olímpico Jovem. Mas como não conseguia e não havia nenhum atleta do escalão que praticasse marcha atlética, ele concordou em treinar apenas cerca de um mês especifico para a marcha. Mas avisando que não queria dedicar-se aquela disciplina. Após a participação no Olímpico Jovem, em que foi quarto classificado a apenas quatro centésimos do terceiro, decidiu que afinal gostaria de treinar a marcha. Foi gradualmente aumentado o gosto pela disciplina e dois anos depois, já era internacional juvenil.
Quando uma soneca noturna num Ultra Trail deu a busca pelos bombeiros
Esta estória passou-se no Ultra Trail Oh Meu Deus. Amaro Teixeira, já depois de ter terminado os 160 km, seguiu para o percurso de + 40 km para ser Viriato. Chegou cinco minutos antes do tempo permitido para poder partir para estes 40 km e após 3 ou 4 km, como eram três horas da madrugada e estava com algum sono, ele deitou-se um pouco, usando os bastões como almofada, sem se aperceber que passaram uns 30 a 40 minutos. Como nestas provas, os atletas levam um tracker gps para se saber onde vão, a Organização já tinha enviado os bombeiros para ver o que tinha acontecido. Um pouco antes deles aparecerem, Amaro Teixeira continuou a prova e só mais tarde, é que se apercebeu que eles tinham ido à sua procura.
A importância da prática desportiva
A terminar, Ricardo Opinião quis deixar uma mensagem a todos os amantes da modalidade que reflete a filosofia do clube.
“Um dos aspetos importantes que queremos passar, é de que o desporto é muito importante para a formação de um jovem, mas é também importante para a rotina de qualquer pessoa e de qualquer idade. Não estamos aqui para formar campeões mas sim pessoas que gostem daquilo que fazem. Depois então, é que surgem os resultados, sendo sempre mais importante a participação do que os resultados”.