O pH do sangue varia entre 7,35 e 7,45. Porém, durante a atividade física intensa há uma maior produção de ácido lático. A boa notícia é que com o treino adequado, o organismo torna-se mais adaptado e, com isso, produz menos lactato do que os das pessoas destreinadas.
Estudos recentes mostram que a variação do pH em maratonistas e ultramaratonistas fica dentro da faixa normal. Ou seja, o pH sanguíneo de corredores treinados não é tão grande a ponto de justificar intervenções, como o consumo de alimentos ou bebidas especiais. A adaptação dá-se nos atletas de forma intuitiva, por meio do ajuste da velocidade da corrida, o que evita desequilíbrios ácidos básicos ou produção excessiva de ácido lático.
Assim, a probabilidade de uma acidose acaba sendo maior em corredores que fazem treinos muito curtos e de altíssima intensidade. A acidose é a condição em que o pH sanguíneo cai para menos de 7,35. Pode gerar fadiga, fraqueza muscular, dores abdominais, náuseas e vómitos. O atleta em acidose também pode ficar com a respiração mais rápida e difícil.
Teste de lactato
Se você que isto pode estar a acontecer-lhe, peça ao seu treinador (se o tiver …) ou a um médico para avaliar o resultado do seu teste de lactato. Três a quatro minutos após a corrida, uma gota de sangue deverá ser tirada da ponta do dedo e analisada num aparelho portátil (como aqueles utilizados para avaliar a quantidade de açúcar no sangue dos diabéticos). Em geral, quanto maior é o nível de lactato após o treino, mais dificuldade o atleta está tendo para se adaptar ao exercício, mais ácido o sangue está ficando e mais difícil será terminar bem uma prova.
Neste caso, o que deve ser feito? Uma das estratégias é treinar com maior regularidade. Outra opção é fazer modificações na dieta. O problema é que o efeito de um alimento ou uma bebida não é tão direto no nosso organismo. Por exemplo, o limão tem pH ácido, mas o seu efeito no corpo é alcalinizante, devido à grande quantidade de sais minerais (como potássio e magnésio) presentes na fruta. Já as carnes têm pH alcalino, mas o efeito no corpo é acidificante. Isto dá-se pelos produtos metabólicos gerados quando os aminoácidos caem na corrente sanguínea, gerando amónia, composto que na verdade acidifica o sangue.
Efeitos controversos
Os efeitos da água alcalina também se mostram bastante controversos. Apesar de ter gerado um burburinho enorme na internet, com alegações de propriedades mágicas, que vão desde a cura do cancro até à melhoria da performance atlética, os estudos não foram capazes de demonstrar tais efeitos. O nosso corpo possui formas de se reequilibrar. Nada demais parece adequado, nem o consumo apenas de água alcalina. No caso do cancro, existem estudos clássicos mostrando que os ácidos não são assim tão vilões. Por exemplo, o uso de vitamina C (ácido ascórbico) acidifica as células cancerígenas, reduzindo-as no tamanho.
O consumo exclusivo de água alcalina também poderia dificultar a recuperação e o reparo muscular. Isto porque ela pode modificar o pH naturalmente ácido do estômago, dificultando a digestão de proteínas.
O uso da água alcalina parece muito mais uma jogada de marketing do que algo essencial à saúde. Por isto, a melhor estratégia continua sendo aumentar o consumo de alimentos ricos em magnésio, potássio e cálcio. Estes minerais estão amplamente presentes no reino vegetal. Recomenda-se, para alcalinização do sangue, a ingestão de seis porções diárias de castanhas, frutas, verduras e temperos naturais.
Para quem não tem o tal filtro alcalinizante e não consegue ou gosta de consumir tantos vegetais, uma boa alternativa é deitar gotas de limão ou laranja na água filtrada que irá beber. Outra estratégia é diluir 1/2 colher de chá de bicarbonato de magnésio ou bicarbonato de potássio em 4 litros de água e tomar durante o dia.