Cinquenta anos depois de inscrever-se na corrida e de um funcionário ter tentado expulsá-la, Kathrine Switzer foi a “vedeta” da prova: “Tinha confiança na minha força”
Em 1967, uma imagem chamou a atenção do mundo. Inscrita com o nome “K. V. Switzer”, uma jovem de 20 anos era empurrada para fora da Maratona de Boston por um funcionário do evento. O motivo? Até então, a prova era restrita a homens. A luta pela igualdade de género, tornou Kathrine Switzer um ícone nos Estados Unidos. Cinquenta anos depois, a americana voltou a correr a mesma prova, roubando a cena no evento realizado nesta segunda-feira. Aos 70 anos, ela tentou explicar o episódio que a tornou famosa.
– “As mulheres eram consideradas muito frágeis para disputar a Maratona de Boston naquela época, então só os homens se podiam inscrever. Eu tinha treinado forte e achava que tinha condições de participar. Mas um funcionário descobriu-me no meio da prova, empurrou-me para fora e eu só consegui continuar porque o meu namorado me ajudou a seguir em frente” – disse Kathrine ao New York Times.
A americana completou então a prova em 4h44m31s. As mulheres só começaram a correr a Maratona de Boston a partir de 1972. Ao longo dos seus 70 anos, Kathrine participou em 39 maratonas, tendo vencido em Nova York em 1974. A atleta não participava na Maratona de Boston desde 1976. Ontem, ela usou o mesmo número de dorsal – 261 – da icónica foto de 1976. Antes do início da prova, ela deu o tiro de partida da prova das mulheres.
– “As pessoas têm informações erradas sobre a minha participação em 1967. Dizem que me disfarcei, não aconteceu isso. Eu estava usando roupas de moletom cinza como todo o mundo. Todos os homens que corriam próximos de mim, sabiam que eu era uma mulher” – lembrou.
Questionada sobre se a inscrição “K. V. Switzer” tinha sido propositada para não ser notada, ela tratou de se justificar:
– “Muitos acharam que só usei as iniciais do meu nome de propósito. Não foi nada disso. Eu assino com as minhas iniciais desde os 12 anos. Eu queria ser uma jornalista desportiva e Kathy Switzer não era o melhor nome para a profissão. Daí, eu ter pensado em adotar uma assinatura parecida com a das escritoras J. D. Salinger e T. L. Eliot. Foi só isso que aconteceu” – explicou Kathrine, que era estudante de jornalismo quando correu a Maratona de Boston de 1967.
Bem Beach acaba a sua 50ª maratona seguida em Boston
Também Ben Beach mereceu o devido destaque. Aos 67 anos, ele não falhava desde há 50 edições. Apesar de sofrer de distonia na sua perna esquerda há 15 anos, Beach nunca deixou de correr. Ele terminou agora a maratona em 5h01m26s e correu com um cartaz que dizia “Armas não”. No seu horizonte, está agora Johnny Kelley que correu 58 vezes a prova entre 1933 e 1992 mas não de forma consecutiva.