A apertada chegada dos 100 metros nos Jogos Olímpicos de Los Angeles de 1932, não poderia ter sido mais apropriada para a estreia de um recurso revolucionário para o atletismo: o photo finish. Os norte-americanos Ralph Metcalfe e Eddie Tolan cruzaram a linha da meta quase ao mesmo tempo, aparentemente com pequena vantagem para o primeiro, então considerado o homem mais rápido do mundo. Foram necessários sete juízes e algumas horas para que Tolan fosse declarado campeão, na primeira decisão baseada em imagens que ficaram na história dos Jogos Olímpicos.
“Demorou mais do que o costume para tomarem a decisão oficial e eu nunca me convenci de que fui derrotado”, costumava dizer Metcalfe. Este, não estava sozinho: espectadores e especialistas também dicaram surpreendidos com o resultado. Conhecido por impor pressão no final das provas, o sprinter vinha pouco atrás de Nolan nos últimos metros e lançou-se à frente num último esforço para alcançar o rival, parecendo cortar a meta em primeiro lugar.
“Se ver aquele final, é muito difícil perceber que Metcalfe não tenha vencido. Naquele tempo, a conceção era de que a vitória era de quem cortava a meta antes”, lembra o velocista americano Lindy Remigino, campeão olímpico em Helsínquia 1952, numa decisão também baseada no photo finish.
De acordo com o historiador David Wallenchinsky, Eddie Tolan não parecia à primeira vista, capaz de parar o homem mais rápido do mundo à época. O seu talento, no entanto, ficou claro em Los Angeles: além dos 100 m, Tolan ganhou a medalha de ouro nos 200 m.
“Ele era incomumente baixo, usava óculos, o qual fixava com fita adesiva, e mascava chiclete durante a corrida”, descreveu Wallenchinsky.
Embora sem a componente tecnológica, Metcalfe voltaria a sofrer outra deceção na edição seguinte dos Jogos Olímpicos de Berlim 1936. Dessa vez, não foi preciso recurso ao photo finish para confirmar a vitória de Jesse Owens.
A redenção de Metcalfe, que se tornaria um respeitado congressista após a retirada das pistas, surgiu na estafeta 4×100 m em Berlim 1936, quando ele conquistou a sonhada medalha de ouro olímpica.