A Pubalgia não se refere a nenhuma patologia em específico. Trata-se de um quadro que pode ter na sua origem, desequilíbrios musculares e articulares, podendo gerar dor na virilha e na região central do osso púbis, com irradiações dolorosas para os adutores, abdominais e para as arcadas crurais. Estas irradiações não são constantes, podendo ser agravadas por repercussões viscerais, bexiga, intestino ou estomago.
Mecanismos de lesão e causas
É de causa multifatorial. Não é possível atribuir uma causa única. Geralmente está associada à sobrecarga de exercícios, desequilíbrios musculares, encurtamento muscular, redução de mobilidade das articulações coxa-femoral e sacroilíaca, microlesão no adutor, enfraquecimento da parede abdominal, entre outros.
Os mecanismos de lesão podem incluir alterações rápidas de direção, movimentos repetidos de corrida, desequilíbrios musculares, traumas diretos, diferenças no comprimento dos membros inferiores, prática desportiva em pisos duros, uso de calçado inadequado e excesso de treino.
No atletismo, os atletas de longa distância têm mais predisposição para o problema, devido ao impacto prolongado, que pode levar a alterações da sacroilíaca, isquiotibiais, e rotadores internos da coxa.
É mais frequente em homens do que em mulheres, devido às suas diferenças anatómicas e biomecânicas nessa região do corpo (a bacia da mulher adapta-se melhor aos impactos no desporto).
Sinais e Sintomas
● Dor persistente na virilha durante a corrida, exercícios abdominais e agachamentos, que raramente é impeditiva, mas poderá ser bastante desconfortável.
● Dor na virilha que se desenvolve gradualmente, podendo ser confundida com uma lesão muscular. ● Em casos graves pode provocar claudicação.
● A dor pode irradiar para o períneo e testículos e pode causar lombalgia quando associada a uma lesão da sacroilíaca.
Diagnóstico da Osteopatia na pubalgia
Podem diagnosticar-se dois tipos de pubalgia: traumática e crónica.
Para o diagnóstico osteopático, é necessário verificar se há alterações musculares, restrições na mobilidade da bacia, da coluna lombar e dos membros inferiores.
O diagnóstico é confirmado por radiografia da zona pélvica e ressonância nuclear magnética às partes moles.
Tratamento e prevenção
Quando for diagnosticado e tratado, o atleta não fica impedido de fazer corrida, tendo apenas o seu treino modificado até à recuperação total. No entanto, na fase inicial, não deve correr se tiver dor. Quanto mais precoce for o tratamento, menor será o tempo de recuperação. O tempo de afastamento da corrida depende de cada caso.
O tratamento de osteopatia no desporto, consiste em diminuir a dor e a inflamação, aumentar a resistência do tendão ou tendões acometidos, restabelecer o equilíbrio muscular e melhorar a estabilidade da coxafemoral e da coluna. Para tal, podem utilizar-se várias técnicas osteopáticas, além de orientações gerais sobre exercícios e posturas a adotar, para melhorar os sintomas e prevenir os mesmos.
É recomendada a aplicação de gelo, durante 15 minutos, no local da dor, duas a três vezes por dia, desde o início do aparecimento da dor até ao final do tratamento.
Muitas vezes, após a realização do tratamento de osteopatia, no retorno à corrida, pode haver um pouco de dor durante a sua prática, mas essa dor pode ser descrita mais como um incómodo do que dor. A musculatura acometida precisa de um tempo de adaptação, o que justifica esse incómodo, bem diferente da dor durante a pubalgia.
Nesta fase o atleta deve fazer uma corrida gradual e com poucas irregularidades no tipo de piso em que corre. É importante fazer um aquecimento antes da corrida, ter uma postura adequada e alongar após a mesma. Igualmente importante, deve fazerse fortalecimento muscular.
Conclusão
A pubalgia no atletismo é mais frequente nos atletas fundistas. O conhecimento da sua fisiopatologia e dos factores de risco associados ao seu desenvolvimento é essencial para a sua prevenção e tratamento, tal como de outras alterações músculoesqueléticas, que podem derivar da mesma.
Aconselho todos os leitores a valorizarem os seus sintomas, que podem ter como causa a pubalgia, não esquecendo que o corpo trabalha como um todo.