Foram bem positivos os Campeonatos de Portugal, inexplicavelmente realizados em cinco pistas diferentes, o que deu origem a um ou outro título (com ventos à mistura) bastante discutíveis. Mas esquecendo isso, a disputa de algumas provas alternativas sem sentido e a falta de campeões sub’23, acabaram por ser uns campeonatos bem positivos, tanto mais que caíram dois recordes nacionais (um absoluto e outro de sub’23) e quatro recordes dos campeonatos; registaram-se diversas melhores marcas nacionais do ano; houve atletas a somar mais títulos nacionais aos seus já bem ricos palmarés; e não faltaram as surpresas.
RECORDES NACIONAIS
Auriol Dongmo brilhou a grande altura, com os seus 19,53 no peso, marca de grande classe mundial e que melhora pela sétima vez o recorde nacional (três em pista coberta, quatro ao ar livre), desde os 18,02 de janeiro aos 19,27 de junho.
O outro recorde foi batido por Gerson Baldé que, ao conseguir 2,23 na altura, melhorou o máximo sub’23 que pertencia a Tiago Pereira (desde 2015) e ao próprio Gerson (desde este inverno, em pista coberta), com 2,21.
RECORDES DOS CAMPEONATOS
Foram nada menos de quatro os recordes batidos. Para além dos dois recordes nacionais, também melhoraram recordes Leandro Ramos (dardo) e Cátia Azevedo (400 m). Vejamos um a um:
Altura (M) – Gerson Baldé (Benfica) 2,23
(antes: Paulo Conceição 2,19 em 2019)
Dardo (M) – Leandro Ramos (Benfica) 75,78
(antes: Tiago Aperta 73,09 em 2012)
400 m (F) – Cátia Azevedo (Sporting) 52,70
(antes: Lucrécia Jardim 52,90 em 1996)
Peso (F) – Auriol Dongmo (Sporting) 19,53
(antes: Jéssica Inchude 17,35 em 2019)
Um quinto recorde esteve quase a cair: Tsanko Arnaudov, com 20,77, ficou a dois centímetros da sua marca de 2017.
OS MAIS CAMPEÕES
Há uma série de atletas já com numerosos títulos nacionais, a começar por João Vieira, que somou o seu 20º em pista… em 41 campeonatos com provas de marcha! No setor feminino, destaque para Vânia Silva, que já soma 19 títulos no martelo (em 29 campeonatos com esta prova) e igualou Adília Silvério que tem 19 títulos no peso e era até agora, a atleta mais vezes campeã numa só prova. Vânia Silva tem um outro recorde: já foi campeã do martelo 16 anos consecutivos.
Vejamos a lista dos atletas com mais títulos numa mesma prova:
João Vieira 20 marcha
Vânia Silva 19 martelo
Patrícia Mamona 12 triplo
Ana Cabecinha 10 marcha
Marcos Chuva 9 comprimento
Vera Barbosa 8 400 barreiras
Anabela Neto 7 altura
- Ricardo Santos 6 400 m
Tsanko Arnaudov 6 peso
Marta Onofre 6 vara
André Pereira 5 obstáculos
Salomé Afonso 5 800 m
Joana Soares 5 obstáculos
Lorène Bazolo 5 100 m
Evelise Veiga 5 comprimento
Lorène Bazolo 4 200 m
Olímpia Barbosa 4 100 barreiras
Nesta lista, deveria estar Irina Rodrigues, mas falhou (para já…) aquele que seria o seu 11º título no disco, batida que foi por Liliana Cá, que fora campeã em 2009 e 2010 e regressou agora, dez anos volvidos!
Algumas outras curiosidades: Anabela Neto (altura – 7 vezes), Marta Onofre (vara – 6 vezes) e V. Ricardo Santos (400 m – 4 vezes) tornaram-se os atletas mais vezes campeões nas suas provas. Joana Soares (obstáculos – 5 vezes) igualou a líder da prova, Clarisse Cruz. Marcos Chuva (comprimento – 9 vezes) e André Pereira (obstáculos – 5 vezes) estão apenas a um título dos atletas mais vezes campeões nessas provas, os históricos Álvaro Dias e Joaquim Ferreira, respetivamente.
ESTREANTES
Foram nada menos de 13, os atletas que se estrearam a conquistar títulos nacionais absolutos, dos quais 10 no setor masculino (em 19 provas…). Ei-los:
Masculinos: José Pedro Lopes (100 m), Frederico Curvelo (200 m), Nuno Pereira (800 m), Isaac Nader (1500 m), João Oliveira (110 bar.), Edgar Remédios (400 bar.), Gerson Baldé (altura), João Pedro Buaró (vara), Ruben Antunes (martelo) e Leandro Ramos (dardo).
Femininos: Mariana Machado (3000/5000 m), Auriol Dongmo (peso) e Inês Pires (pentatlo/heptatlo).
JOVENS
De entre os 38 campeões, houve dois que ainda são juniores – João Pedro Buaró (vara) e Inês Pires (pentatlo); e sete sub’23, quatro dos quais ainda de 1º ano – Nuno Pereira (800 m), Gerson Baldé (altura), Leandro Ramos (dardo) e Mariana Machado (3000 m). Os restantes sub’23 são Isaac Nader (1500 m), Ruben Antunes (martelo) e Claúdia Ferreira (dardo), sendo esta a única que sobe a sénior em 2021.
NÍVEL
Comparando as marcas dos campeões e dos terceiros classificados (a fechar os pódios) com as de 2019, verifica-se que o campeonato masculino teve um nível muito idêntico ao do ano passado, o que é bastante positivo face às dificuldades encontradas pelos atletas para se prepararem nos últimos meses e a curta época de provas que existiu. Dos campeões, 8 foram agora melhores e 7 piores (há quatro provas diferentes). Entre os terceiros, houve 7 melhores, 7 piores e igualdade no salto em altura.
O setor feminino teve resultados um pouco piores este ano: 5-10 entre as campeãs; 4-11 entre as terceiras.
CLUBES
Como era expetável, o Benfica, no setor masculino, e o Sporting, no feminino ganharam a larga maioria dos títulos. Nos homens, 12 para o Benfica, 5 para o Sporting, 2 para o Estreito. Nas mulheres, 14 para o Sporting e um para outros cinco clubes. O Benfica não conquistou qualquer título feminino!…
AUSÊNCIAS
Como sempre, há a lamentar algumas ausências, a maioria por motivos físicos mas também algumas de atletas que tinham por obrigação estar presentes, dado tratar-se da principal competição nacional. Eis os principais ausentes:
Masculinos: Diogo Antunes, Raidel Acea, Mauro Pereira, Paulo Rosário, Paulo Conceição, Victor Korst, Edi Maia, Nelson Évora, Pedro Pichardo, Francisco Belo, Miguel Rodrigues, Miguel Carvalho.
Femininos: Marta Pen (nas suas provas), Carla Mendes.