A Human Rights Watch, uma ONG dos Direitos Humanos, criticou a proibição do Tribunal Arbitral do Desporto relativa à sul-africana Caster Semenya. Segundo a ONG, todo o ser humano tem o direito de controlar o próprio corpo e não precisar de medicamentar-se para manter os níveis de testosterona.
“É profundamente dececionante ver o TAS apoiar normas que transgridam os padrões internacionais de direitos humanos”. Foi assim que a diretora-executiva da Human Rights Watch (HRW), Liesl Gerntholtz, classificou a decisão do TAS.
Para a Human Rights Watch, “Ao investigar e excluir mulheres concorrentes com base nos seus níveis hormonais naturais, os regulamentos da IAAF estigmatizam, estereotipam e discriminam todas as mulheres. As mulheres com variações intersexuais têm o mesmo direito à dignidade e controle sobre os seus corpos do que outras mulheres, e é profundamente dececionante ver os regulamentos da TAS desrespeitarem os padrões internacionais de direitos humanos – disse Liesl, no comunicado.
Caster Semenya também já reagiu à decisão do TAS. A sul-africana divulgou uma nota nesta quarta-feira expressando seu descontentamento com a derrota no Tribunal e afirmando que não vai abandonar o desporto. Ela afirmou que a decisão de obrigá-la a tomar hormónios para continuar a competir com as outras mulheres, é uma perseguição da IAAF.
– “Eu sei que as regras da IAAF sempre me tiveram especificamente como alvo. Durante uma década, a IAAF tem tentado deixar-me mais lenta, mas isso na verdade, fortaleceu-me. A decisão do TAS não me vai parar. Eu vou novamente ressurgir e continuar inspirando jovens mulheres e atletas na África do Sul e no mundo todo”, afirmou a bicampeã olímpica, em nota divulgada pelos seus advogados.
Também o governo sul-africano já reagiu através do Ministro do Desporto, Tokozile Xasa. “ Naturalmente, estamos desapontados com o julgamento. Vamos estudar a decisão, considerá-la e determinar um caminho a seguir. Como governo sul-africano, sempre mantivemos que esses regulamentos atropelam os direitos humanos e a dignidade de Caster Semenya e de outras mulheres atletas”
Na sua decisão, o TAS considerou a regra da IAAF discriminatória, mas apoiou o argumento de que tal discriminação é necessária para garantir condições iguais de competição entre as mulheres.
Semenya e as outras atletas na mesma situação, não poderão assim competir internacionalmente em provas até à milha.