Ele há recordes para tudo e o atletismo não é exceção à regra. Para muitos maratonistas, superar a barreira das três horas é um objetivo supremo. Há dias, em Winnipeg, Estados Unidos, Steffan Reimer decidiu realizar o mesmo feito. Só que havia um grande handicap, ele ia correr a maratona a driblar uma bola de basquetebol.
O professor de Educação Física de 32 anos completou a Maratona de Manitoba em 2h50m33s, batendo o anterior recorde mundial de 3h00m25s, estabelecido em 2017 por Raphael Igrisianu.
Durante a pandemia de COVID-19 e face ao cancelamento de todas as provas, Reimer pensou num objetivo para perseguir e pensou que seria divertido tentar algo diferente.
“Na verdade, fiquei meio com medo de dizer aos meus outros amigos que corriam que faria algo peculiar como isto, porque sabes como os corredores podem ser puristas”, disse Reimer ao Runner’s World. “Mas tornou-se algo muito divertido.”
Reimer, que tem um recorde pessoal de 2h36m na maratona, sabia que era capaz de superar o recorde de Igrisianu de 2017. Era só uma questão de treinar bem e fazer tudo certo no dia da prova.
Reimer sabia como treinar para uma maratona em menos de três horas. Como professor de educação física na Mitchell Elementary School de Blumenort, ele também se sentia à vontade para driblar uma bola de basquetebol. Mas driblar e correr num ritmo constante ao mesmo tempo? Isso levaria algum tempo a acostumar-se. Ele começou a treinar algumas vezes por semana com uma bola nas mãos.
Na manhã da prova, teve uma percepção infeliz. “Tenho a minha lista de tudo o que normalmente levo para uma prova, então não me esqueço de nada”, disse Reimer. “Eu tinha-me esquecido de escrever basquetebol nessa lista!”
Mesmo que Reimer tivesse uma bola de basquetebol velha e suplente com ele, correu até casa para trazer a nova bola de basquetebol específica para o dia da prova, chegando à linha de partida com tempo suficiente para fazer um aquecimento.
Às 8 horas, foi dado o tiro de partida e começou o ataque de Reimer ao recorde. Durante qualquer maratona, existem regras que os participantes devem seguir. Neste caso, Reimer tinha aros extras para saltar para garantir que o Guinness ratificasse o seu recorde mundial.
Ele teve toda a prova filmada, só para garantir a legalização do tempo que fizesse. Um árbitro de basquetebol certificado pela FIBA seguiu-o numa bicicleta para se certificar de que não havia violações de dribles. No entanto, apesar de todos esses preparativos, a corrida não saiu completamente como tinha sido planeado.
Invernos rigorosos em Winnipeg danificam todos os anos as estradas, deixando rachas no pavimento. Steffen notou também que havia muitas poças. Ele tinha que se concentrar para garantir que a bola não batesse numa racha ou respingasse numa poça, o que lhe custaria um tempo valioso.
Postos de abastecimento também se mostraram um desafio. Durante a maior parte da prova, Reimer faria um drible cruzado, mudando de uma mão para a outra. Mas ao receber os abastecimentos, ele teria que mudar para um drible com uma única mão. Além disso, o filho de 10 anos de Steffan e a filha de 8 anos entregaram ao seu pai frascos e géis durante o percurso – algo que eles praticaram nos dias anteriores, para que pudessem fazer parte da sua conquista.
Com tanto foco no drible, Reimer mal conseguia prestar atenção a algo mais. “As pessoas estão à margem, apoiando e torcendo por ti, mas tive dificuldade em olhar para reconhecê-las, só porque tive de me concentrar no posicionamento da bola.”
Perto do fim, além da fadiga normal da maratona, ele sentiu uma dor diferente do normal. “As pernas estavam boas. A mente estava boa ”, disse ele. “Mas os meus braços não estavam tão altos quando eu estava a driblar.”
Reimer cruzou a meta em 2h50m33s, menos dez minutos que o recorde anterior. Agora, ele só precisa de esperar que seja oficialmente ratificado pelo Guinness, o que pode levar entre alguns meses a um ano.