Como já divulgámos em anterior artigo no dia 24 (https://revistaatletismo.com/wp-admin/post.php?post=34168&action=edit), o norte-americano Jim Walmsley falhou este fim de semana, o assalto ao recorde mundial dos 100 km por escassos 12 segundos, em iniciativa do Project Carbon X 2 100 km.
Uma análise aos tempos de passagem de Walmsley e do ainda recordista mundial, o japonês Nao Kazami, mostra duas estratégias de corrida diferentes. Kazami a correr forte na primeira parte e a desacelerar na segunda metade e Walmsley a correr a primeira parte de forma mais conservadora, tentando depois uma segunda parte mais rápida. Ambos tiveram partidas relativamente lentas. Kazami passou aos 10 km em 36m20s e Walmsley em 36m50s. Aos 50 km, Kazami projetava um recorde mundial com 6h04m10s e, Walmsley, uma marca de 6h08m30s.
A partir daí, eles trocaram, com Kazami a demorar 36m52s dos 50 para os 60 km e Walmsley, 36m22s. Este, manteve-se próximo deste ritmo até aos 80 km, começando depois a desacelerar por cada 10 km restantes até à meta. No caso de Kazami, ele teve uma quebra acentuada entre os 60 e 70 km, demorando então 37m46s antes de dar a volta à situação e correr mais rápido nas duas seguintes divisões de 10 km.
A diferença de andamento de ambos entre os 60 e os 80 km, significou que Walmsley passou à frente de Kazami pela primeira vez aos 80 km, momento em que ele ia mais rápido 35 segundos. Mas Walmsley começou então a quebrar e passou aos 90 km com apenas três segundos de vantagem de Kazami. Este desacelerou 46 segundos nos 10 km finais, correndo então os 10 km mais lentos, em 37m55s.
Isso significava que Walmsley tinha de correr os 10 km finais em 37m57s, para bater a marca de Kazami. Mas Walmsley fechou os últimos 10 km em 38m10s, insuficientes para derrubar o recorde de Kazami.
Para colocarmos a prova em termos de uma maratona, Walmsley correu a primeira metade no ritmo do recorde mundial, acelerou, começou a perder o ritmo aos 35 km, e não conseguiu aguentar-se o suficiente nos 4/5 km finais. Não foi exatamente uma surpresa. Se ele tem sido um pouco mais conservador no início dos segundos 50 km, ele pode ter sido capaz de se aguentar melhor nos últimos 20 km.
Deixemos para os experimentados ultramaratonistas as opiniões sobre as melhores estratégias que Walmsley poderia ter seguido. Em qualquer caso, foi um grande esforço de Walmsley que esteve perto do seu objetivo final.