O ultramaratonista russo Ivan Zaborskii fez história no Campeonato Mundial de 6 Dias GOMU 2025, disputado em Vallon-Pont-d’Arc, França, ao correr 1.047,554 km, novo recorde mundial. Mas o feito foi rapidamente ofuscado por imagens de Zaborskii a segurar a bandeira russa, gesto que gerou uma reação imediata na comunidade dos ultramaratonistas.
A bandeira que cruzou a linha
Após a prova, a atleta ucraniana Viktoriia Nikolaienko-Bryantseva expressou publicamente a sua consternação com a exibição nas redes sociais. Para muitos, especialmente aqueles de países afetados por conflitos a decorrer, os símbolos nacionais são tudo menos neutros. A presença da bandeira russa num campeonato internacional, especialmente num em que os atletas russos só podem competir sob uma designação neutra, foi vista por Nikolaienko-Bryantseva e outros, como uma violação do espírito da competição.

A Organização Global de Ultramaratonistas de Vários Dias (GOMU), que aprova o evento, emitiu rapidamente um comunicado reconhecendo o incidente. “Queremos reconhecer a importância da bandeira russa para os ucranianos; como Viktoriia observou, ela é mais do que apenas tecido”, disse Trishul Cherns, presidente da GOMU e figura histórica da ultramaratona. “Lamentamos profundamente a dor e a indignação que isso causou, justificadamente.”
Confiança, neutralidade e o papel do desporto
A GOMU enfatizou que os atletas russos estão autorizados a competir, mas apenas sob bandeira neutra e com uma expectativa clara: não exibir símbolos nacionalistas ou políticos. “Esperamos que todos os atletas que competem sob esta bandeira neutra honrem a confiança que depositamos neles”, continuou Cherns. “Isso foi uma violação dessa confiança.”
Embora a Organização tenha admitido que não agiu rapidamente no momento, descreveu a atmosfera da época como de foco coletivo nas incríveis conquistas humanas que se desenrolavam, conquistas que, por um breve período, fizeram com que as divisões parecessem menos importantes. Ainda assim, a GOMU comprometeu-se a garantir que tal incidente não se irá repetir, afirmando estar preparada para tomar medidas corretivas, incluindo a possível desclassificação, no futuro.
Uma corrida inesquecível por muitos motivos
A edição de 2025 do Campeonato Mundial de 6 Dias da GOMU foi inesquecível por mais do que apenas esta controvérsia. A norte-americana Megan Eckert, professora e treinadora do Novo México, tornou-se a primeira mulher a ultrapassar a marca das 600 milhas numa prova de seis dias, terminando com impressionantes 603,156 milhas (970,685 km). O seu recorde, assim como o de Zaborskii, aguarda homologação oficial.