O marroquino Said Aouita foi um dos maiores atletas do meio fundo de todos os tempos. Nascido em 2 de Novembro de 1959, destacou-se desde os 800 aos 5.000 metros. “Corri em muitas distâncias diferentes mas se tiver que escolher alguma, diria os 5.000”, disse Aouita numa entrevista, alguns anos depois de se ter retirado.
Segundo os analistas, ele correu entre 1983 e 1990, um total de 119 provas e venceu em 115!
Em criança, praticava outros desportos, particularmente o futebol. Na sua adolescência, emigrou para a França onde prosseguiu os estudos e se dedicou ao atletismo. A sua explosão no meio fundo verificou-se em 1983, nos 1.500 m do Mundial de Helsínquia. Foi uma corrida lenta, algo que não favorecia o marroquino que com o decorrer dos anos, demonstrou que o final não era o seu ponto forte. Obteve então uma medalha de bronze. Muito diferente da prova rápida nos JO de Los Angeles, que ele dominou de início ao final. Antes, disputou uma grande prova com o britânico Steve Cram, nuns brilhantes 1.500 m em Nice. Venceu Cram com novo recorde mundial, sendo Aouita segundo mas também baixando o anterior recorde mundial. Poucas semanas depois, o marroquino desforrou-se de Cram.
Não seria a sua única medalha olímpica pois ganhou uma de bronze nos 800 m em Seoul 1988. Então, uma lesão impediu-o de comparecer nos 1.500 m.
Para Aouita, Roma será sempre uma cidade especial. Foi lá que em 1987, alguém conseguiu baixar pela primeira vez dos 13 minutos aos 5.000 m. Aouita fez 12.58,39 e semanas depois, sagrou-se campeão mundial desta distância na capital italiana.
É ainda hoje, o único atleta que conseguiu baixar de 1m44s aos 800 m, de 3m30s aos 1.500 m e de 13m00s aos 5.000 m. É um ídolo no seu país, o comboio que liga as cidades de Casablanca e Rabat tem o nome de Aouita em sua homenagem, entre outras condecorações.
Alguns dos grandes rivais da sua época dourada foram os britânicos Steve Cram e Steve Ovett. “Nesses anos, viram-se as melhores corridas de 1.500 e 5.000 m da história”, disse Aouita que conseguiu um total de cinco recordes mundiais na sua carreira: 1.500, 2.000, 3.000 e dois em 5.000 m.
Depois dos JO de Seoul 1988, começou a ter fustigado pelas lesões e problemas físicos. Ainda assim, parecia que aguentaria outro ciclo olímpico mas antes de Barcelona 1992, teve outra lesão que o impediu de participar. Decidiu então abandonar a modalidade mas em 1995, esteve próximo de regressar. “Queria demonstrar que ainda era possível voltar a brilhar a nível internacional mas falhei. Equivoquei-me e decidi que era melhor não manchar o meu historial”.
Desde então, dedicou-se a ser treinador em países como o Qatar e Austrália, além de ser comentador na televisão de Marrocos (Al Jazeera) e trabalhar em várias instituições desportivas do país.
Durante a sua carreira e depois de algumas críticas sobre doping na sua etapa como treinador, Aouita disse que: “sempre houve doping no atletismo e aí estão as provas, mas progrediu-se muitíssimo e a técnica nos laboratórios para detetar os enganos”.
Outro dos grandes atletas da história do meio fundo, foi o seu compatriota Hicham El Guerrouj (45 anos), bicampeão olímpico (1.500 e 5.000 m) em Atenas 2004, que teve em Aouita o seu grande ídolo.
Com o decorrer dos anos, falou-se em Marrocos de uma possível inimizade entre eles que se teria suavizado ao longo do tempo. “Foi uma das grandes estrelas mundiais do atletismo e também dominou outra década. Teve mérito no que fez. Foi a minha perfeita alternativa em Marrocos. Melhor que eu? Cada um, aproveitámos o nosso momento e tivemos estilos diferentes”, disse Aouita numa entrevista em 2008.