Samuel Remédios foi a grande figura do Campeonato de Portugal, que este domingo terminou em Pombal, ao bater o recorde nacional do heptatlo (como prometia, depois de excelente jornada no sábado), o qual pertencia a Mário Aníbal (o seu treinador!), com 5930 pontos desde 2000. O atleta da Juventude Vidigalense (deixou esta época o Benfica) somou mais 50 pontos exatos (5980) e é agora (sem contar com este fim-de-semana) o 9º do mundo este ano, ficando a aguardar uma possível convocatória da IAAF para o Mundial de Birmingham.
Mundial onde estarão Tsanko Arnaudov, que confirmou grande regularidade, com mais três lançamentos acima dos 20 metros, o melhor dos quais a 20,57, recorde dos campeonatos; Lorène Bazolo, que juntou o título de 200 m ao de 60 m conquistado no sábado; e a Nelson Évora, o grande ausente deste campeonato.
Destaque ainda para mais algumas marcas que entram para o top’10 nacional de sempre: Lucinda Gomes (13,14) subiu a 5ª no triplo; Evelise Veiga (13,09) a 6ª no triplo; Francisco Curvelo (21,43) a 6º nos 200 m; e Hélio Vaz (7,94) a 7º nos 60 m barreiras.
O Sporting foi o grande dominador em termos de títulos: 7 masculinos e 11 femininos, contra 7 masculinos e um só feminino do Benfica. Dentro de uma semana é o campeonato de equipas e se no setor feminino não há qualquer dúvida quanto à superioridade do Sporting, no masculino o Benfica continua favorito mas alguns contratempos este inverno fizeram o Sporting aproximar-se… pelo menos.
Vejamos o que de mais relevante aconteceu prova a prova.
MASCULINOS
200 metros: Excelente Frederico Curvelo, a progredir de 21,69 para 21,43, marca que o coloca já como sexto português de sempre e próximo do recorde nacional sub’23 de Arnaldo Abrantes (21,22). Noutras séries, André Costa conseguiu 21,77 e Eduardo Sá 21,82, enquanto Carlos Nascimento (21,94) e Ancuiam Lopes (22,08) estiveram longe da valia nos 60 m.
800 metros: Bom despique entre João Fonseca (1.50,60 – melhor marca nacional do ano) e Sandy Martins (1.50,76) e bons progressos de Diogo Pinhão (1.51,23). Miguel Moreira ficou longe (1.53,90).
3000 metros: Sem primeiros planos, triunfou Nuno Lopes, com 8.18,51, um segundo apenas menos que o vencedor da série secundária, Bruno Moniz (8.19,57).
60 m barreiras: Despique renhido entre Rasul Dabo (7,92) e Hélio Vaz (7,94), este a melhorar o seu recorde pessoal em seis centésimos, sendo agora o 7º português de sempre.
Altura: Regresso de Paulo Conceição a bom plano, com 2,13, tentando depois 2,16 duas vezes, sem êxito. Marcos Maio igualou o seu recorde pessoal de ar livre, com 2,07, depois de duas tentativas falhadas a 2,03. Nelson Pinto fechou o pódio com um concurso “limpo” até 2,03, mas sem conseguir passar depois 2,07. Victor Korst, o melhor da época com 2,14, ficou-se pelos 2,03, falhando depois 2,07 (duas tentativas) e 2,10 (uma).
Comprimento: Superioridade de Miguel Marques, com 7,50 no 1º ensaio e 7,57 no 5º. Bruno Costa conseguiu a segunda posição no derradeiro ensaio, com 7,46, mais um centímetro que o progressivo Tiago Pereira (7,45 no 2º).
Peso: Tsanko Arnaudov continua em pleno e bateu o recorde dos campeonatos, fazendo mais um centímetro (20,57) que Marco Fortes em 2012, naquela que é a sua terceira marca de sempre em pista coberta, depois do recorde (21,08) em 2017 e dos 20,86 deste ano. Fez outros lançamentos a 20,46 e 20,23. Marco Fortes foi segundo (17,35) e Luís Melo bateu o seu recorde dos Açores, com 15,84, mais 13 cm que a sua anterior marca de pista coberta (em 2014) e mais 4 cm que o (também seu) anterior recorde absoluto (em 2013).
Heptatlo: Continuando a melhorar marcas relativamente ao seu anterior melhor decatlo (de 8,09 para 7,98 nas barreiras e de 4,85 para 5,00 na vara), Samuel Remédios chegou aos 1000 m finais com todas as condições para bater o recorde nacional. Bastava-lhe fazer 3.02,00, bem acima dos 2.46,15 conseguidos nesse heptatlo. Gastou 2.57,33, somou 5980 pontos e melhorou o recorde por exatos 50 pontos, fazendo quase 100 pontos mais que o seu recorde pessoal de 2016 (mais 91 pontos). O segundo foi Pedro Ferreira, que melhorou de 4848 pontos em 2017 para 5033.
4×400 metros: O Sporting apresentou uma equipa e ganhou com naturalidade e boa vantagem, em 3.18,86. E, assim, igualou o Benfica em número de título masculino: sete cada e um para a J. Vidigalense…
FEMININOS
200 metros: Bom despique entre Lorène Bazolo (24,15) e Rivinilda Mentai (24,36), embora a nota principal vá para os progressos de Rosalina Santos, de 24,75 para 24,16 noutra série, a qual, por ser ainda sul-africana, concorreu extra.
800 metros: Triunfo folgado (mas lento…) de Cátia Azevedo, que terminou em 2.13,53, quase três segundos à frente da surpreendente Carla Reis (2.16,35), que teve uns campeonatos de sonho, depois do triunfo nos 1500 m na jornada de sábado.
3000 metros: Sara Moreira não precisou de se empregar muito para ganhar à vontade, em (lentos para ela) 9.16,44. E Emília Pisoeiro juntou ao 3º lugar de 2017 um 2º lugar agora, em 9.29,77.
60 m barreiras: Triunfo folgado (e esperado) de Olímpia Barbosa, em todo o caso muito melhor na eliminatória – 8,38, a sua segunda marca de sempre, depois dos recentes 8,29 em França – que na final (8,58). As duas restantes atletas do pódio também fizeram melhor na eliminatória que na final: Mariana António 8,78 e 8,79; Cristiana Cunha 8,79 e 8,91.
Triplo: Emoção no final. Lucinda Gomes, que era terceira com 12,90, conseguiu 13,14 no último ensaio e passou para primeira e com novo recorde pessoal. A atleta, que iniciara a época com 12,72 como melhor e já progredira até 12,94, melhorou 20 cm e é agora a quinta portuguesa de sempre em pista coberta. Evelise Veiga, que tem 13,29 ao ar livre, conseguiu também as suas melhores marcas de sempre em pista coberta, com dois ensaios a 13,09, subindo a sexta de sempre. Shaina Mags fechou o pódio com 12,93.
Pentatlo: Lecabela Quaresma era a grande favorita e estava no caminho da vitória (8,61 nas barreiras, 1,74 na altura e 13,54 no peso) mas fez três nulos no comprimento e já não foi aos 800 m. O mesmo se passou com Catarina Fernandes, destinada ao 2º lugar e que também fez nulos no comprimento. E o triunfo acabou por sorrir a Bárbara Silva, que somou 3462 pontos…
4×400 metros: Larga superioridade (mais de 13 segundos!) do Sporting, com triunfo em 3.51,71… sem Cátia Azevedo. Alinhou com Dorothe Évora, Patrícia Lopes, Carina Pereira e Filipa Martins.
Resultados completos no site da F.P. Atletismo:
http://www.fpatletismo.pt/resultados-em-direto-campeonato-de-portugal-de-pista-coberta-0
“4×400 metros: Mais uma vez, as principais equipas não apostaram nesta prova e o triunfo acabou por recair na formação do Grecas, com 4.11,22.”
Isso foi a 1ª série. Na 2ª série o Sporting fez 3.51,71
Obrigado pela chamada de atenção. Já retificámos.
Cumprimentos,
Manuel Sequeira