A sportinguista Auriol Dongmo abriu a época de forma sensacional, ganhando a prova de peso do Meeting de Karlsruhe, com 19,65 m, um novo recorde nacional de pista coberta e… absoluto. Neste século (as marcas anteriores ao ano 2000 estão comprovadamente “infetadas” por doping) apenas nove atletas fizeram melhor em pista coberta, quatro delas acima de 20 metros.
Auriol Dongmo, atleta de origem camaronesa, naturalizada em finais de 2019, abriu a prova com 18,81, desde logo recorde nacional de pista coberta (chegara a 18,37 no inverno passado) e ao segundo ensaio lançou 19,65, marca que supera também o recorde de ar livre, de 19,53, marca obtida no Campeonato de Portugal, em Lisboa, em agosto passado. A seguir, Auriol ainda lançou a 19,03 no 3º ensaio e 19,14 no 5º, sendo nulos, os 4º e 6º ensaios.
Dongmo derrotou por mais de um metro, a sueca Fanny Roos, segunda com 18,64, recorde pessoal. A britânica Sophie McKinna fechou o pódio, com 18,46, igualmente recorde pessoal.
No final, Auriol Dogmo estava naturalmente feliz: “Estou muito feliz com este resultado. Foi aquilo que esperávamos. Não me faz qualquer diferença não ter público a assistir. É sempre ‘stressante’ competir com as grandes atletas. Competir com elas coloca-me grande pressão”, começou por afirmar, segundo a página da competição na net. “O meu treinador [Paulo Reis] e eu temos trabalhado bastante a técnica porque ela não é muito boa. Mas eu tento melhorá-la todos os dias e este é o resultado. Esta pandemia é bastante má mas para os atletas, foi bom termos mais tempo para os Jogos Olímpicos. Para mim foi OK”, concluiu.
Entretanto o benfiquista João Vítor Oliveira foi 6º na sua eliminatória de 60 m barreiras, com 7,96, marca que continua distante dos 7,71 que conseguiu em 2020. O polaco Damian Czykier ganhou com 7,68 e o oitavo e último dos apurados para a final gastou 7,83. O francês Pascal Lagarte-Martinot, uma das vedetas deste meeting, lesionou-se nos metros finais e, embora apurado para a final, não esteve presente.
Nas eliminatórias de 60 metros, a brasileira Tamiris de Liz, atleta do JOMA, foi 6ª na sua série, com 7,41, a oito centésimos do seu melhor… e do tempo da oitava e última das classificadas para a final. A vencedora da eliminatória foi a norte-americana Dina Asher-Smith, com 7,11. Melhorou na final para 7,08.
A grande figura da reunião foi o francês Renaud Lavillenie, que passou 5,95 à primeira na vara e tentou depois os 6 metros.
Apesar de haver para aí quem não goste de estrangeiros, mesmo que se trate de pessoas que queiram tornar-se portuguesas e cá prosseguirem os seus projectos de vida, o que tenho a dizer à Auriol Dongmo é:
– Obrigado por teres escolhido ser portuguesa e
– Sinto-me orgulhoso por seres minha compatriota.