Mais ainda que as edições passadas, a Meia-Maratona de Lisboa deste ano foi completamente dominada pelos atletas africanos, face à quase total ausência dos melhores portugueses, a uma semana do Nacional de Corta-Mato. E o vento forte que se fez sentir levou também a que os tempos alcançados pelos vencedores tivessem ficado aquém das expetativas… embora o nível geral do top’10 masculino fosse dos melhores de sempre.
Talvez devido ao vento, o andamento foi sempre mais lento que o habitual e o pelotão da frente manteve-se coeso (com nada menos de 16 elementos, todos africanos) até ao 17º km. Até que Erick Kiptanui se isolou e não mais foi alcançado, acabando por ser um surpreendente vencedor naquela que terá sido a sua estreia na distância. Terminou em 1h 00m 05s, o mais fraco tempo de um vencedor desde 2008. Mas, ao invés, o tempo do 10º classificado (1.00.56) é o terceiro melhor de sempre, só superado (e por bem pouco) em 1998 (1.00.05) e 2004 (1.00.52), anos em que a prova de elite ainda saía da Ponte 25 de Abril, com a vantagem de descer bastante. Houve nada menos de 12 atletas até 1h 01m e 17 até 1h 02m. Isto significa que o nível geral da prova terá sido o melhor de sempre… apesar do vento. O vencedor ganhou destacado, com 11 segundos de vantagem sobre o eritreu Yohannes Gebregergish. O recordista mundial (em Lisboa’2011, com 58.30), Zerzenay Tadesse, outro eritreu, foi agora sexto, com 1.00.29. Houve seis quenianos entre os nove primeiros e o primeiro não africano (não considerando o turco Polat Kemboi Arikan, ex-queniano) foi apenas 22º – Bruno Paixão, o melhor português, que gastou 1h 07m 17s! Antes, as piores classificações dos melhores portugueses haviam sido 18º (2004), 17º (2014) e 16º (2016). O que significa, por um lado, que Lisboa recebe muitos dos melhores atletas mundiais (positivo) e que não se preocupa muito em ter na prova os melhores atletas nacionais (negativo). Este ano, a culpa vai também para a passagem do Nacional de Corta-Mato para uma data muito tardia, o que levou a que a generalidade dos melhores fundistas não tenha podido comparecer.
No setor feminino também houve surpresa, com a vitória da etíope Etagegne Woldu, em 1h 11m 27s, o pior tempo de sempre de uma vencedora (antes: 1.10.01 em 1992). O pódio foi totalmente etíope (e foram etíopes cinco das sete primeiras), com Belainesh Oljira a dois segundos da vencedora e Helen Bekele a seis. As oito primeiras foram africanas, a nona a colombiana Kellys Arias (1.15.27) e a décima foi a melhor portuguesa, Filomena Costa, com 1.16.43. O pior tempo da melhor portuguesa nas edições anteriores estava em 1.15.46.
A partida da prova de Sete Rios em vez da Ponte 25 de Abril, devido ao estado do tempo, levou a que houvesse bastantes inscritos que não compareceram e daí a quebra do número de concorrentes classificados na meia-maratona, de 10582 em 2017 para 9191, mesmo assim um número superior aos anos anteriores a 2014.
Classificações:
MASCULINOS
1º Erick Kiptanui QUE 1.00.05
2º Yohannes Gebregergish ERI 1.00.16
3º Morris Gachaga QUE 1.00.17
4º Nicholas Kosimbei QUE 1.00.21
5º Atsedu Tsegay ETI 1.00.28
6º Zerzenay Tadese ERI 1.00.29
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22º Bruno Paixão POR 1.07.17
23º João Antunes POR 1.07.43
24º Jorge Varela POR 1.07.52
25º Luís Macau POR 1.07.53
26º José Gaspar POR 1.08.00
FEMININOS
1ª Etagegne Woldu ETI 1.11.27
2ª Belainesh Ojira ETI 1.11.29
3ª Helen Bekele Tola ETI 1.11.33
4ª Mimi Belete BRN 1.11.38
5ª Magdalyne Masai QUE 1.11.49
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10ª Filomena Costa POR 1.16.43
11ª Mónica Silva POR 1.16.58
13ª Vera Nunes POR 1.17.08
14ª Carla Martinho POR 1.17.24
15ª Doroteia Peixoto POR 1.17.51