O Sporting Clube de Espinho foi fundado em 1914. Tem atualmente cerca de 110 atletas e a grande aposta passa pela formação. Bernardo Gomes de Almeida é o presidente do clube com grandes tradições no atletismo.
O Sporting Clube de Espinho foi fundado em 11 de Novembro de 1914. Com um bonito palmarés, nomeadamente no voleibol, futebol e atletismo, o clube atravessou mais tarde uma grave crise. Em 2014, na comemoração do primeiro centenário, Bernardo Gomes de Almeida assumiu a presidência do clube, mantendo-se ainda em funções. Foi o início de uma nova vida do clube.
Grandes tradições no atletismo
Ao longo da sua história, o clube foi tendo alguns praticantes de atletismo até que em 1976, foi criada a equipa N.A.A.S.C.E. – Núcleo dos Amigos de Atletismo do Sporting Clube de Espinho, orientada pelo professor Jorge Ramiro. No ano seguinte, o N.A.A.S.C.E foi integrado no clube e os resultados apareceram, merecendo particular destaque António Leitão, Joaquim Silva, Fernando Couto, António Natário e o treinador Jorge Ramiro.
Em 1983, este grupo transferiu-se para o SL Benfica e dois anos depois, apesar de o clube ainda contar com um bom naipe de atletas, a Secção de Atletismo foi extinta.
Cumprindo uma das promessas da Direção eleita em 2014, em 22 de Julho (data de nascimento de António Leitão) de 2015, foi reaberta a Secção, com o nome de S. C. Espinho/Atletismo António Leitão, em homenagem ao antigo atleta olímpico formado no clube.
Mil praticantes em 13 secções
O clube tem 13 secções em funcionamento que movimentam cerca de mil praticantes. Só o atletismo tem cerca de 110 praticantes, distribuídos por três equipas, uma de estrada e pista, outra de trail e uma de OCR (Obstáculos), recentemente criada.
A formação é a grande aposta, tendo sido criada a Escola de Atletismo António Leitão, atualmente com 25 atletas nos diversos escalões.
O vice-presidente Pedro Sousa é o responsável da Secção. Rui Santos é o Diretor da Secção e Augusto Rachão, o seu Diretor Desportivo.
Grande impulso a partir de 2017 com resultados apreciáveis
O atletismo teve uma atividade muito reduzida nos dois primeiros anos da nova Secção. Em 2017, a Direção do clube convidou o ex-atleta Augusto Rachão para liderar a Secção. Rachão constituiu um grupo de trabalho que deu um impulso importante para o renascimento da modalidade. Desde então, o clube tem participado em inúmeras provas com resultados muito agradáveis.
A equipa conta atualmente com três treinadores. António Dias é o responsável pela Escola de Atletismo António Leitão, Augusto Rachão e Artur Rodrigues treinam as equipas Sénior e Veterana.
Rui Santos destaca as 17 medalhas conquistadas no Campeonato Nacional de Veteranos de pista coberta em 2019, o 3º lugar no Campeonato Distrital ao ar livre para veteranos em 2018, o 2º lugar no Campeonato Distrital de Inverno de pista para Veteranos em 2019 e diversas medalhas nos escalões de formação nos respetivos Campeonatos Distritais de pista.
Rui Santos mostra-se satisfeito com a evolução dos atletas neste espaço de dois anos. Merecem destaque duas atletas da formação, a infantil Sara Rocha que esteve presente no Campeonato Nacional de corta-mato escolar (9º lugar) e no Campeonato Nacional do Km Jovem escolar (5º lugar) e a iniciada Carolina Ferreira que bateu o recorde regional infantil do salto em altura com 1,47 m e que durava há 29 anos.
“É muito difícil um atleta poder seguir um caminho de alta competição, desistindo da carreira ou mantendo-se num nível amador”
Clube com objetivos ambiciosos
Para Rui Santos, os grandes objetivos desportivos para a presente época passam pelo crescimento do número de atletas da Escola de Atletismo António Leitão, e pela melhoria dos seus resultados nos Campeonatos Regionais. “Relativamente às equipas sénior e veterana, pretendemos um crescimento significativo da participação dos nossos atletas nos Campeonatos Regionais e Nacionais de corta-mato, estrada e pista, a vitória da equipa masculina no Campeonato Regional Master e o pódio para a equipa feminina no mesmo Campeonato”.
O clube mostra-se também ambicioso a médio prazo, pretendendo preparar a equipa para discutir os títulos regionais e colocar alguns atletas da formação e seniores em posições de destaque no panorama nacional.
Para que estes objetivos possam ser alcançados, “é importante a melhoria das condições de treino das nossas equipas, com a implementação na área contígua à Nave Desportiva de Espinho de meios para os treinos das diversas especialidades do atletismo, lançamentos, saltos, obstáculos, etc”. A autarquia está a estudar a possibilidade de adaptar um dos parques de estacionamento contíguos à Nave Desportiva, inserindo nesse espaço uma área de treino para o atletismo.
SPORTING CLUBE DE ESPINHO
Concelho: Espinho
Ano fundação: 1914
Presidente: Bernardo Gomes de Almeida
Atletas: 110
Técnico: 3
Orçamento: 7.000 euros
Orçamento de 7 mil euros
A Secção tem um orçamento anual no valor de sete mil euros. O clube tem alguns subsídios estatais, mas o atletismo não tem qualquer subsídio. A Câmara Municipal de Espinho apoia a Secção cedendo uma área para treino na Nave Desportiva da cidade e uma sala para a sede.
Para fazer face às despesas, a secção conta apenas com apoios de alguns privados através de patrocínios e donativos.
Os apoios aos atletas passam pela oferta de uma camisola de competição e outra de treino. Os jovens da Escola de Atletismo e um grupo restrito de atletas constituído pelos melhores seniores e veteranos, recebem um equipamento completo constituído pelas referidas camisolas, fato de treino e saco.
“Os nossos maiores ídolos nos anos 80 e 90, não eram só jogadores de futebol. Eram os grandes atletas que tínhamos no país”
Corrida nas praias da cidade
O clube organizou em Setembro último a 1ª edição da Espinho Beach Run com a 2ª edição já marcada para o próximo dia 29 de Setembro. Rui Santos fala-nos de uma prova diferente de todas as outras, pois é realizada no areal das praias da cidade de Espinho, aberta a todos os escalões etários e com duas distâncias, a milha e a légua.
Esta prova é uma homenagem a António Leitão, pois “retrata um dos locais de treino dele e dos atletas da equipa do S. C. Espinho dos anos 70 e 80 do século passado e a distância onde ele obteve a medalha nos jogos olímpicos, os 5.000 m”.
Falta de recursos financeiros e de infraestruturas
Os problemas vividos no S. C. Espinho/Atletismo António Leitão não fogem à realidade que se vive na maioria dos clubes populares de atletismo.
Rui Santos lamenta o pouco apoio financeiro do Estado e das empresas, ao contrário do que sucede noutras modalidades. “É muito difícil um atleta poder seguir um caminho de alta competição, desistindo da carreira ou mantendo-se num nível amador”.
Ainda na sua opinião, esta falta de apoio levou a que o atletismo nacional perdesse o elevado número de atletas de nível mundial que teve nas décadas de 80 e 90 do século passado. “Os nossos maiores ídolos nessa altura, não eram só jogadores de futebol. Eram os grandes atletas que tínhamos no país como Aurora Cunha, Fernanda Ribeiro, Rosa Mota, Calos Lopes, Fernando Mamede, António Pinto, etc”.
A terminar, Rui Santos referiu ainda a falta de infraestruturas para a prática da modalidade, que permita às crianças dedicarem-se à modalidade. Segundo ele, existem quatro pistas de atletismo no distrito de Aveiro, em Vagos, Universidade de Aveiro, Luso e Lourosa. A pista de Lourosa tem somente 200 metros e a da Universidade de Aveiro, está num lastimável estado de conservação. “No entanto, temos em cada freguesia pelo menos, um campo de futebol e um pavilhão”.