Os altos e baixos de uma honrosa presença no Europeu de Seleções
Apesar dos 20 pontos e meio que separaram a equipa nacional do 3º lugar que dava acesso à Superliga, Portugal esteve perto de conseguir a proeza de se incluir no lote das 12 seleções mais fortes do Velho Continente. Houve demasiadas baixas importantes na equipa (com Sara Moreira, Jéssica Augusto, Nelson Évora e Tiago Aperta cerca de duas dezenas e meia de pontos teriam sido somados), mais alguns azares (queda de Emanuel Rolim, toque em Marta Pen) e algumas desilusões (aquele 11º lugar de Francisco Belo…). Claro que outras equipas se podem queixar do mesmo e, em 40 provas, há sempre algumas que correm pior. Mas, desta vez, as contrariedades foram mesmo bastantes…
POSITIVO
+ 5º LUGAR
Apesar de tantas contrariedades, Portugal conseguiu um bem honroso 5º lugar, com a segunda pontuação de sempre… e uma equipa na qual em metade das provas individuais (18 em 36) se registaram estreias. Se o atletismo nacional conseguir descobrir lançadoras (para além de Irina Rodrigues), o futuro parece ser risonho…
+ TSANKO ARNAUDOV
Entre as atuações portuguesas, vários nomes estiveram em muito bom plano, com cinco vitórias, dois segundos lugares e sete terceiros, um recorde nacional, três recordes pessoais. Mas o ponto alto foi, sem dúvida, o lançamento a 21,56 de Tsanko Arnaudov no peso, marca que o coloca desde já no top’10 mundial do ano (7º) e seria a sétima em 2016. Progrediu quase meio metro a um nível já bem alto!…
+ HÉLIO GOMES
De entre as restantes vitórias portuguesas, uma outra merece destaque por ser menos aguardada – a de Hélio Gomes nos 3000 m, prova na qual o turco Ali Kaya, folgado vencedor dos 5000 m na véspera (13.36,75), fazia figura de favorito único. Em grande forma, Hélio Gomes, que se está a revelar uma bem agradável surpresa nas distâncias mais longas, esperou pela parte final para um ataque que não deixou hipóteses ao turco… de origem queniana!
NEGATIVO
– ÚLTIMOS LUGARES
Nem tudo foi positivo na atuação portuguesa e o principal problema teve a ver com numerosas posições entre os três últimos lugares – nada menos de nove (quase um-quarto das provas), a que se poderão juntar mais quatro 9º lugares. Portugal ficou 16 vezes no primeiro terço da classificação (4 primeiros), 11 vezes no segundo terço (5º a 8º) e 13 vezes no último terço (9º a 12º). Uma equipa (ainda) muito desigual…
– EQUIPAMENTO…S
Não é a primeira vez que lamentamos o que se passa com os equipamentos nacionais… no atletismo como em muitas outras modalidades, os quais não respeitam as cores nacionais. Mas no atletismo tem-se ultrapassado tudo, a começar pela existência de um equipamento verde (usado por alguns atletas) e outro branco (por outros)! E nem um nem outro (o branco exagera…) representam as cores nacionais – vermelho e verde, com algum amarelo. Para quando um verdadeiro equipamento nacional?
– CONCURSOS
A Associação Europeia continua a inventar. Desta vez, acrescentou uma jornada aos campeonatos para a realização de eliminatórias – não há grande mal mas até que ponto se justifica? O grave é o que se passa com os (pobres) concursos. Primeiro, porque reduzidos a três ensaios (quatro para os quatro primeiros). Depois (e neste caso é grave) porque coloca as seleções em desigualdade: porque não (pelo menos) quatro ensaios para todos?
CURIOSIDADES
- Registaram-se dois recordes portugueses na competição, através de Tsanko Arnaudov, que bateu o recorde nacional do peso, com 21,56, e de Cátia Azevedo, com 52,76 nos 400 m. As melhores marcas nacionais na competição pertenciam, respetivamente, a Marco Fortes, com 20,04 em 2013, e a Carmo Tavares, com 53,22 em 1996. O recorde dos 400 m barreiras, pertença de Carmo Tavares com 56,90 desde 2002, foi aproximado a três centésimos por Vera Barbosa.
- Tsanko Arnaudov tornou-se o primeiro português a ganhar a prova de peso na competição. Hélio Gomes (3000 m) repetiu as proezas de Rui Silva (4 vezes) e José Ramos (1); Diogo Ferreira (vara) a de Nuno Fernandes (duas vezes); Patrícia Mamona (triplo) repetiu o seu êxito de 2014; e Irina Rodrigues (disco) igualou Teresa Machado. Embora não ganhando, conseguiram as melhores classificações nacionais de sempre nas respetivas provas Hélio Vaz (3º) nos 100 m barreiras (igualando Rui Palma e Luís Sá) e Paulo Conceição (3º) na altura (igual a Rafael Gonçalves e Paulo Gonçalves)
- Foram conseguidas oito melhores marcas nacionais do ano, através de Tsanko Arnaudov (peso), David Lima (200 m – igualada), Vera Barbosa (400 m barreiras), Evelise Veiga (comprimento) e (naturalmente, visto tratar-se da seleção nacional) as quatro estafetas.
Em relação aos seus +, concordo com o Tsanko, obviamente, mas não concordo que o 5ª lugar seja uma boa classificação e nem que o Hélio seja uma grande surpresa. Foi uma grande vitoria mas expectável nos 2 primeiros lugares face à ausência do Ingrebitsen.
Destaco como positivo, a vitória da Irina Rodrigues essa sim a grande prestação feminina e o 3ª lugar do Hélio Vaz. Ainda as boas prestações do Diogo Ferreira, Evelise Veiga e claro da Patricia Mamona
Quanto ao negativo, não creio que a falta do Tiago aperta melhorasse muito o 12º lugar. Mau o António Vital, péssimo o Francisco Belo. Emanuel Rolim desastrado. Vania Silva o normal.
Não concordo com a negatividade deste modelo de concurso pois é apenas uma adaptação do modelo “normal” onde só vão para os últimos 3 saltos/lançamentos os 8 melhores. Aqui vão os 4 melhores para um ultimo ensaio. Nada de grave.
Acho mais discutível o que se passa nos saltos horizontais mas compreensível face ao numero de atletas ( 12) e ao, normalmente, longo concurso.
Portugal tem sim hipóteses de subir à SuperLiga mas para isso tem de se superar e isso raramente acontece.