Os atletas que correm com sapatos da nova tecnologia estão a fazer batota e é “quase como se fosse doping”, diz a queniana Tegla Loroupe, ex-recordista mundial da maratona.
O crescimento dos sapatos de alta tecnologia coincidiu com vários recordes mundiais em provas de distâncias maiores nos últimos anos, dos 5.000 m à maratona.
Os críticos argumentam que esses sapatos dão uma vantagem injusta e a queniana Tegla Loroupe acha mesmo, que eles deveriam ser proibidos.
“Não sou fã disso porque não há energia humana”, disse ela à BBC Sport. “Está-se a fazer batota, não se é um herói porque não se usa a sua própria força”.
“Pode ter um sapato mais rápido … é quase como se dopar, para mim não há diferença entre dopar e ter um sapato mais rápido”.
Em 2020, a World Athletics aprovou novas regras relativas aos novos sapatos de alta tecnologia, incluindo a proibição dos protótipos da Nike ‘Alphafly’ usados por Eliud Kipchoge quando ele correu em Outubro de 2019, pela primeira vez uma maratona em menos de duas horas.
A ex-maratonista olímpica britânica Mara Yamauchi disse anteriormente à BBC Sport que “não temos mais uma competição verdadeiramente justa”.
A Nike disse que “respeita o espírito das regras” e não “cria nenhum ténis de corrida que retorne mais energia do que o gasto pelo corredor”.
Tegla Loroupe, que será a chefe de missão da equipa de refugiados nos JO de Tóquio, disse: “É bom ter sapatos, mas ter esse elemento que outros atletas não podem pagar, é errado. Para mim, os sapatos deveriam ser banidos para que as pessoas possam confiar em si mesmas, possam treinar e ver o que são capazes de fazer”.
“Corremos sem sapatos e quando tínhamos sapatos, eram apenas sapatos normais, mas ainda assim, batemos o recorde mundial.”
Tegla Loroupe, de 47 anos, foi a primeira mulher africana a deter o recorde mundial da maratona, que ela estabeleceu em Rotterdão em 1998 e manteve até 2001. Ela venceu duas vezes a maratona de Nova York, além de vencer em Londres e Berlim.