O presidente do COI, Thomas Bach, juntou-se esta semana a uma série de autoridades japonesas do governo e da cidade, organizadores locais e outros líderes do Comité Olímpico Internacional, para repetir uma mensagem que eles não conseguiram transmitir com força suficiente para os patrocinadores locais
Não está fácil às autoridades japonesas convencer os patrocinadores a manterem os seus biliões de dólares para os Jogos Olímpicos no próximo ano. As razões prendem-se com a crise económica e o ceticismo.
O presidente do COI, Thomas Bach, juntou-se esta semana a uma série de autoridades japonesas do governo e da cidade, organizadores locais e outros líderes do Comité Olímpico Internacional, na repetição de uma mensagem que eles falharam em transmitir com força suficiente para os grandes patrocinadores: tenham confiança em nós, os Jogos Olímpicos de Tóquio serão inaugurados em 23 de Julho de 2021.
Bach e o vice-presidente do COI, John Coates – que supervisiona os preparativos de Tóquio – devem falar remotamente com as autoridades japonesas no encontro de hoje e amanhã. A agenda inclui o planeamento de medidas contra o coronavírus: quarentenas, regras para os atletas que entram no país, testes, vacinas e presença ou ausência de espetadores.
São esperadas poucas decisões importantes até ao final do ano ou no início de 2021, o que explica a incerteza.
O CEO do Comité Organizador de Tóquio, Toshiro Muto, reconheceu que a mensagem não está espalhando-se. “O facto de os Jogos Olímpicos acontecerem – o facto em si – não chega totalmente ao público”, disse Muto, na semana passada. “As pessoas precisam de estar mais convencidas de que, sim, os Jogos Olímpicos terão lugar com toda a certeza”. Ex-vice-governador do Banco do Japão, Muto foi vago sobre quantos patrocinadores nacionais estão renovando os seus contratos. “Ainda estamos no meio de negociações. Não estamos na fase de falar sobre resultados concretos “, disse ele.
Pesquisas mostraram que a maioria das empresas japonesas e o público não acreditam que os Jogos Olímpicos se vão disputar no próximo ano. Uma pesquisa publicada em Junho pela emissora japonesa NHK divulgou que dois terços dos patrocinadores estavam indecisos sobre a extensão por mais um ano.
Manter os patrocinadores nacionais está a ser difícil. Recrutados pela gigante agência de publicidade japonesa Dentsu Inc., os patrocinadores nacionais pagaram a soma recorde de 3,3 biliões de dólares – pelo menos o dobro de quaisquer Jogos Olímpicos anteriores – ao Comité Organizador local. Essa verba é superior à de uma dúzia de patrocinadores olímpicos permanentes que assinaram um contrato de longo prazo com o COI. Alguns também têm contratos individuais com os organizadores de Tóquio.
Apesar da incerteza, será difícil aos patrocinadores afastarem-se do apoio financeiro, num país onde a conformidade e o trabalho em equipa são valorizados e a lealdade nacional pode ser questionada.
O Japão também tem uma longa história de apoio aos Jogos Olímpicos, e muitos, em cargos de decisão, lembram com carinho o impacto positivo dos Jogos de Tóquio em 1964, que mostraram o renascimento do país, 19 anos apenas após a derrota na Segunda Guerra Mundial.