A especificidade é uma das bases do treino desportivo. Quanto mais próximo estiver o treino das condições da prova, melhor. Mas quando treinamos para uma prova longa é bom variar os treinos longos, experimentar outros pisos e altimetria variada. Optar por fazer alguns destes treinos em trilhos na serra pode trazer benefícios para quem está a preparar-se para uma maratona. Os treinos em trilhos podem melhorar a mecânica de corrida e ampliar o fortalecimento muscular.
Eles melhoram a eficiência mecânica, pois o corredor consegue assumir uma postura de corrida mais eficiente. Com isso, ele ganha em economia de movimentos e resulta na melhoria da performance. Além da componente cardiovascular. Os treinos na serra ajudam a mudar a cadência da passada, trabalhando uma diversidade de músculos mais ampla e minimizando o risco de lesões por esforço repetitivo, mas obviamente aumenta o risco de entorses.
Uma boa opção é alternar nos trilhos, subidas e descidas, fortes e suaves. Muitas vezes, numa prova longa, o corredor consegue lidar bem com o esforço cardiovascular, mas não tem uma boa resistência muscular periférica.
As rampas ajudam a trabalhar num pico de esforço (frequência cardíaca) maior e por mais tempo. Quando o corredor varia subidas com descidas, exige um pouco mais da musculatura e com isso, ganha em resistência muscular periférica também. Nos treinos com descidas, há evidências em que se pode melhorar o ciclo de passadas, ganhar em amplitude ou frequência, o que aumenta a velocidade.
Alternativa à musculação
Os treinos longos na serra podem ser uma alternativa para quem não gosta de fazer trabalho de musculação. Apesar de não substituir completamente, eles têm algumas vantagens e podem até trazer um ganho de força maior.
Quanto maior a proximidade do exercício preparatório com o que vai ser encontrado na competição, maior a taxa de transferência e eficiência. Dessa forma, fazer exercícios de força numa subida, tem uma taxa de transferência muito maior para um corredor do que a musculação, por exemplo.
Se o ganho de força muscular pode ser maior nas subidas do que nas atividades no ginásio, há também o risco de entorses devido ao terreno irregular. Muitos corredores acreditam que uma lesão antiga mas curada, pode aparecer novamente num treino nestas condições.
Mais isso depende da lesão. Como a mecânica é muito parecida de uma forma geral, quem não pode treinar no asfalto, não deve correr em trilhos. Um histórico significa passado e se as lesões que compuseram esse histórico tiverem sido curadas, não há razão para evitar. O que vai determinar o que vai ser feito será mais o contexto atual do que o que aconteceu anteriormente.
Sem monotonia
Ao decidir-se por treinos longos em pisos diferentes, o corredor pode quebrar a monotonia dos treinos. Embora a motivação venha de dentro, variar locais ajuda a manter o ânimo lá em cima.
O corredor que corre com prazer não enfrenta o problema da monotonia, pois ele sabe extrair o melhor de cada situação. Mas obviamente que variar os treinos, assim como os lugares onde acontecem, é importante para manter a motivação a 100%.
O corredor de asfalto não se incomoda normalmente com a repetição de percurso, até porque tem as suas vantagens, como já conhecer a distância, mesmo que aproximada, pontos de água, etc. Mas é sempre recomendável procurar locais diferentes de treino, sendo os trilhos uma boa escolha.