A triatleta sul-coreana Choi Suk-hyeon suicidou-se depois de sofrer durante anos, agressões físicas e verbais dos treinadores e de observar como as autoridades desportivas ignoraram as suas denúncias, afirma a imprensa.
Choi Suk-hyeon, de 22 anos, medalha de bronze no escalão juvenil dos Campeonatos Asiáticos do Triatlo, em Taipé 2015, ter-se-ia suicidado em Junho no dormitório da sua equipa, em Busan (sudeste da Coreia do Sul).
De acordo com o publicado nas redes sociais, a jovem teria enviado uma última mensagem à sua mãe, em que suplicava para que fossem revelados os “segredos” dos seus agressores.
No seu diário, a jovem escreveu: “Fui agredida de forma tão violenta… que choro todos os dias”. A imprensa sul-coreana afirma que Choi Suk-hyeon gravou as agressões físicas. Num documento divulgado pelo canal YTN, é possível ouvir o seu treinador irritado com o ganho de peso da triatleta: “Deve evitar comer durante três dias”, disse ele. Depois, ele completa com “cerre os dentes”, e ouve-se o som de uma chapada.
De acordo com a imprensa, coordenadores da equipa forçaram-na a comer o equivalente a 200.000 wons (166 dólares) de pão como forma de punição por não ter controlado o peso e agrediram-na com frequência.
Denúncias sem resposta
A triatleta apresentou queixa ao Comité Olímpico Sul-Coreano (KSOC) em Abril, com a esperança de provocar a abertura de uma investigação.
Um amigo afirmou à agência de notícias Yonhap que ela “procurava ajuda em muitas instituições, mas todos ignoraram as suas denúncias”. O KSOC negou a acusação e afirmou num comunicado que decidiu fazer uma investigação após a denúncia.
Num comunicado, o Comité expressa “profundo pesar” e compromete-se a adotar “medidas severas” contra as pessoas envolvidas.
O Ministério Público assumiu o caso
O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, pediu “medidas rigorosas” para prevenir os abusos no futuro no mundo do desporto. A “falta de resposta apropriada” à denuncia da triatleta é “verdadeiramente um problema’, disse.
Uma campanha criada nesta quinta-feira no site da presidência sul-coreana, para pedir uma investigação profunda do caso já reuniu 35.000 assinaturas.
No ano passado, a sul-coreana Shim Suk-hee, patinadora de velocidade que tem duas medalhas de ouro olímpicas, acusou o ex-treinador de agressões sexuais. Já condenado por tê-la agredido durante anos, ele cumpre pena de dez anos de prisão.