A onda de violência no Ceará, no Brasil, vem assustando os corredores locais. Com receio de serem confundidos com os bandidos, alguns atletas populares têm encurtado os seus treinos e alterado os seus percursos na capital cearense.
Atualmente, a sensação de insegurança só não é extrema para quem corre em duas áreas: na Praia de Iracema, área nobre da cidade, onde o policiamento é reforçado, e em Cambeba, bairro que funciona como sede administrativa dos órgãos do governo.
Num momento tão tenso, há quem seja confundido como bandido pelo simples facto de estar a correr na rua, como aconteceu com um atleta. “Para quem não mora na parte turística, como a Praia de Iracema, está complicado de correr. Eu fui confundido com um bandido. Nós, corredores, mesmo sem qualquer tipo de intenção, assustamos a população. Um dia desses, eu estava correndo com um ténis minimalista, que não faz muito barulho, e vi que uma senhora se assustou quando notou a minha presença. Ela teve um susto muito grande, puxou a bolsa e a segurou com força. Se ela estivesse armada, poderia ter reagido contra mim”.
Numa assessoria desportiva que tem 420 frequentadores na capital do Ceará, os treinos passaram a começar mais tarde e a recomendação é para que os atletas corram em grupos numerosos, de 50 a 70 pessoas.
“Mudou bastante a rotina dos nossos corredores. Geralmente, os nossos treinos longos começam às 4h30 da manhã devido ao clima quente de Fortaleza, já que às 6 h, o calor já é forte. Estamos a começar mais tarde e diminuímos o volume dos treinos. O pessoal está receoso, de pé atrás. Nós ficamos em alerta e tratamos de orientá-los sempre”, disse o treinador da assessoria.