Tal como o queniano Ferdinand Omanyala, dezenas de atletas estão com dificuldades para conseguir o visto de entrada nos Estados Unidos, onde o Mundial começa hoje em Eugene.
Para participar no Mundial, não basta conseguir uma vaga, em muitos casos há que ser bastante paciente, dependendo da nacionalidade. Ferdinand Omanyala só vai conseguir chegar hoje a Eugene… três horas antes da sua série de 100 m, situação nada ideal para se preparar mental e fisicamente.
Dezenas de atletas, especialmente de países africanos, estão enfrentando uma verdadeira dor de cabeça administrativa, e encontram enormes dificuldades para obter a tempo, um visto de entrada nos Estados Unidos.
Atletas sul-africanos não puderam deixar até ontem, o centro de estágio italiano para se dirigirem a Oregon. Os saltadores com vara chineses baseados na França também enfrentaram grande stress nestes dias.
“Tudo isto nunca aconteceria numa modalidade verdadeiramente profissional ”, protestou o ex-campeão norte-americano Michael Johnson no Twitter.
A World Athletics indicou em comunicado estar a “trabalhar em colaboração com o Comité Olímpico e Paralímpico Americano na questão da atribuição de vistos” , acrescentando que a maioria dos problemas foram “resolvidos” , lembrando que “as viagens internacionais tornaram-se mais complicadas devido à pandemia”.
O sprinter norte-americano Fred Kerley, questionado sobre esta questão dos vistos que podem quebrar a equidade desportiva ao privar vários atletas do Mundial, contentou-se com um breve “sem comentários” .
No final da tarde desta quinta-feira, Renée Chube Washington, uma das principais lideranças da Federação Americana de Atletismo (USATF), também membro da direção do Mundial, falou sobre os esforços das duas entidades: “Estamos a trabalhar no assunto desde 2017, continuamos, de acordo com o comité olímpico americano, há menos de 1% dos 5.500 atletas envolvidos que não possuem visto, e ainda hoje, houve melhorias. O que complicou as coisas, administrativamente em alguns países, também foi o Covid. Não estaremos 100% satisfeitos, a menos que venham 100% dos atletas”
Por sua vez, Sebastian Coe, presidente da World Athletics, reconheceu que a situação não é totalmente satisfatória: ” haverá lições a serem aprendidas, é claro, mas vamos trabalhar até ao último minuto para que o máximo de atletas possa estar aqui connosco”.