Em Portugal tal como noutros países, o futebol é o desporto mais popular. Mas o atletismo tem vindo a ganhar cada vez mais praticantes. Como são as lesões dos jogadores de futebol e dos atletas? Sendo grande parte do trabalho feito pelos membros inferiores, será que as lesões são semelhantes nas duas modalidades?
As duas modalidades têm processos fisiológicas diferentes. No futebol, o corpo precisa de muita estabilização e potência muscular. Além de ser um desporto de contato, o futebol tem a corrida em várias direções, com acelerações e desacelerações. Isso pede bastante mobilidade e agilidade dos músculos e articulações. Já a corrida ‘pura’ tem processos fisiológicos diferentes. Precisa de tudo isso, mas exige dos mesmos grupos, o tempo todo.
Lesões em corredores e futebolistas
Estiramentos musculares
Os estiramentos musculares são comuns aos praticantes dos dois desportos. É quando acontece a rutura parcial ou total de um músculo por um esforço excessivo, ou treinos de séries, por exemplo.
Outro motivo desta lesão, que vai de grau 1 a 3 (de leve a grave) é a fadiga muscular, decorrente de esforço exagerado sequencial. O atleta sente na hora uma dor aguda.
É como se estivesse rasgando a região que lesionou. No futebol, isso acontece mais na coxa e no posterior da coxa. Na corrida, no posterior da coxa e nos gémeos. O tratamento é feito com medicação, repouso e fisioterapia. Como se trata de uma lesão local, nalguns casos, é possível praticar modalidades que exigem outros grupos musculares, para não perder a condição aeróbica.
Torções
As torções são lesões em atletas das duas modalidades. Mas com algumas diferenças. A entorse do tornozelo é a mais comum no futebol. Não é tão comum na corrida convencional, mas bastante frequente nas de montanha, onde o terreno é irregular e exige uma boa mobilidade de tornozelo.
As torções do joelho são mais raras entre corredores, mas têm uma ocorrência razoavelmente comum no futebol. Mas nas duas regiões, dependendo da gravidade, o facto pode levar a uma lesão nos ligamentos – no joelho, o ligamento cruzado anterior é mais vulnerável, mas a recuperação costuma ser mais rápida.
Quando a lesão é no ligamento patelar, o processo de reabilitação pode ser mais demorado.
Fraturas por stress
As fraturas por stress ocorrem geralmente quando o atleta excede a carga de atividades para o qual está preparado. Nas duas modalidades, a lesão é mais comum nos pés e na tíbia. Outro fator apontado como causa para esse tipo de lesão é a deficiência de vitamina D, utilizada pelo organismo para o metabolismo do cálcio nos ossos.
São comuns nos atletas; cerca de 5 a 10% das lesões nas modalidades são devidas ao stress e sobrecarga. São de difícil diagnóstico. Para saber-se se o atleta está lesionado, os exames indicados são a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética.
Pubalgia
A pubalgia é uma das lesões mais temidas pelos atletas profissionais e amadores. Regra geral, é decorrente do desequilíbrio de forças entre os adutores e a musculatura abdominal.
Trata-se de um quadro de difícil tratamento e que é reincidente em muitos atletas. Todos os atletas têm medo de ter pubalgia, porque ela é uma das lesões que diminui o rendimento e pode acabar com a carreira de um jogador de futebol.
Assim como as entorses do tornozelo, esta lesão é mais comum em corredores de trails, pelo mesmo problema de desequilíbrio de forças, do que em atletas que treinam na estrada.
Os atletas que correm no asfalto são mais propensos a um outro tipo de problema causado pela falta de fortalecimento do core, a dor lombar. Quando acontece, é em relação a um cansaço muscular, mas mais pela absorção do impacto repetitivo, do que algum tipo de lesão na região. É mais sobre fazer o mesmo esforço na mesma direção por muito tempo.
De Camila Brogliato