Geoffrey Kirui, vencedor da maratona
Grandes surpresas e fraca presença nacional
Sem brilhar, Filomena Costa foi exceção na muito fraca prestação portuguesa na terceira jornada do Mundial. Foi 28ª na maratona, na qual Catarina Ribeiro desistiu ainda antes dos 20 km, depois de andar isolada, na frente (!), até cerca dos 11 km, acabando por pagar cara esta “aventura”. Passou aos 10 km em 35.35, com oito segundos de vantagem sobre um muito passivo pelotão. Até que a britânica Allyson Dixon resolveu (a dada altura com a ajuda de Filomena Costa!) dar um pequeno safanão no andamento. Acabou por alcançar Catarina Ribeiro e isolar-se, até ser alcançada antes dos 30 km, terminando na 18ª posição.
O pódio viria a resolver-se entre as africanas, com Rose Chelimo, ex-Quénia, agora Bahrein (8ª nos Jogos do Rio’2016 – e vencedora da “Meia” de Lisboa em 2015) a ganhar nos metros finais, em 2h 27m 11s, sete segundos à frente da queniana Edna Kiplagat, de quase 38 anos, campeã mundial em 2011 e 2013 (e 5ª em 2015), que esteve à beira de conseguir um inédito “tri” mas cedeu na parte final e ia sendo ultrapassada pela norte-americana Amy Cragg, que chegou com o mesmo tempo.
Filomena Costa, depois de passar em 7º lugar aos 10 km, desceu para 22º aos 15 km e foi perdendo posições até ser 28ª na meta, gastando 1.15.06+1.21.36 por cada meia-maratona e ficando bem distante do bem honroso 12º lugar de há dois anos.
Manhã muito negativa
A manhã correu mal aos atletas nacionais. Diogo Ferreira não passou a altura inicial da qualificação da vara (5,30), no que foi acompanhado por dois atletas (um deles o espanhol Igor Bychkov); Cátia Azevedo foi 7ª na sua série de 400 m, com 52,79, o 39º tempo das eliminatórias entre as 49 concorrentes (a 6ª e última apurada por tempos para as meias-finais gastou 52,01); e Ricardo Ribas desistiu ainda antes dos 20 km da maratona, depois de passar em 71º aos 15 km. Foi um dos nada menos de 30 desistentes, em prova com 71 classificados. A maratona foi ganha pelo queniano Geoffrey Kirui, vencedor da Maratona de Boston deste ano, que gastou 2h 08m 27s, deixando longe Tamirat Tola (2.09.49), que havia sido medalha de bronze nos 10.000 m nos Jogos do Rio’2016.
Entretanto, Lecabela Quaresma continuou aquém do que já fez no heptatlo, terminando 22ª com 5788 pontos, menos 386 pontos que o seu recorde pessoal, que lhe teria dado um honroso 13º lugar. Tal como no 1º dia, Lecabela ficou aquém das marcas do heptatlo-recorde em todas as provas: 5,88 contra 6,06 no comprimento; 36,71 contra 37,18 no dardo; 2.14,06 contra 2.11,03 nos 800 m. Triunfou a belga Nafissatou Thiam, campeã olímpica em 2016, com 6784 pontos (apesar do último lugar na série principal de 800 m…), contra 6696 da alemã Carolin Schaffer.
Duas surpresas
Nas finais da tarde, a grega Ekaterini Stefanidi juntou o título mundial da vara ao olímpico e conseguiu a melhor marca mundial do ano, com 4,91, antes de tentar sem êxito o recorde dos campeonatos, a 5,01. Ela ganhou com 4,82 (a norte-americana Sandi Morris, vice-campeã olímpica voltou a ser segunda, com 4,75), depois falhou um ensaio a 4,89 mas “limpou” a 4,91.
No peso, o neozelandês Tomas Walsh, que na qualificação lançara a 22,14, confirmou na final, juntando o título mundial de ar livre ao de pista coberta (foi 3º nos Jogos do Rio). Colocou-se à frente no 2º ensaio, com 21,64, melhorou para 21,75 no 3º e, já campeão, terminou em beleza, com 22,14. Quase meio metro atrás ficou o segundo, o norte-americano Joe Kowacs, campeão mundial em 2015 e “vice” olímpico em 2016, com 21,66 ao 3º ensaio. O nível geral ficou bem abaixo do esperado e o campeão olímpico Ryan Crouser foi apenas sexto, com 21,20.
Surpresa houve também nos 100 metros femininos. A favorita, a jamaicana Elaine Thompson, campeã olímpica, foi apenas 5ª com10,98. E a prova decidiu-se entre Tori Bowie (EUA), vice-campeã olímpica e bronze no Mundial de 2015, e Marie José TaLou (Costa do Marfim), 4ª nos Jogos. Esta parecia com a prova ganha mas a norte-americana teve uns metros finais fortíssimos e venceu com 10,85 (v:-0,1 m/s), contra 10,86 da africana. A holandesa Dafne Schippers fechou o pódio com distantes 10,96.
E assim terminou o terceiro dia. No quarto, destaque para a final feminina do triplo, com Patrícia Mamona e Susana Costa, e para a qualificação masculina, com Nelson Évora. Antes dos marchadores, são eles as esperanças nacionais…