O Centro Popular de Trabalhadores de Sobral de Ceira foi fundado em 1975 e tem 61 atletas filiados. Lara Amado é a presidente do clube que apostou numa Academia de Atletismo que já apresenta resultados de relevo.
Ceira é uma povoação muito antiga, já conhecida dos Romanos que, segundo alguns historiadores, lhe chamavam Celia/Seilia ou Celium. A povoação também aparece registada com a grafia Seira/Seyra e tal como hoje, a povoação tinha o mesmo nome do rio já no tempo dos Romanos. Em 4 de Junho de 1997, alguns lugares da freguesia de Ceira passam a constituir a Vila de Ceira.
É nesta vila do concelho de Coimbra que existe o Centro Popular de Trabalhadores de Sobral de Ceira desde 1975. Na sequência do processo revolucionário iniciado com o 25 de Abril de 1974, foi eleita a primeira Comissão de Moradores com a criação de vários setores de atividade. Dois moradores, António Jácome e José Mendes França apresentaram à Comissão uma proposta para a criação de uma equipa de atletismo, a qual foi de imediato aceite. A estreia oficial foi no Grande Prémio do Vale do Açor, em Outubro de 1975.
61 atletas filiados
Lara Joana Amado é a presidente do CPT Sobral de Ceira que tem 280 sócios que pagam uma quota anual de 25 euros.
Com uma sede própria, o clube tem atualmente três secções em funcionamento: Juventude, Teatro e Atletismo. Esta, é uma secção autónoma com uma direção própria e um presidente, António Oliveira, que acumula também a função de treinador. Tem 61 atletas filiados na Federação Portuguesa de Atletismo.
O clube faz a sua grande aposta na formação, com os seus atletas a darem preferência à pista, sem esquecerem o corta-mato e a estrada.
Organiza duas competições: O Grande Prémio de Atletismo de Sobral de Ceira, que terá este ano a 20ª edição no último domingo de novembro e a 5ª Milha Urbana em Maio, em parceria com a Junta de Freguesia de Ceira. A participação tem sido apreciável, com cerca de 300 atletas em cada prova.
Rico historial no Inatel
Segundo António Oliveira, a equipa do CPT Sobral de Ceira já atingiu os pontos mais elevados no Inatel, quer na pista, corta-mato, ou estrada, em provas destinadas a ambos os sexos. Foram inúmeros os títulos distritais ou nacionais obtidos, triunfos em “Grandes Prémios“, provas de estafetas como a “Volta à Conraria”, “Volta à Cidade“, “Volta dos Centros“ e a Coimbra-Lousã e Lousã-Coimbra.
Os atletas do clube estabeleceram recordes nas mais diferentes provas que se mantiveram por muitos anos. Por outro lado, atletas do clube representaram a seleção nacional em países como Portugal, Bélgica, Irlanda, Finlândia, Itália e Suíça.
Merece ainda realce a escolha do lugar do Sobral de Ceira para a localização da meta de um Campeonato Europeu de Estrada, vencido por um atleta do clube, José Simões, (irmão do atleta olímpico Aniceto Simões).
Extinção da secção em finais da década de 80 e regresso em 2013
Mas este apogeu desportivo no Inatel deixou de ter sequência no final da década de 80, quando os responsáveis que estavam na secção por motivos diversos, deixaram a modalidade e não houve quem continuasse.
Até que a secção voltou a ser reaberta em Setembro de 2013. A “culpa” foi de António Oliveira, antigo atleta do clube que depois de ter representado outros clubes nacionais, regressou ao CPT Sobral de Ceira.
O clube tem atualmente quatro treinadores. Um coordenador técnico e responsável pela planificação geral dos treinos dos atletas, a partir do escalão de iniciados de 2º ano; um treinador que está com a captação e formação; outro que apoia a formação e também alguns sectores da modalidade e com escalões mais velhos e outro responsável pelo escalão dos veteranos.
CENTRO POPULAR DE TRABALHADORES DE SOBRAL DE CEIRA
Concelho: Coimbra
Ano fundação: 1975
Presidente: Lara Joana Amado
Sócios: 280
Atletas: 61 federados
Técnicos: 4
Orçamento: 5.000 euros
Orçamento anual de cinco mil euros
A secção conta com subsídios anuais da Camara Municipal de Coimbra e da Junta de Freguesia de Ceira. Tem também apoios de patrocínios oficiais de duas empresas: Ceirasegue/Allianz e Restaurante Prymus/Bar S. José. Para além destes, consegue ainda alguns apoios pontuais de empresas da região e algumas verbas com a realização de eventos culturais.
O apoio aos atletas passa pela oferta do equipamento de competição. É facultado o fato de treino até ao escalão de juvenis e se o atleta abandonar o clube, faz a sua devolução.
Os mais velhos pagam o fato de treino. O clube garante ainda as inscrições e as deslocações para as competições nacionais. Nas provas disputadas no distrito, conta com as viaturas dos pais dos atletas e dos mais velhos.
Resultados de relevo
O clube está satisfeito com os resultados obtidos pelos seus atletas. Teve na época passada, um júnior, António Cunha, que foi 4º classificado nos 400 metros em pista coberta e David Neves, iniciado e 3º classificado nos 100 metros barreiras do Olímpico Jovem Nacional – 2017. Ainda referente à época passada, teve três veteranos campeões nacionais de pista coberta e ao ar livre (António Oliveira, Álvaro Coelho e José Veríssimo).
A nível coletivo, o clube foi campeão distrital de corta-mato em infantis masculinos e iniciados masculinos. Na pista coberta, foi também campeão em juvenis masculinos e campeões distritais absolutos, pela primeira vez. Ao ar livre, foi campeão distrital de infantis masculinos e vice-campeão nos escalões de iniciados, juvenis, juniores, seniores e masters masculinos e também em juniores femininos.
Nesta época, já conta com um juvenil – Rogério Amaral, vice-campeão nacional nos 1500 metros em pista coberta.
“Academia de Atletismo”
A curto prazo, as aspirações passam pela participação na fase final do Campeonato Nacional de Clubes – 2018.
Mas o foco principal é “Academia de Atletismo”, que começou a “funcionar” esta época desportiva. Nela, fazem parte os atletas que atingem os mínimos para os Campeonatos Nacionais nos respetivos escalões. Isto é, todos os atletas que integram a Academia, têm mais alguns apoios extras. “Sendo também uma forma de motivação para os outros atletas trabalharem mais, para desta forma entrarem para a Academia”.
Mais apoios precisam-se!
António Oliveira enumera as principais carências do clube e que passam por um maior apoio financeiro que permitisse adquirir material para um ginásio, artigos técnicos (camisolas de aquecimento e para o inverno – impermeáveis) e colchões de queda. Refere ainda a falta de um transporte próprio da secção – uma carrinha, para transportar os atletas. “Temos que nos deslocar em viaturas próprias”.
Estágio com um “garrafão de vinho”
Estórias não faltam no clube. António Oliveira conta-nos duas passadas nos finais dos anos 70. Na primeira, passada na véspera de uma competição, o treinador reteve os atletas na sede então existente. Todos ficaram lá a pernoitar e para espanto de alguns, o treinador apareceu com um garrafão de vinho. Uns ficaram contentes, outros nem tanto. Mas o garrafão estava cheio de leite!
Pontualidade britânica
A outra estória tem a ver com a pontualidade, desprezada por muita gente. “Num belo domingo, estávamos nós para sair para uma competição (saída às 8h30) e um atleta que morava perto (300 metros) do local da saída, veio à janela e disse que estava quase a sair (isto eram 8h20). Só que teve o azar de chegar às 8h33 e já não apanhou ninguém. Ou seja, foi a pé para a prova que ainda ficava a uns 10 Km”.