Segundo uma pesquisa da Nike, 80% das mulheres correm com um top errado. Muitas vezes, escolhe-se pela estética e até um tamanho menor para garantir maior firmeza.
Se dá suporte, aperta a alma e magoa os ombros. Se é bonito, não segura o balanço. Sim, escolher o top de corrida pode ser um drama. Mas não deve ser assim: pode-se encontrar um modelo que ofereça conforto e suporte na medida do seu corpo.
Pensando nisso, uma empresa de tecelagem reuniu uma equipa multidisciplinar, com fisiatras, fisiologistas, dermatologistas, radiologistas e engenheiros, para estudar qual seria o modelo de top ideal para correr.
A pesquisa, divulgada em 2012, avaliou o impacto da corrida nos seios e apresentou uma série de diretrizes para que as empresas desportivas pudessem desenvolver tops mais adequados.
Os dados mostraram que 45% das entrevistadas reclamaram do balanço dos seios; 20% do atrito ou ardor com o tecido; 15% da compressão e 12% da elevação da temperatura.
Eis algumas das principais conclusões do estudo:
- Entre três modelos de top – um sem suporte, um soutien desportivo, e um top com compressão – os dois últimos tiveram um melhor desempenho pois minimizam o balanço dos seios durante a corrida.
- A modelagem em “X” ou nadador foi a mais indicada, pois distribui a carga e a pressão das alças sobre os ombros durante o exercício.
- Tecidos ásperos, grosseiros e pesados, assim como modelos com bojo, geram mais calor e aumentam a transpiração.
- A combinação da compressão do top com o encapsulamento de cada seio do top trouxe os melhores resultados.
Enquanto as principais marcas de material desportivo do mundo investem há décadas tempo e dinheiro para criar sistemas de amortecimento mais tecnológicos para os ténis e tecidos mais leves para as t-shirts, a revolução nos tops foi tardia.
Na edição de 2015 da Maratona de Londres, a Nike entrevistou centenas de mulheres sobre as suas experiências com tops desportivos. O alto grau de insatisfação do público feminino fez a marca constatar que era preciso renovar o segmento. 80% das mulheres relataram desconforto ou dor no peito enquanto corriam. Algumas nem sequer sabiam o tamanho dos tops que deveriam usar, sobretudo em atividades de alto impacto.
O uso de um top sem a sustentação adequada pode acelerar a queda dos seios. Outro benefício de um bom top é evitar a fricção com a pele, afastando as assaduras. Um estudo feito pela empresa Santaconstancia, em parceria com a Compasso Instituto Médico, revelou que os modelos estruturados (o soutien e o top desportivo) tiveram melhor desempenho que o suporte sem encapsulamento e compressão, já que minimizam o balanço dos seios durante a corrida.
A ciência mostra que o melhor top é aquele no estilo nadador. Quando a atleta fizer um determinado movimento, o seio tende a circular num movimento que simula um ‘oito’. Sem o top adequado, a pele fica elástica e o seio, mais caído. O mercado começou a investir mais em conforto. Antigamente, o top não tinha bojo ou proteção. Era uma malha de algodão. Agora, as marcas usam tecidos que melhoram a parte de transpiração. O acumular de suor pode causar fricção e lesionar a pele
O salto de qualidade nos tops terá acontecido há três anos. Até à chegada da tecnologia ajustável, que se adapta às curvas da mulher e oferece firmeza durante os exercícios de impacto, os materiais usados nos tops eram, basicamente, poliéster e spandex.
Foi em 2015 que surgiu a grande renovação em termos de top, a partir de um olhar ainda mais exclusivo para a mulher. Houve o surgimento de um serviço personalizado, que ajuda a consumidora a encontrar o top ideal com base não apenas no tamanho, mas também de acordo com o nível de suporte necessário para cada tipo de treino.
Após diversos testes promovidos por designers e engenheiros na matriz da Nike, em Portland, saíram poliéster e spandex e entraram tecidos mais tecnológicos. As alterações ofereceram mais leveza, ventilação e conforto, além de durabilidade e um caimento mais vistoso.
Nos testes e nas entrevistas feitas durante e após a Maratona de Londres em 2015, a Nike constatou que nem todas as partes do top exigem firmeza.
A equipa da Nike faz as suas medições, faz perguntas sobre a sua atividade desportiva, pergunta qual o tipo de top que mais lhe agrada e qual o apoio que a atleta está procurando.
Top da Mizuno promete até redução de celulite
A Mizuno agora aposta num fio inteligente chamado Emana, que, segundo a marca japonesa, alia ciência e tecnologia para tornar os tops mais funcionais. Desenvolvido pela Rhódia, empresa de indústria química inovadora, o Emana promete diminuir a fadiga muscular e até os sinais da celulite.
“A nossa principal preocupação é que a corredora se sinta confortável para chegar ao resultado que almeja. Quando falamos nos tops, procuramos sustentação e conforto para as mulheres. Muitas vezes, achamos que a questão principal na corrida é a passada, mas também há a preocupação com o movimento do braço. O conforto nas alças é também importante. Queremos que as atletas façam os movimentos sem que se sintam atrapalhadas”, afirmou uma das gerentes de vestuário da Mizuno.