O presidente do Comité Olímpico do Japão, Tsunekazu Takeda pediu a demissão do cargo após o seu nome estar cada vez mais relacionado com a denúncia de que o Japão comprou votos para ser escolhido como sede dos Jogos de 2020. A acusação partiu do Ministério Público da França.
Em reunião do Conselho Executivo do Comité Olímpico nesta terça-feira, Takeda anunciou a sua saída, mas negou qualquer crime. “Eu não acho que tenha feito qualquer coisa ilegal ou errada. É lamentável que uma sombra tenha sido lançada no evento por minha causa, mas também acho que é meu dever abandonar o resto do meu mandato como presidente”, declarou Takeda, de acordo com o site Japan Times.
Ele foi presidente do Comité Olímpico durante dez mandatos, desde 2001 e é também o presidente da Comissão de Marketing do Comité Olímpico Internacional (COI), cargo ao qual também promete renunciar. “Quero afastar-me para dar espaço à geração mais jovem de se aproximar e liderar o caminho”, disse Takeda.
Os indícios de compra de voto são fortes. Pouco antes da Assembleia Geral do Comité Olímpico Internacional (COI) que escolheu Tóquio como sede dos Jogos Olímpicos de 2020, foram depositados dois milhões de dólares na conta de uma empresa baseada em Singapura, a Black Tidings. Essa empresa seria ligada ao senegalês Papa Massata Diack, filho do então presidente da IAAF, Lamine Diack. Foram as investigações das autoridades francesas sobre as movimentações financeiras dos Diack que descobriram os pagamentos supostamente relacionados com as compras de voto por brasileiros (nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro) e japoneses.
O processo corre na França, onde existe o crime de corrupção privada. De acordo com o jornal Le Monde, Takeda foi ouvido pela primeira vez no início de 2017 e depois novamente em Dezembro passado. Só então teria sido indiciado. Takeda vem de uma linhagem admirada e é bisneto do Imperador Meiji, que governou entre 1867 e 1912. É ex-atleta olímpico, tendo participado nos Jogos Olímpicos de 1972 e 1976. A sua influência sobre o desporto japonês era tão grande que ele devia ser reeleito para um 11º mandato no Comité Olímpico.