A uma semana da Maratona de Boston, Paula Radcliffe, recordista mundial da maratona, falou sobre as políticas de género da prova norte-americana.
A Maratona de Boston é uma das mais concorridas do circuito mundial – 30.000 atletas podem participar se atingirem os mínimos -, e para a inglesa, as regras atuais que permitem mulheres transgénero de correrem no género com o qual se identificam é “injusto”, segundo publicação sua numa rede social.
Atualmente, os competidores trans não têm a necessidade de passar pela reposição hormonal para competir no género com o qual se identificam. Para a edição 2019 da prova, bastará a apresentação da identidade que comprove ser do género masculino ou feminino. Vale lembrar que, na maioria dos casos, os trâmites para a mudança de identidade é bastante difícil.
Em 2018, três mulheres transgénero participaram pela primeira vez na Maratona de Boston. Stevie Romer, Amelia Gapin e Grace Fisher. A expectativa é que na edição deste ano, mais competidoras transgénero estejam presentes.
Paula Radcliffe bateu em Londres, o recorde mundial numa maratona de corrida mista, em 2003, com o tempo de 2h15m25s. Atualmente, a inglesa criticou os critérios que, segundo ela, tornam mais difícil a presença das mulheres na prova.
– “O significado sobre isso é sério, pois é notoriamente difícil de se qualificar em Boston. Abrir a qualificação de tempo das mulheres para os homens que ‘se identifiquem’ como mulheres é injusto, pois o resultado final alcançado será muito mais difícil de ser alcançado por conta dos tempos que podem alcançar” – disse numa publicação.
O argumento da recordista mundial passa pela compreensão de que os homens naturalmente devido à testosterona (hormónio masculino) dão às mulheres trans, uma vantagem física.
– “Elas (transgénero) podem identificar-se da maneira como desejarem. Apenas não deveriam fazer isso numa competição desportiva, onde eles podem privar uma mulher de uma qualificação. Isso ocorre porque os tempos de qualificação para as mulheres são mais lentos do que para os homens, já que estes são capazes de correr mais rápido que as mulheres” – avaliou.
Não é fácil participar na Maratona de Boston. Dada a elevada procura por parte dos atletas, estes precisam de apresentar um tempo pelo menos 4m52s mais rápido que o mínimo exigido – uma espécie de ‘gordura’. Como exemplo, para a edição 2019, dos 30.458 atletas com mínimos que solicitaram a inscrição, mais de sete mil foram cortados por não conseguirem o tempo necessário.
Em 2016, o Comité Olímpico Internacional mudou a sua resolução sobre os atletas transexuais em competições oficiais. A alteração permitiu que mulheres trans participassem nos Jogos Olímpicos desde que os níveis de testosterona estivessem dentro do recomendado, ou seja, até 10 nanomol por litro de sangue.
Mínimos da Maratona de Boston 2019
Idade | Homens | Mulheres |
18-34 | 3h00m | 3h30m |
35-39 | 3h05m | 3h35m |
40-44 | 3h10m | 3h40m |
45-49 | 3h20m | 3h50m |
50-54 | 3h25m | 3h55m |
55-59 | 3h35m | 4h05m |
60-64 | 3h50m | 4h20m |