Caster Semenya aparece na lista dos participantes do meeting de Doha, integrado na Liga Diamante e que se disputa hoje.
A sul-africana ainda irá correr os 800 metros porque a decisão do Tribunal Arbitral do Desporto apenas entra em vigor a partir da próxima quarta-feira, dia 8 de Maio.
Ela terá a companhia das outras duas medalhadas nos últimos Jogos Olímpicos: Francine Niyonsaba, do Burundi, e Margaret Wambui, do Quénia.
Semenya declarou que se sente perseguida com a decisão do TAS. A atleta postou, nas redes sociais, uma mensagem enigmática na manhã de quinta-feira, que pode até ser interpretada como uma possível retirada da competição:
– “Saber quando afastar-se é sabedoria. Ser capaz de ter coragem. Ficar de cabeça erguida é dignidade “, disse no twitter.
O presidente da IAAF, Sebastian Coe comentou a sentença que proíbe Semenya de correr em distâncias até à milha. “O atletismo tem duas classificações muito claras: idade e sexo. Somos ferozmente protetores destas duas partes e estou muito grato pelo TAS ter sustentado esse princípio”, disse numa entrevista coletiva realizada em Doha.
Pegando na frase do Lord Coe, na verdade se quisermos ser mais abrangentes tem 3 classificações: idade, sexo e deficiência. É obviamente nesta terceira distinção classificativa (categorias de desporto para portadores de deficiência) que deveriam estar as atletas portadoras dessa deficiência (hiperandrogenismo) e outras portadoras de deficiências desse tipo, que provocam nas atletas femininas um desenvolvimento fisiológico similar ao dos atletas masculinos. A ideia da IAAF de dar oportunidade a estas atletas de competir fora do desporto para pessoas portadoras de deficiência (reduzindo artificialmente a testosterona) é tão ridícula e absurda quanto por exemplo deixar que os resultados do atletismo em cadeira de rodas (corrido muito mais rápido que o atletismo dito normal) sejam considerados na classificação do atletismo para não portadores de deficiência (por exemplo o Eliud Kipchoge teria de melhorar mais de 41 minutos!!! para ser recordista mundial da maratona, que estaria fixado em 1h20m14s). Obviamente na maioria das deficiências, a deficiência causa incapacidade e não o contrário, mas como é mais que óbvio no caso do hiperandrogenismo, as mulheres portadoras dessa deficiência têm uma vantagem enorme por terem um desenvolvimento fisiológico similar ao dos atletas masculinos. Também os atletas com próteses têm vantagem e portanto também eles não devem ser autorizados a competirem fora do seu escalão.