Em comunicado ontem divulgado, Caster Semenya disse que foi usada como “rato de laboratório” pela IAAF no início da carreira, época em que segundo a atleta, foi submetida a um tratamento para a redução dos níveis de testosterona em atletas com hiperandrogenismo.
– “A IAAF utilizou-me no passado como um rato de laboratório para analisar como os medicamentos que me obrigaram a tomar, afetariam os meus níveis de testosterona. Embora as medicações hormonais me tenham deixado constantemente doente, a IAAF quer agora impor limites ainda mais rígidos. Não permitirei que a IAAF use o meu corpo de novo”, afirmou Semenya em comunicado divulgado através dos seus advogados.
Semenya também alertou para que outras atletas com hiperandrogenismo não se submetam à mesma situação. As declarações de Semenya são uma reação à publicação nesta terça-feira da sentença completa do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), tribunal que no dia 1 de Maio, deu razão à IAAF ao exigir que as atletas com altos níveis de testosterona no sangue, tomem medicamentos para competir nas provas femininas entre os 400 metros e a milha.
Em documento de 163 folhas com as conclusões finais, o TAS revela que a IAAF classificou as atletas com hiperandrogenismo como “atletas biologicamente masculinos com identidades de género feminino”, condição que tornaria “injusta” a competição contra outras mulheres. Semenya recorreu contra a sentença do TAS para o Tribunal Federal Supremo da Suíça, que em 3 de Junho deu razão à atleta e ordenou a imediata suspensão do novo regulamento que a forçava a medicar-se para poder continuar a competir.