Muitos corredores quando saem cedo da cama e dedicam os primeiros momentos do dia à corrida, sabem que o início do exercício não é fácil. A sensação é de que a corrida não flui e o corpo está travado, com os músculos rígidos. Mas o que explica essa dificuldade de encaixar o ritmo nos minutos iniciais de uma corrida matinal?
Ao iniciarmos uma atividade, o nosso corpo passa por uma série de transformações, deixando o estado de repouso e aumentando a produção de neurotransmissores como a serotonina, responsável pela sensação de bem-estar e prazer. Essa reação hormonal realiza ajustes em diversos órgãos e sistemas do aparelho locomotor, aumentando a produção de energia em nosso corpo.
Após uma noite de sono, o corpo está em estado de relaxamento. Requer um certo tempo para ativar novamente essa musculatura. A taxa glicémica está baixa pela manhã, o que colabora para essa sensação de letargia e faz com que o corpo não corresponda como pode. A parte hormonal também influencia nessa letargia e músculos rígidos. Se o nível de cortisol (1) estiver desregulado, não há energia para a realização da atividade física. Alguns atletas recorrem à reposição hormonal receitada por alguns médicos para que o nível de cortisol seja o adequado para a prática do exercício.
Indispensável para a realização de qualquer atividade física, o aquecimento provoca o aumento do fluxo sanguíneo, condição que eleva a temperatura corporal e prepara os grupos musculares para o exercício mais intenso. Entre cinco e dez minutos de caminhada ou corrida num ritmo moderado, inferior ao que o corredor está acostumado, já são suficientes para espantar a sensação de músculos rígidos.
Os primeiros minutos de um treino devem ser dedicados ao aquecimento, para que o corredor tenha a perceção de que está pronto para realizar o seu treino na intensidade desejada. Um exemplo: se uma pessoa corre num ritmo de 6 m/km, os primeiros 2 km podem servir como aquecimento. Assim, um ritmo de 6m40s ou 6m50s já ajuda nessa transição e faz com que não haja risco de lesão.
(1) – O cortisol é um hormónio produzido pelas glândulas suprarrenais, que estão localizadas acima dos rins. A função do cortisol é ajudar o organismo a controlar o stresse, reduzir inflamações, contribuir para o funcionamento do sistema imune e manter os níveis de açúcar no sangue constantes, assim como a pressão arterial.