Teresa Machado nasceu em Ílhavo, em 22 de Julho de 1969. Sempre gostou de desporto. Na escola, gostava de jogar andebol e já demonstrava, pela força e velocidade que manifestava, ter aptidões para os lançamentos, as quais chegaram ao conhecimento de Júlio Cirino, que viria a ser o seu único técnico. E assim começou no Galitos de Aveiro uma carreira que rapidamente chegou a primeiro plano nacional. Na sua estreia no peso, bateu logo o recorde regional de juvenis. Terminou a primeira época com 10,25 m no peso e 26,18 m no disco. Um ano depois, já chegara aos 13,40 e 46,30, recordes nacionais de juvenis e juniores. Transferiu-se para o Sporting, mas manteve-se em Aveiro, onde já trabalhava, numa fábrica de confeções.
Foi melhorando os seus recordes até aos 17,18 m no peso (em 1996) e 65,40 m no disco (em 1998), esta uma marca de classe internacional.
Representou o Galitos (1985 e 1986), Sporting CP (1987 a 1993), Junta de Freguesia de S. Jacinto (1994), Sporting CP (1995 a 2003), Operário dos Açores (2004 a 2007) e FC Porto (2008).
Toda a sua carreira foi feita em Aveiro, onde só mais de dez anos depois de a iniciar, conseguiu condições de treino compatíveis com as suas aspirações.
Lançar no jardim deu treinador na esquadra!
As dificuldades a vencer foram sempre muitas. Primeiro, a nível de instalações. Não havia em Aveiro local para treinar lançamentos e era num jardim público que a atleta fazia os seus treinos, recomendando aos transeuntes que se afastassem e não evitando um ou outro problema, até ao dia em que a polícia interveio e o seu treinador foi levado à esquadra. Mas na manhã seguinte já lá estavam novamente a treinar.
Também houve dificuldades a nível de pesos para musculação, que chegou a ser feita com sacos de areia e com barras de ferro com latas cheias de cimento nas pontas. Teve ainda problemas relativamente à disponibilidade do treinador para a acompanhar, a dada altura resolvido com a construção de um círculo de lançamentos no parque de estacionamento ao pé do seu emprego, com Júlio Cirino a dar-lhe indicações pela janela do escritório onde trabalhava!
Com o tempo, as situações foram melhorando. A certa altura, os treinos passaram a ser realizados num areal vedado e iluminado, junto à lota do peixe na Gafanha da Nazaré, e a musculação feita num ginásio da Gafanha da Encarnação, cedido pela Câmara de Ílhavo e do qual Teresa possuía uma chave.
Teresa Machado começou finalmente por ter algumas facilidades no emprego e acabou por ser totalmente dispensada, ao abrigo da sua condição de atleta de alta competição.
Carreira internacional
Teresa Machado começou a participar nas grandes competições internacionais em 1990, no Europeu de Split.
Nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, conseguiu um honroso lugar de finalista, sendo depois 10ª na final. E no ano seguinte, no Mundial de Atenas, foi sexta classificada, naquela que foi a sua melhor classificação de sempre – e até então a melhor presença nacional de sempre em competições deste nível de uma não-fundista. Voltou a ser finalista nos Jogos Olímpicos de Sydney’2000 (11ª) e, já na fase final da carreira, 7ª no Europeu de 2002 e 10ª no Mundial de 2003.
Para além destes feitos em grandes competições, há a assinalar três vitórias em Campeonatos Ibero-Americanos (1990, 1994 e 1998) e uma no Challenge Europeu (depois Taça da Europa) de Lançamentos, em 2003.
Em 24 anos de carreira, esteve em quatro Jogos Olímpicos, sete Campeonatos do Mundo e três Campeonatos Europeus (falhou o de 1994, por lesão) e foi a 18 Taças da Europa consecutivas.
Final difícil da sua carreira
A fase final da sua carreira foi complicada. Ao fim de 16 épocas a representar o Sporting, Teresa Machado incompatibilizou-se com o clube e ingressou no Operário dos Açores. Teve que recomeçar a trabalhar, como empregada doméstica, e deixou de ter tempo para treinar. A situação melhorou quando ela tirou um curso de terapia de reabilitação e ingressou numa clínica em Aveiro. Aos 38 anos e com pouco tempo para treinar, ainda se sagrou campeã nacional do disco pela 18ª vez, somando o seu 53º e último título nacional (pista e pista coberta). Em 2008, com a camisola do FC Porto, despediu-se do atletismo. Nesse ano, foi a terceira do ranking nacional com 53,30, atrás de Liliana Cá e da jovem Irina Rodrigues, quase 22 anos mais nova e que entretanto lhe arrebatou os recordes nacionais de juniores e sub’23! Perdeu em 2018 o recorde nacional do peso para Jéssica Inchude que lançou a 17,46.
Recordes nacionais
– Recordista de Portugal do disco (65,40 em 1998)
– Recordista de Portugal de pista coberta do peso (17,26 em 1998)
– Recordista nacional de sub’23 e juniores
– Recordista nacional de pista coberta de sub’23
– Ex-recordista nacional do peso (17,18 em 1996)
– Ex-recordista nacional de sub’23 (disco: 59,06 em 1991), juniores (disco: 51,76 em 1988) e juvenis (peso/4kg: 13,40 em 1986 e disco: 46,30 em 1986)
Títulos nacionais
Pista (34): peso (16) – 1988 a 1993 e 1994 a 2004; disco (18) – 1986, 1988, 1991 a 1993 e 1995 a 2007
Pista coberta (19): peso – 1987 a 2005
– PARABÉNS TERESA MACHADO!