A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo de 5 g de sal por dia para um adulto mas, em média, os portugueses consomem 10,7 g de sal por dia (estudo PHYSA), o que corresponde ao dobro do recomendado.
De facto, o sal é um mineral constituído por sódio e o cloro. O sódio é um nutriente essencial ao organismo mas, em excesso, comporta sérios riscos para a saúde, estando relacionado com o aumento da pressão arterial.
Agora, imagine se fosse proibido pôr sal na comida. Se tivesse que comer todas as refeições apenas com o sal natural dos alimentos. Difícil, não é? A Food and Drugs Administration (FDA), órgão que controla a qualidade dos alimentos nos Estados Unidos) descobriu há alguns anos que isso é parte de uma “cultura do sal”. Ao longo dos anos, o sal foi-se tornando cada vez mais necessário na dieta das pessoas.
O sal em excesso é um vilão na saúde. Devido ao alto nível de sódio (e estamos falando do sódio adicional contido no produto, e não do sódio “natural” do sal, o “Na” do NaCl, cloreto de sódio), aumenta o risco de ataque cardíaco devido à elevação da pressão sanguínea.
Por essa razão, as autoridades querem limitar o consumo de sal da população. Essa mudança, deve partir tanto das pessoas como da indústria de alimentos. À população, cabe tentar reduzir, gradualmente, a importância do saleiro na mesa durante a refeição. A maioria dos alimentos salgados não precisa naturalmente de mais sal, mas o paladar das pessoas já se habitou a quantidades acima da recomendada. Por isso a mudança deve ser gradual, já que seria intragável comer salada, por exemplo, sem sal, para quem já se acostumou. E as indústrias alimentares também devem colaborar, com produtos menos salgados.
Se as empresas forem diminuindo paulatinamente a quantidade de sal nos alimentos, será mais fácil para os consumidores “aceitarem” a diminuição. Não pode haver um “choque” na retirada de sal.
Um médico americano experimentou, com quatro colegas, fazer uma dieta livre de sal e anotar os resultados. Com uma semana nesta dieta, o nível de sódio no organismo (medido através da urina) caiu 90%, eles perderam, em média, 1,3kg. Segundo ele, não foi muito difícil entrar na dieta livre do sal. O difícil foi manter-se nela.
“Eu não poderia ter mais vida social. Em qualquer restaurante, as comidas têm sal, eu teria que levar uma sacola com o meu próprio lanche sempre que saísse com os meus amigos. Não é fácil ter uma dieta totalmente diferente do mundo à sua volta”.
Por essa razão, a mudança não pode simplesmente partir do indivíduo. É preciso que a “estrutura alimentar” da sociedade leve menos sal, e isso inclui as indústrias e os restaurantes.
Como reduzir o consumo de sal à mesa?
- Diminua o sal de forma gradual. As nossas papilas gustativas vão habituar-se gradualmente a alimentos com menor teor de sal;
- Substitua o sal usado na confeção das refeições.A expressão “A comida não tem sabor sem sal” está completamente ultrapassada. Atualmente, existem inúmeras alternativas para compensar o sal: use ervas aromáticas (exemplo: salsa, hortelã, coentros, orégãos, tomilho, alecrim…), especiarias (exemplo: pimenta, colorau/pimentão, açafrão, noz-moscada, caril…) ou sumo de limão;
- Evite alimentos com elevado teor de sal, como enlatados, batatas fritas de pacote, aperitivos salgados, sopas instantâneas e produtos de charcutaria;
- Evite molhos pré-feitos como mostarda, ketchup, molhos prontos para saladas e outros;
- Leia cuidadosamente os rótulos dos alimentos: o sal pode vir disfarçado de sódio, cloreto de sódio, glutamato monossódico ou bicarbonato de sódio. Opte por alimentos que tenham menos quantidade de sódio (Na);
- Evite levar o saleiro para a mesa.Desta forma reduz a tentação de pôr mais uma “pitada” de sal na comida;
- Na sua farmácia pode encontrar cloreto de potássio, um sal sem sódio, podendo ser uma alternativa para temperar a sua comida.