Merlene Ottey fez ontem 60 anos. Ganhou nove medalhas olímpicas entre 1980 e 2000 mas nunca conseguiu uma de ouro. Terminou a sua carreira com a nacionalidade eslovena.
Merlene Ottey foi uma das melhores velocistas mundiais nos anos 90 mas nunca chegou ao ouro olímpico. Ganhou três medalhas de prata e seis de bronze
A carreira de Merlene começou bem cedo. Ainda tinha 20 anos e já conseguia uma medalha de bronze nos 200 m nos Jogos Olímpicos de Moscovo 1980, numa época em que a Jamaica não era ainda reconhecida como um país de sprinters.
A sua trajetória olímpica só terminou aos 40 anos de idade, em Sydney 2000, com um bronze individual nos 100 m e uma prata nos 4×100 m. Os seus recordes pessoais eram de 21,64 s aos 200 m e 10,74 s aos 100 m.
Ottey, que açambarcou 21 medalhas em Mundiais ao ar livre e em pista coberta, continuou a correr até aos 52 anos mas por outro país. Entre 2002 e 2012, correu pela bandeira da Eslovénia. Tudo porque ela mudou-se para aquele país para ser treinada por Srdan Dordevic, uma decisão difícil de compreender quando a velocidade na Jamaica estava no auge.
Ottey também teve uma situação complicada quando em 1999 acusou positivo por um anabolizante na amostra B de um controlo. Ela disse que foi “um terrível erro” e que nunca foi voluntário. Apesar de ter perdido os Mundiais de Sevilha em 1999, a IAAF deixou-a competir nos Jogos Olímpicos de Sydney, depois de o TAS lhe ter dado razão.
Ela foi então quarta na prova mas receberia depois a medalha de bronze devido à desqualificação da norte-americana Marion Jones. Também ganhou uma prata na estafeta 4×100 m mas ficou aborrecida com a Jamaica e disse: “Não entendem que uma mulher de 40 anos possa correr, querem tirar-me do desporto”.
Daí, a sua emigração para a Europa e uma vida tranquila na Eslovénia. Mesmo com um nível mais baixo do que nos seus tempos áureos, ainda esteve nos Jogos de Atenas 2004, com 44 anos de idade e foi a grande figura dos Campeonatos da Europa. Com 47 anos, esteve nos Mundiais de Osaka 2007. Com 52, fez parte da estafeta eslovena de 4×100 m em Helsínquia 2012.
Atualmente, está casada com o ex-velocista italiano Stefano Tilli e vive na Suíça. Foi uma pioneira jamaicana, depois dela chegaram Veronica Campbell, Shelly Ann-Fraser, Elaine Thompson e tantas outras.