Entre as modalidades envolvidas, também esteve o atletismo
O jornal diário Mail on Sunday revelou na edição de ontem que 91 desportistas britânicos de pelo menos oito modalidades diferentes, foram usados como cobaias para melhorar o seu rendimento nos Jogos Olímpicos de Londres, antes deles mesmos se realizarem e recebendo depois, doses nas provas. Vários desses atletas sofreram posteriormente efeitos secundários.
A substância que se conhece como “Delta G”, é uma bebida que proporciona cetonas aos atletas, que são moléculas que aumentam a quantidade de glicógeno no corpo, atrasando o aparecimento de ácido lático. Essa substância foi desenvolvida pela Universidade de Oxford para ser utilizada nas Forças Especiais norte-americanas, pelo valor de dez milhões de dólares.
A UK Sport, organismo regulador do desporto britânico, perguntou à Agência Mundial Antidoping (AMA) se esta substância era legal. A AMA respondeu que a cetona não estava proibida mas que podia vir a estar. Face a estas dúvidas, a UK Sport deixou claro aos participantes do programa que não garantia que durante o processo, se cumprisse completamente com as normas antidoping e que em caso de dar positivo, a culpa seria do atleta e nunca da entidade.
Os 91 atletas tiveram que assinar um acordo de confidencialidade e inclusivamente, aceitar que não estava garantido que não aparecessem efeitos secundários e em caso de existirem, teriam que ser assumidos por eles mesmos, sem que a UK Sport tivesse alguma responsabilidade.
Segundo o inquérito do Mail on Sunday, 40% dos desportistas que testaram este produto, foram vítimas de efeitos secundários ao nível gastro-intestinal (vómitos, etc). Dos 91 desportistas selecionados, 29 pararam com o teste por aquela razão, depois mais 24 foram retirados do programa porque estimaram que o produto não lhes traria qualquer tipo de vantagem.
A atleta Emma Jackson, especialista dos 800 metros, afirmou “eles jogam com a vida das pessoas”. Ela ainda pensa que as lesões sofridas que puseram fim à sua carreira, foram causadas por um medicamento prescrito por um médico.
Quanto às modalidades envolvidas, as principais foram o atletismo, rugby, remo, ciclismo, hóquei em campo, vela, natação e pentatlo moderno. O diário britânico revela que a UK Sport tinha intenções de aplicar o produto de forma generalizada em desportistas olímpicos e paralímpicos.
Nos Jogos de Londres em 2012, a equipa britânica alcançou 29 medalhas de ouro, mais dez que em Pequim 2008, para um total de 65 medalhas, mais 14 que em Pequim, sendo este o seu melhor resultados desde os Jogos de Londres 1908.