Foi uma época atípica, devido ao Covid’19, sem provas entre meados de março (já não se realizou o Mundial de pista coberta) e finais de junho e, mesmo depois, com estas muito limitadas, os atletas separados entre si, os programas alterados (pentatlo em vez de decatlo, 2000 m obstáculos – sem vala de água – em vez de 3000 m obstáculos, 3000 m como distância maior tanto nas corridas como na marcha, os campeonatos distribuídos por várias pistas e sem confrontos diretos em muitos casos). Os rankings ressentiram-se naturalmente, com uma ou outra rara exceção. A mais notória foi a do salto em altura, com recordes nacionais absoluto (Paulo Conceição, com 2,25 e 2,28 na mesma prova) e de sub’23 (Gerson Baldé, com 2,21 e 2,23) e um terceiro atleta (Victor Korst, 2,25) acima de 2,23. A média dos 10 primeiros (2,138) foi a melhor de sempre (antes: 2,121 em 2019). A dos 20 (2,052) ficou aquém da melhor (2,06 em 2014). Em apenas seis provas, o líder deste ano superou a marca do seu homólogo do ano passado, o que não surpreende: 200 m, 1500 m, 5000 m, 400 m barreiras, altura e disco (a marca da vara foi igual).
Naturalmente que o nosso pódio do ano é dominado por saltadores em altura. Deixámos de fora Victor Korst, com excelentes 2,25 mas menos consistente. A exceção é Tiago Pereira, também ele saltador em altura mas neste caso a brilhar no triplo. Não considerámos William Reais, atleta luso-suíço mas que nunca competiu em Portugal e optou pela Suíça nas competições internacionais.
A nível coletivo, larga superioridade do Benfica, campeão nacional pelo 10º ano consecutivo e a ameaçar as séries recorde do Sporting, de 12 anos (1968-1979) e 11 anos (1956-1966). Sporting e SC Braga completaram o pódio, tal como em 2018 e 2019.
PÓDIO
1º PAULO CONCEIÇÃO (BENFICA): Foi sem dúvida, a principal figura da época, sendo pena que uma lesão grave (com necessidade de cirurgia) o tenha obrigado a parar logo na primeira quinzena de fevereiro, pouco depois de, numa mesma prova no Luxemburgo, ter batido por duas vezes o seu anterior recorde nacional (2,24, igualmente em pista coberta, em 2016), com 2,25 e 2,28.
2º TIAGO PEREIRA (SPORTING): Grande progressão de 16,60 no triplo (em 2019) para 16,94, com outras marcas rondando os 16,50. Com Pichardo e Évora ausentes, sagrou-se campeão de Portugal (e vice na altura).
3º GERSON BALDÉ (BENFICA): Depois de progredir de 2,02 em 2018 para 2,17 em 2019 (foi a Revelação do Ano), confirmou com nova progressão, agora para 2,23, com mais três marcas a 2,20 ou mais. Bateu o recorde nacional sub’23 e sagrou-se campeão de Portugal, tanto em pista coberta como ao ar livre.
MENÇÕES HONROSAS:
Desde logo Victor Korst, que subiu a segundo saltador nacional em altura de sempre, com 2,25, mais cinco centímetros que o seu máximo anterior de 2,20, em 2015, ainda recorde nacional de juniores. Dois jovens (sub’23) lançadores em foco foram Ruben Antunes, que progrediu de 68,20 para 69,85 no martelo, e Emanuel Sousa, que passou de 56,04 para 58,30, liderando já o ranking anual do disco. Excelente, novamente, Leandro Ramos, que se aproximou a menos de um metro (76,72) do seu recorde nacional batido em 2019 (77,52) e por seis vezes passou os 75 metros, que antes apenas atingira aquando do recorde. Embora longe do seu recorde (21,56 em 2017), Tsanko Arnaudov lançou quatro vezes na casa dos 20,70. Referência ainda para os progressos do quatrocentista João Coelho.
A CONFIRMAÇÃO: ISAAC NADER (BENFICA)
Com Gerson Baldé no pódio, optámos por Isaac Nader, também sub’23, que liderou os rankings de 800 m (1.47,93) e 1500 m (3.39,97), em ambos os casos com progressão agradável: tinha como melhor 1.49,26 e 3.43,77, em 2019.
A REVELAÇÃO: SISÍNIO AMBRIZ (BENFICA)
Já havia dado nas vistas enquanto iniciado, em 2019, mas a sua primeira época de juvenil excedeu as expetativas, salientando-se nas mais diversas especialidades (liderou – e destacado – os rankings nacionais de juvenis em seis provas), com relevo especial para o comprimento, prova na qual bateu já o recorde nacional de juvenis, progredindo de 7,09 para 7,46.
OS PÓDIOS ANUAIS DA REVISTA ATLETISMO
1998 | 1º António Pinto | 2º Rui Silva | 3º Carlos Silva |
1999 | 1º António Pinto | 2º Rui Silva | 3º Luís Novo |
2000 | 1º António Pinto | 2º Mário Aníbal | 3º Carlos Calado |
2001 | 1º Carlos Calado | 2º Rui Silva | 3º Mário Aníbal |
2002 | 1º Francis Obikwelu | 2º Rui Silva | 3º João Vieira |
2003 | 1º Rui Silva | 2º Alberto Chaíça | 3º João Vieira |
2004 | 1º Francis Obikwelu | 2º Rui Silva | 3º Alberto Chaíça |
2005 | 1º Rui Silva | 2º Francis Obikwelu | 3º Paulo Bernardo |
2006 | 1º Francis Obikwelu | 2º Nelson Évora | 3º João Vieira |
2007 | 1º Nelson Évora | 2º Rafael Gonçalves | 3º Arnaldo Abrantes |
2008 | 1º Nelson Évora | 2º António Pereira | 3º Marco Fortes |
2009 | 1º Nelson Évora | 2º Marco Fortes | 3º José Moreira |
2010 | 1º João Vieira | 2º Marco Fortes | 3º Francis Obikwelu |
2011 | 1º Marco Fortes | 2º Nelson Évora | 3º Marcos Chuva |
2012 | 1º Marco Fortes | 2º João Vieira | 3º João Almeida |
2013 | 1º João Vieira | 2º Marcos Chuva | 3º Rasul Dabo |
2014 | 1º Vítor Ricardo Santos | 2º Yazaldes Nascimento | 3º Marco Fortes |
2015 | 1º Nelson Évora | 2º Yazaldes Nascimento | 3º Tsanko Arnaudov |
2016 | 1º Tsanko Arnaudov | 2º Nelson Évora | 3º Paulo Conceição |
2017 | 1º Nelson Évora | 2º Tsanko Arnaudov | 3º Francisco Belo |
2018 | 1º Nelson Évora | 2º Vítor Ricardo Santos | 3º Tsanko Arnaudov |
2019 | 1º João Vieira | 2º Pedro Pichardo | 3º Francisco Belo |
2020 | 1º Paulo Conceição | 2º Tiago Pereira | 3º Gelson Baldé |
+ Excelente (3º lugar) a presença da seleção júnior no Europeu de Corta-Mato, com Etson Barros em 4º. Duarte Gomes em 14º e Miguel Moreira em 21º. Sem ser brilhante (longe disso) a presença da equipa sénior não desmereceu, com um 7º lugar entre 16 equipas, enquanto a seleção sub’23 foi muito fraca (13º lugar entre 15)
+ A melhor média de sempre dos 10 e 20 melhores do ano no salto em altura, mesmo com uma época com menos provas.
NEGATIVO
– A escassez de competições a que a pandemia obrigou, agravada pelas polémicas (no mínimo…) decisões federativas quanto à forma de disputa das competições.
– A ausência absoluta de competições internacionais, salvo o Europeu de corta-mato, em dezembro de 20l9 e o Mundial de meia-maratona, em outubro de 2020.
RECORDES DE PORTUGAL BATIDO EM 2020
Altura | Paulo Conceição (Benfica) | 2,25 pc | Luxemburgo | 01-02-2020 |
Altura | Paulo Conceição (Benfica) | 2,28 pc | Luxemburgo | 01-02-2020 |
1º | Paulo Conceição | SLB | altura | 2,28pc |
2º | William Reais | (Sui) | 200 m | 20,24 |
Victor Korst | SLB | altura | 2,25 | |
3º | Gerson Baldé | SLB | altura | 2,23 |
4º | Tiago Pereira | SCP | triplo | 16,94 |
5º | William Reais | (Sui) | 400 m | 46,58 |
Ruben Antunes | SCP | martelo | 69,85 | |
7º | João Oliveira | SLB | 110 bar. | 14 |
8º | Emanuel Sousa | SLB | disco | 58,3 |
10º | João Pedro Buaró | GDE | vara | 5,15 |