Focado no público jovem, Nitro Athletics será disputado em três dias em Melbourne. O primeiro será já dia 4
Há eventos de força, de técnica, de resistência. Mas a ideia de que se trata de medir quem é mais o rápido, salta mais alto ou mais longe fica aquém da proposta do Nitro Athletics. Com um formato que valoriza o trabalho em equipe e com um sistema de pontuação que exige tática e estratégia, a competição com aspecto de gincana, entra no calendário do atletismo mundial como teste para uma nova era de entretenimento do desporto. Serão três dias (4, 9 e 11 de Fevereiro) de shows e provas no Melbourne Lakeside Stadium, na Austrália.
Desde que assumiu a presidência da IAAF, Sebastian Coe bate na tecla de que é preciso mudar-se o formato como o desporto se apresenta ao público. Procurando uma maior atratividade para as transmissões de televisão e para os fãs que compram os bilhetes para os estádios, surgiu a ideia de repaginar as disputas. Torná-las mais dinâmicas, interativas e instigantes para o público.
Ao firmar a parceria para a competição que testará este formato, a IAAF apoiou-se na imagem do atleta mais icónico da atualidade, Usain Bolt, que dá assim mais um passo rumo ao papel de embaixador do atletismo. É o nome forte para as vendas publicitárias e o único a contar com uma equipa especial na competição.
Enquanto as outras equipas reunirão separadamente atletas de Austrália, Grã-Bretanha, Nova Zelândia, China e Japão, o homem mais rápido do mundo será o capitão de uma equipa batizada de Bolt All-Stars. Entre os nomes mais conhecidos estão Michael Frater e Asafa Powell. – Isto será atletismo como nunca visto antes, e é por isso que estou envolvido não só como competidor, mas também como capitão. O Nitro Athletics é o que o atletismo precisa, uma forma nova de apresentar o esporte. Não vejo a hora de estar na pista para dividir isso com os fãs – disse o tricampeão olímpicos dos 100m, 200m e do 4x100m na entrevista coletiva de lançamento do evento.
Equipe liderada por Bolt também tem atletas fora da Jamaica
Cada uma das seis equipas contará com 24 atletas, 12 homens e 12 mulheres. O programa vai combinar eventos tradicionais com outros em distâncias ou período de tempo não convencionais. Mas a principal diferença para as disputas tradicionais, está na forma como os resultados serão convertidos em pontos para as equipas.
O objetivo é valorizar mais a performance em grupo do que do indivíduo. A pontuação base é de 100 pontos para o primeiro colocado de forma decrescente até 40 pontos para o sexto. Mas estes números podem mudar de acordo com a estratégia das equipas e com a sorte.
Antes da competição começar, um sorteio definirá dois bónus que as equipes poderão usar. Um deles dobrará a pontuação da equipa em determinado evento (batizado de Nitro Power Play), enquanto o outro (Nitro Turbo Charge), exclusivo do salto em comprimento, poderá beneficiar o atleta que alcançar uma marca específica pré-estabelecida.
Apesar de reforçar que as competições tradicionais como Mundiais e Jogos Olimpícos ainda manterão a estrutura tradicional, Coe não esconde o entusiasmo em ver a ideia tornar-se real. Para o dirigente, a interação que ocorrerá entre atletas e espectadores, facilitará o surgimento de ídolos e reforçará o poder comercial do desporto.
– “O atletismo, em sua forma tradicional, segue como pilar dos Jogos Olímpicos, e o nosso Mundial segue extremamente forte e atraente, como veremos em Londres em Agosto. Mas precisamos de inovação e mais oportunidades para nossos atletas interagirem com fãs e mostrarem as suas personalidades, e o Nitro Athletics é um grande exemplo do que pode ser feito para revolucionar como nos apresentamos e como os nossos fãs se conectam com o desporto. Precisamos de eventos que tragam de volta a diversão para crianças e multidões e que tragam uma nova dimensão para outros eventos em que há procura de recordes”.