Usain Bolt e Simone Biles eleitos “Melhores Atletas do Ano”
No dia 5 de Agosto de 2016, dez atletas da equipa olímpica de Atletas Refugiados fizeram história e conquistaram os corações do mundo ao entrarem no Estádio do Maracanã, na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos.
Naquele momento, foi apresentada ao mundo a primeira equipa de atletas refugiados a competir nuns Jogos Olímpicos. Caminhando sob a bandeira olímpica, eles uniram-se aos maiores atletas do mundo e enviaram uma mensagem de inspiração às pessoas deslocadas em todo o mundo.
A Equipa Olímpica de Atletas Refugiados recebeu agora o prémio Laureus Sport for Good na categoria de Inspiração Desportiva antes da cerimónia de premiação Laureus World Sports Awards 2017, no Mónaco. A equipa foi anunciada como vencedora durante uma conferência da imprensa pela marroquina Nawal El Moutawakel, membro da Laureus Academy e da comissão de coordenação do COI para os Jogos Olímpicos 2016.
A equipa foi liderada pela chefe da missão e membro da Laureus Academy, Teegla Loroupe, uma das maiores fundistas de todos os tempos. O vínculo entre Loroupe e as atletas era claro, pois muitos dos membros da equipa a descreveram como sua mãe. Durante os jogos, a equipa formada por atletas da Síria, Congo, Etiópia e Sudão do Sul, competiu em atletismo, natação e judo.
Tecla Loroupe
– “Este prémio é para as 65,4 milhões de pessoas deslocadas no mundo, que não podem ir para as suas casas por causa do conflito. Cada uma das dez pessoas inspiradoras da nossa equipa, triunfou sobre a adversidade e enfrentou viagens inimagináveis para chegar à linha de partida. Nós não estávamos no Rio para ganhar medalhas; nós estávamos lá com a ajuda do COI e do UNHCR para usar o desporto e enviar uma mensagem de esperança e positividade para as pessoas ao redor do mundo. Mais trabalho deve ser feito para resolver a crise dos refugiados. Precisamos trabalhar juntos para construir um mundo mais pacífico para todas” – afirmou Tegla Loroupe.
Na conferência da imprensa, Tegla Loroupe estava acompanhada por dois membros da Equipa Olímpica de Atletas Refugiados, o sul-sudanês Yiech Pur Biel, das provas de 800 metros do atletismo e o nadador sírio Rami Anis.
Atleta Refugiado Yiech Pur Biel
Aos nove anos, Yiech Pur Biel perdeu-se na savana, quando a sua mãe e os seus irmãos mais jovens fugiram da guerra civil do Sudão, em 2005. Desde então, ele não teve mais notícias da família. Abandonado, ele defendeu-se na savana, alimentando-se de frutas ou folhas que encontrava e lutando para sobreviver longe da guerra. A jornada de Biel levou-o a um campo de refugiados em Kakuma, no Quénia. Lá, ele conheceu Tegla Loroupe e aprendeu a correr. Através do trabalho da Fundação de Paz Tegla Loroupe, ele teve a oportunidade de treinar no campo de atletismo dos refugiados em N’ngo. Dez meses depois, Yiech estava na linha de partida no Rio preparando-se para correr contra os melhores do mundo.
– “Estar aqui para receber este prémio entregue por essas lendas do desporto é, na minha opinião, algo difícil de imaginar. No Rio, estivemos ao lado dos melhores atletas do mundo e provámos que embora sendo refugiados, podemos participar do maior evento desportivo do planeta. O desporto trouxe-me esperança e acredito que podemos levar confiança e inspiração aos nossos companheiros refugiados” – disse Yiech Pur Biel.
Nadador Refugiado Rami Anis
Rami Anis cresceu na capital síria de Aleppo. Nadador talentoso de pouca idade, ele foi um dos mais brilhantes astros do desporto de todos os países competindo como integrante da equipa nacional da Síria. Em 2011, com a crescente instabilidade na cidade, Rami fugiu como tantos outros à sua volta. Uma viagem para a Europa pela Turquia e a perigosa travessia pelo mar para a Grécia. Uma falha no motor do barco, fê-lo passar pela Macedónia, Sérvia, Croácia, Hungria, Áustria, Alemanha e finalmente chegar à Bélgica. Rami voltou a treinar, levou o seu corpo ao limite e foi selecionado como um dos dez atletas para representar a Equipa Olímpica de Atletas Refugiados. No Rio, Rami melhorou o seu recorde pessoal nas eliminatórias de 100m livres.
– “Este prémio significa muito. Não apenas para a Equipa Olímpica de Atletas Refugiados, mas também para as pessoas que nos ofereceram suporte na nossa jornada rumo aos Jogos Olímpicos. O desporto dá oportunidade a todos, e o que aconteceu no Rio de Janeiro, mostrou às pessoas no mundo inteiro que enfrentam dificuldades e medos, que há esperança” – afirmou Rami.
Usain Bolt e Simone Biles eleitos “Melhores Atletas do Ano”
O velocista jamaicano Usain Bolt e a ginasta americana Simone Biles foram os grandes destaques da cerimónia de entrega do Laureus, considerado o “Oscar do desporto”, ao conquistarem os prémios de Melhores Atletas do Ano nas categorias masculina e feminina.
Outro grande nome do desporto premiado na cerimónia foi Michael Phelps, que recebeu o prémio de Retorno do Ano.
Bolt recebeu o prémio pela quarta vez, um feito que só foi conseguido até hoje pelos tenistas Serena Williams e Roger Federer e pelo surfista Kelly Slater.
O jamaicano superou dois jogadores de basquetebol americanos na preferência do júri: Stephen Curry e LeBron James, além do fundista britânico Mo Farah, o tenista escocês Andy Murray e o português Cristiano Ronaldo.
Outros premiados da noite foram a esgrimista italiana Beatrice Vio, que recebeu o Laureus de Melhor Atleta com deficiência, e a britânica Rachel Atherton, do mountain bike, que ganhou na categoria Atleta de ação do ano, na qual concorria o skatista brasileiro Pedro Barros.
Relação de premiados no Laureus:
– Melhor Atleta masculino do ano: Usain Bolt (JAM/atletismo)
– Melhor Atleta feminina do ano: Simone Biles (EUA/ginástica)
– Melhor Equipa do ano: Chicago Cubs (EUA/beisebol)
– Melhor Atleta revelação: Nico Rosberg (ALE/Fórmula 1)
– Melhor Retorno do ano: Michael Phelps (EUA/natação)
– Melhor Atleta com deficiência: Beatrice Vio (ITA/esgrima)
– Melhor Atleta de ação do ano: Rachel Atherton (GBR/BTT)