Em altura de rescaldo da participação portuguesa nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e num tempo em que se fala cada vez mais na crise de valores e na falta de renovação do atletismo português, há uma reflexão incontornável que não poderá deixar de ser feita e que ajudará a compreender esta realidade, projetando aquilo que poderá vir a ser a representação portuguesa nos Jogos de Tóquio, dentro de quatro anos.
Sabendo-se de antemão que a idade é um fator decisivo para o sucesso e tendo por base aquilo que foi a nossa representação no Rio de Janeiro, onde estiveram presentes 24 atletas e apenas quatro alcançaram honras de finalista, facilmente se concluirá que as perspetivas para Tóquio serão bem mais pessimistas.
Assim, dos quatro finalistas do Rio, três terão 36 anos (Nelson Évora, Ana Cabecinha e Susana Costa) e apenas uma 32 (Patrícia Mamona). Dos restantes, há quatro que em 2020 já terão entrado na casa dos 40: João e Sérgio Vieira, com 44; Ricardo Ribas, 42; e Inês Henriques, 40. Entre os 35 e os 39 anos estarão seis: Rui Pedro Silva (39); Jéssica Augusto (38); Ana Dulce Félix e Lorene Bazolo (ambas 37) e Pedro Isidro e Maria Leonor Tavares (35).
Entre os 30 e os 34 anos, portanto numa idade ainda competitiva, estarão Sara Moreira (34), Vera Barbosa (31) e Carla Salomé Rocha (30). Abaixo dos 30 anos, e numa idade de ainda poderem repetir presença olímpica, estarão apenas o marchador Miguel Carvalho e a velocista Cátia Azevedo (ambos com 26), a meio-fundista Marta Pen (27), o lançador Tsanko Arnaudov e a marchadora Daniela Cardoso (ambos com 28) e igualmente a lançadora Irina Rodrigues e a varista Marta Onofre (as duas com 29).