Portugal classificou-se num honroso 5º lugar na I Liga do Campeonato da Europa de Seleções, em Vaasa (Finlândia), a 20,5 pontos do 3º lugar, que daria acesso à Superliga das 12 nações mais fortes. Igualou assim as classificações conseguidas em 2013 e 2015 (fora 7º em 2014), pelo que bem se pode dizer que Portugal continua a ser 17º na Europa, uma classificação honrosa entre as cerca de 45 nações concorrentes às quatro ligas/divisões.
A equipa nacional pode queixar-se de várias ausências – e as de Sara Moreira, Jéssica Augusto, Nelson Évora e Tiago Aperta terão custado cerca de 25 pontos! -, de alguns azares (queda de Emanuel Rolim nos 1500 m, nomeadamente) e de alguns “falhanços” (o 11º lugar de Francisco Belo foi o mais notório na jornada deste domingo), pelo que será sempre possível pensar que a subida à Superliga esteve ao alcance. É verdade, mas outras equipas tiveram igualmente baixas e falhas. Resta saber se tantas!…
A derradeira jornada proporcionou mais três vitórias individuais a Portugal, a juntar às de Tsanko Arnaudov e Patrícia Mamona na véspera. O principal destaque vai para Hélio Gomes, que nos 3000 m, seguiu sempre o super-favorito Ali Kaya (turco, ex-queniano), campeão europeu de 3000 m em pista coberta e corta-mato em 2015, deixando-o para trás na reta final (7.55,94-7.59,54). Irina Rodrigues, que ganhou o disco com quase cinco metros de vantagem (!), lançando 59,62 m em condições pouco favoráveis, confirmou o favoritismo, tal como Diogo Ferreira, que “limpou” todas as alturas incluindo 5,45 m, só falhando a 5,55, quando já era vencedor.
Mas surpresas bem agradáveis foram ainda Hélio Vaz, sensacional 3º nos 110 m barreiras, com recorde pessoal (de 14,25 para 14,23 s); e Evelise Veiga, 2ª no comprimento, com a melhor marca do ano (6,36 m).
Negativamente, há a assinalar o 10º lugar de Emanuel Rolim nos 800 m (não se dá com corridas táticas…); o 9º de Ricardo Jaquité no triplo (com apenas 15,32 m); o 5º de Marta Pen nos 1500 m (era candidata à vitória); e, principalmente, o 11º de Francisco Belo no disco, com apenas 50,96 m (é incompreensível só haver três lançamentos para 8 dos 12 concorrentes). As restantes posições modestas (entre as quais o 10º lugar da equipa masculina de 4×400 m) já não surpreenderam. Ao longo das 40 provas, Portugal foi 10º ou pior em nada menos de nove. O atletismo nacional ainda tem muitas lacunas para poder aspirar à Superliga!…
Suécia vencedora, Suíça surpreendente
Sem surpresa, Suécia (1ª) e Finlândia (2ª) regressaram à Superliga. Inesperado foi o 3º lugar da Suíça, que estava na II Liga em 2014 (ganhou-a nesse ano) e foi apenas oitava na I Liga há dois anos. A Turquia ficou a 3,5 pontos da subida. Estónia (10ª), Bulgária (11ª) e Dinamarca (12ª) regressam à II Liga.
A grande marca da última jornada foi conseguida pelo finlandês Tero Pitkamaki, cujos 88,27 m no dardo constituem recorde do Europeu de Seleções. Outro recorde foi conseguido pelo turco Ramil Guliyev (ex-Azerbeijão), com 20,20 s nos 200 metros. Refira-se que, incompreensivelmente, a Associação Europeia não considera na lista de recordes as marcas da Taça da Europa, competição que diretamente deu origem a esta…
Eis os vencedores e a presença portuguesa
200m (+1,3) | Ramil Guliyev | TUR | 20,20 | 4º David Lima | 20,87 | |
800 m | Mark English | IRL | 1.49,02 | 10º Emanuel Rolim | 1.52,45 | |
3000 m | Hélio Gomes | POR | 7.55,94 | (2º Ali Kaya TUR | 7.59,54) | |
3000 ob. | Ole Hesselbjerg | DIN | 8.37,02 | 6º Luís Miguel Borges | 8.49,67 | |
110b (-0,2) | Andreas Martinsen | DIN | 13,64 | 3º Hélio Vaz | 14,23 | |
Vara | Diogo Ferreira | POR | 5,45 | (2º Erik Dolve NOR | 5,30) | |
Triplo | Simo Lipsanen | FIN | 16,75/+1,2 | 9º Ricardo Jaquité | 15,32/+0,9 | |
Disco | Daniel Stahl | SUE | 66,41 | 11º Francisco Belo | 50,96 | |
Dardo | Tero Pitkamaki | FIN | 88,27 | 12º Mário Marques | 61,75 | |
4×400 m | Bélgica | BEL | 3.04,87 | 10º Portugal | 3.12,74 | |
FEMININOS | ||||||
200m (-1,3) | Ivet Lalova | BUL | 23,33 | 3ª Lorène Bazolo | 23,76 | |
1500 m | Claudia Bolocea | ROM | 4.14,50 | 5ª Marta Pen | 4.17,66 | |
5000 m | Fabienne Schlumpf | SUI | 15.47,29 | 9ª Daniela Cunha | 16.40,63 | |
100b (+0,4) | Noemi Zbaren | SUI | 13,28 | 9ª Lecabela Quaresma | 14,05/-0,9* | |
Altura | Sofie Skoog | SUE | 1,90 | 7ª Anabela Neto | 1,75 | |
Comp. | Khaddi Sagnia | SUE | 6,52/-2,2 | 2ª Evelise Veiga | 6,36/+1,9 | |
Peso | Emel Dereli | TUR | 17,97 | 11ª Lecabela Quaresma | 12,98 | |
Disco | Irina Rodrigues | POR | 59,62 | (2ª Salla Sipponen FIN | 54,97) | |
4×400 m | Roménia | ROM | 3.31,83 | 5º Portugal | 3.36,44 | |
* na eliminatória |
Classificação final
1º Suécia | 320,5 |
2º Finlândia | 314,5 |
3º Suiça | 305,5 |
4º Turquia | 302 |
5º Portugal | 285 |
6º Noruega | 272,5 |
7º Roménia | 246 |
8º Irlanda | 238 |
9º Bélgica | 232,5 |
10º Estónia | 203 |
11º Bulgária | 193,4 |
12º Dinamarca | 187 |
Alemanha folgada vencedora da Superliga
Entretanto, em Lille (França), a Alemanha confirmou o favoritismo, ganhando pela terceira vez nas quatro últimas edições (2013, 2014 e 2017) – a Rússia ganhou em 2015. Somou 321,5 pontos, contra 295 da Polónia e 270 da França, que conquistou o terceiro lugar por um ponto (face à Grã-Bretanha). A Espanha (242,5) conseguiu um honroso 5º lugar. Bielorússia (188,5) e Holanda (175) desceram à I Liga (juntamente com a suspensa Rússia) e a Grécia, apesar da crise em que vive o país, conseguiu manter-se na Superliga, por oito pontos.
Na derradeira jornada registou-se mais um recorde da competição, através do espanhol Orlando Ortega, com 13,20 nos 110 m barreiras.