Inês Henriques venceu e… convenceu!
Era a favorita e confirmou-o. Mas, ao primeiro título mundial da história dos 50 km marcha femininos, Inês Henriques juntou-lhe o recorde mundial, que ela detinha desde janeiro, com 4.08.26 em Porto de Mós, gastando agora 4.05.56, para ganhar com mais de três minutos de vantagem. Inês isolou-se da chinesa Hang Yin pouco depois do meio da prova. Elas andaram juntas até aí, bem à frente de todas as demais, as quais, ao fim de 5 km, já iam com mais de um minuto de atraso. No final, Hang Yin ficou a mais de três minutos (4.08.58) e outra chinesa, Shuqing Yang, terceira, a quase 15 minutos (4.20.49)! Das sete atletas à partida, só chegaram quatro, registando-se duas desistências e uma desclassificação. Quantas haverá no Mundial de 2019?
Depois de umas léguas iniciais em 24.43 e 24.39, Inês Henriques fez todas as seguintes, até aos 40 km, entre 24.16 e 24.22, numa grande regularidade. Cedeu ligeiramente dos 40 para os 45 km (24.32) e sentiu naturais dificuldades na légua final (26.00). Cortou
a meta com bandeira nacional e festejou muito efusivamente este histórico triunfo!
João Vieira excelente… aos 41 anos
Entretanto, no setor masculino, João Vieira excedeu as expetativas, não só quanto à classificação (11º) como no tempo registado (3.45.28), a escassos 11 segundos do seu recorde nacional! Aos 41 anos de idade! Depois de um início cauteloso, a rondar o 30º lugar, foi sempre a melhorar e, com uns 5 km finais em 22.08, melhorou de 16º para 11º. Passou aos 25 km com 1.54.31 (era 27º) e fez a segunda metade em 1.50.57. Excelente. Fez as léguas mais rápidas dos 35 para os 40 km (22.00) e dos 40 para os 45 km (22.02). O 11º lugar é a sua terceira melhor classificação em Mundiais, depois do 4º lugar em 2013 e do 9º em 2009. Nos Jogos, foi 10º em 2004 e 11º em 2012.
Já Pedro Isidro ficou aquém da sua valia, terminando na 32ª posição, com 4.02.30. Classificaram-se 33 marchadores, registando-se 9 desclassificações e 6 desistências.
Vitória com «costela» portuguesa
A prova teve também uma vitória com “costela” portuguesa. O francês Yohann Diniz, de 39 anos, teve uma avó portuguesa e fez disso gala aquando do seu terceiro título europeu, em 2014, ao cortar a meta com uma bandeira portuguesa e outra francesa, em homenagem à avó, falecida nesse ano. O recordista mundial (3h 32m 33s) nunca fora feliz em Mundiais ou Jogos Olímpicos. Foi-o agora e de forma arrasadora: aos 10 km já levava 41 segundos de vantagem, diferença que foi sempre aumentando até aos mais de oito minutos no final (!), gastando 3.33.12, a 39 segundos do seu recorde mundial. E fez as léguas mais rápidas na parte final, gastando 1.48.24 na primeira metade e 1.44.48 na segunda! Seguiram-se-lhe dois japoneses, Hirocki Arai, bronze nos Jogos de 2015, com 3.41.17, e Kai Kobayashi, com 3.41.19.
Ana Cabecinha novamente sexta
Nos 20 km, Ana Cabecinha cumpriu… sem deslumbrar. Foi sexta, igualando a classificação dos Jogos de 2016 mas ficando aquém do quarto lugar do Mundial de 2015. Ainda passou no grupo da frente aos 10 km, em 44.10 (gastou 44.47 na segunda metade), atrasando-se depois: era 7ª aos 15 km, a 38 segundos; foi 6ª no final, a 2.39 da vencedora, a chinesa Jiayu Yang, de 21 anos, que gastou 1.26.18. Cerrado despique desta com a mexicana Guadalupe Gonzalez, que igualou o segundo lugar do Rio’2016 (1.26.19), e com outra chinesa, Xiuzhi Lyu, desclassificada na reta da meta. E foi a italiana Antonella Palmisano a receber a medalha de bronze (1.36.36).
E assim terminou a presença portuguesa no Mundial: duas medalhas (ouro e bronze), mais um lugar de finalista (6º) e quatro de semifinalista (9º-11º-11º-13º). A melhor presença dos últimos anos, embora ainda longe dos anos de ouro. Mas um balanço fica para depois do Mundial terminado…