Alexandra Fernandes tem 53 anos e é atleta do Oralklass Amigos do Trail. Corre há sete anos e já é dona de um bonito curriculum, tendo sido várias vezes campeã nacional de Trail e Ultra Trail no seu escalão. Prefere provas com mais de 35 km e defende um maior diálogo entre as organizações das provas.
Alexandra Fernandes tem 53 anos e é natural de Gaia, onde reside. A atividade física fez sempre parte da sua vida, tendo já praticado várias modalidades. Inicou-se no atletismo em 2013, tendo-se estreado na 1ª edição dos Trilhos do Paleozóico disputado nas serras de Valongo.
Na estrada, a sua primeira corrida oficial foi a 1ª edição dos 10 km de Matosinhos, também em 2013. “Adorei a experiência de ambas as provas. Desde então, a minha vida mudou, as corridas passaram a fazer parte da minha vida, em especial o Trail”.
Apoio incondicional da família
Alexandra corre atualmente pela Oralklass Amigos do Trail, fazendo parte da equipa feminina que é bi-campeã Nacional de Trail e Campeã Nacional de Trail Ultra.
Proprietária de uma loja de roupa e acessórios de moda para senhora (Gira Moda), não lhe tem sido difícil conciliar a sua atividade profissional com a desportiva. “É a parte mais difícil, mas com rigor e disciplina, resolve-se com alguma facilidade, por vezes temos que deixar algumas coisas por fazer. Tenho a sorte de ter o apoio incondicional da família que está sempre comigo”.
Cada prova, cada pódio em 2019
Alexandra treina 6 a 7 vezes por semana e tem um Personal Trainer que a ajuda a programar os treinos, “em função dos objetivos e das provas”.
Costuma ser muito participativa em provas. Em 2016, esteve em 37. Em 2017, em 38. Em 2018, em 28. Mas em 2019, foi mais seletiva, tendo estado apenas em 10 mas com direito a pódio do escalão em todas elas!
“Vejo um grande crescimento da modalidade, cada dia há mais pessoas a praticar exercício físico”
Provas preferidas
Como apaixonada que é pelos trails, Alexandra tem alguma dificuldade em escolher a sua prova preferida. “Quem faz Trail, gosta de muitas provas pois as serras são magníficas. É um pouco difícil de escolher mas vou tentar: Grande Trail Serra Arga, Estrela Grande Trail e Louzantrail”.
Já as provas que menos lhe agradaram foram duas em estrada: os 10 km de Avintes e o Grande Prémio Águas de Gaia.
Distância preferida acima dos 35 km
Prefere provas acima dos 35 km e até agora, a maior distância percorrida foi os 69 km do Trail Amigos da Montanha. Já correu duas maratonas de estrada, no Porto e no Gerês. Estreou-se no Porto, prova que lhe deixou boas recordações por ter atingido o seu objetivo: “Terminar feliz e aos saltos depois de 3 horas e meia a correr pelas margens do rio Douro”.
Momentos mais marcantes
Na sua carreira desportiva, Alexandra não esquece dois momentos marcantes: a primeira vez em que foi ao pódio, “é uma sensação única” e no primeiro ano em que foi campeã nacional de Trail Ultra no seu escalão, “senti que valeu a pena todo o trajeto para lá chegar”.
“Correr salva sempre o meu dia ”
Diferenças entre a estrada e trail
Para Alexandra, as principais diferenças entre o trail e a corrida de estrada têm a ver com o tipo de piso e o declive. “A corrida de estrada é realizada em alcatrão e ou em terra batida sem declive; a corrida de trail é realizada em locais selvagens, piso muito irregular, rochoso com declives acentuados, por vezes corremos também dentro de rios e riachos”.
Lesões não querem nada com ela
Não dispensa os exames médicos de rotina todos os anos e apesar de ser muito competitiva, as lesões raramente a têm visitado. “Ao longo destes sete anos de corrida, aconteceu duas vezes, uma entorse e uma queda em que rasguei o joelho direito”.
Tem os devidos cuidados com a alimentação, seguindo um plano alimentar elaborado por um nutricionista em função dos seus objetivos. Mas confessa que “agora com esta pandemia, não estou tão rigorosa com a alimentação”.
Sensação de liberdade quando corre
Neste mundo das corridas, aprecia particularmente a sensação de liberdade, “sentir -me só com os meus pensamentos no meio da multidão”.
Como apaixonada que é pelas corridas, pensa correr até o corpo a deixar. “Como digo, correr salva sempre o meu dia”.
Se não estivesse no atletismo, tinha uma alternativa bem definida, o BTT, que era a sua anterior modalidade.
Pessimista quanto ao futuro para quem vive da modalidade
Alexandra mostra-se pessimista quanto ao futuro da modalidade. “Não há incentivos para que os atletas possam viver só do atletismo”. Mas já tem outra visão a nível do atletismo popular: “No amador, esse sim, vejo um grande crescimento da modalidade, cada dia há mais pessoas a praticar exercício físico”.
Quanto aos seus projetos futuros na modalidade, estão todos em suspenso, devido à pandemia.
“Quem AMA o desporto, não precisa de competição para continuar a praticar em segurança”
Mais diálogo entre organizadores das provas
Quanto a uma melhor organização das provas, defende um maior diálogo entre os organizadores. “Devem trabalhar em conjunto para melhorar o trabalho de todos”.
Treinar na fase de confinamento social
Muitos foram aqueles que alteraram os seus hábitos sociais e desportivos com o início do confinamento social. Alexandra não fugiu à regra: “Fez alterar algumas rotinas, mas continuei a treinar com menos intensidade, segui o meu plano de treino para não perder a forma física e manter-me psicologicamente saudável”.
Quanto ao regresso das provas, na sua opinião, elas não se devem realizar porque põem em risco a saúde pública. “Quem AMA o desporto, não precisa de competição para continuar a praticar em segurança”.
Quando perdeu uma sapatilha num trail
Estórias não faltam a Alexandra. Esta passou-se numa prova na Serra de Arga. “Chovia torrencialmente, às tantas, entrámos numa zona de lama e perdi uma sapatilha. Não a encontrava, foi muito engraçado ver todos os atletas solidários à procura da sapatilha. Aprendi a lição, a partir daquele dia, comecei a apertar melhor os atacadores”.
“A minha vida mudou, as corridas passaram a fazer parte da minha vida, em especial o Trail”
Curriculum desportivo invejável
A terminar, foi com natural orgulho que Alexandra destacou um pouco do seu curriculum desportivo. “Quando comecei a correr, não tinha noção que poderia alcançar pódios, alguns na geral e sempre no escalão. Orgulho-me de em 2017, ter sido campeã nacional de Trail Ultra Veterana F50. Em 2018, campeã nacional de Trail e Ultra Trail F50. Em 2019, ingressei na Equipa Oralkllass Amigos do Trail e fui campeã nacional de Trail e Ultra Trail. Por três anos consecutivos, consegui o apuramento para a final da Taça de Portugal de Trail, que se realizou nos Açores”.