Segundo informações da Reuters, o aumento das temperaturas no verão em todo o mundo pode levar a uma grande reflexão sobre quando os grandes eventos desportivos devem ser realizados, disse Sebastian Coe, presidente da World Athletics, este domingo (8), após um dia brutal para os atletas que competiram na maratona Olímpica 2020.
As maratonas e os eventos da marcha atlética foram transferidos de Tóquio para Sapporo, no norte do Japão, uma cidade supostamente mais fria. A mudança, porém, resultou em pouco alívio, com temperaturas na casa dos 30 °C, mesmo com largadas no começo da manhã.
Calor e humidade foram um problema constante em Tóquio, onde mesmo atletas de resistência – incluindo aqueles acostumados a treinar em climas quentes – acharam as condições extremamente difíceis.
“Eram condições difíceis e podemos enfrentar as mesmas temperaturas em Paris em 2024”, disse Coe.
“Nos Estados Unidos em Eugene (cidade-sede dos campeonatos mundiais do próximo ano) as temperaturas passaram de 40 °C. Este é o desafio que todos enfrentaremos agora e provavelmente precisará de um discurso global sobre o calendário e como organizamos eventos”, argumentou Coe.
“Não sou climatologista, mas a realidade é que onde quer que formos, a nova norma será lidar com condições climáticas realmente adversas.”
Os Jogos Olímpicos de Tóquio de 1964 foram realizados em outubro, assim como os Jogos de 1968 na Cidade do México. Seul em 1988 e Sydney em 2000 foram em setembro, mas a norma para as cidades do hemisfério norte é julho ou agosto.
O Campeonato do Mundo de futebol do próximo ano, no Qatar, mudou o seu calendário normal de verão e será realizado em novembro/dezembro para evitar o pior do calor.
Coe mencionou que para os velocistas, as condições eram ideais para aquecimento e desempenho.
Um deles, o italiano Lamont Marcell Jacobs, foi um dos destaques dos Jogos após sua surpreendente vitória nos 100m e a sua participação na vitória da Itália nos 4x100m.
Depois de entrar no ano com uma melhor marca pessoal acima de 10 segundos, Jacobs faturou o ouro na semana passada num recorde europeu de 9,80, levando a especulações imediatas de que teria recorrido a substâncias químicas.
Jacobs disse no sábado (7) que deixou de ser acompanhado pelo nutricionista Giacomo Spazzini assim que soube que o profissional estava a ser investigado por ligações com substâncias quimicas para melhorar o desempenho de atletas.
“Se você surpreende, as pessoas fazem perguntas”, disse Coe. “Tenho a certeza que fizeram sobre a minha carreira. Voltei do Campeonato Europeu em 1978 com a medalha de bronze e um ano depois, tinha três recordes mundiais.”
Coe disse que todas as questões sobre doping agora serão abordadas pela Unidade de Integridade de Atletismo. “Estou satisfeito por termos a melhor unidade deste tipo em qualquer desporto”. “Mas temos que estar permanentemente vigilantes.”
Coe disse que estava partindo “com enorme agradecimento, apreço e a promessa aos japoneses de uma enorme dívida de gratidão pela maneira gentil como foram recebidos, face às dificuldades enfrentadas”.
“Organizar uns Jogos Olímpicos em circunstâncias normais é terrivelmente difícil, eu sei, já o fiz”, afirmou Coe, que comandou a organização dos Jogos de Londres, em 2012. “Mas organizar os Jogos nestas condições extremamente difíceis, foi nada menos que um milagre.”