Asafa Powell correu 97 vezes abaixo os 10 segundos. Usain Bolt fê-lo por 51
Não chega a centena e meia, o número de atletas que conseguiram baixar até agora dos dez segundos aos 100 metros. O primeiro a consegui-lo foi o norte-americano Jim Hines nos Jogos Olímpicos do México em 1968. Fez então 9,95 e houve que esperar até 1977 para que o cubano Sílvio Leonard repetisse a façanha (9,98), de novo em solo mexicano, beneficiando também da altitude, onde a resistência do ar é menor e mais fácil de progredir.
Seria Carl Lewis a tirar um centésimo aos 9,98 e ao nível do mar. Estávamos em 1983 e desde aí, o velocista que mais vezes baixou da barreira dos dez segundos, foi Asafa Powell, por 97 vezes.
Porque é que há tão poucos velocistas no mundo a baixar dos dez segundos?
São vários os fatores mas podem-se dividir em dois grandes grupos: Fatores inatos como por exemplo, uma predisposição genética às provas de velocidade, uma antropometria favorável, alta percentagem de fibras de tipo II – rápidas – etc.
Temos depois os fatores de tipo ambiental, treino, dieta, descanso, atitude, etc. Se queremos saber se um velocista nasce ou se faz, tem que nascer primeiro com certas caraterísticas e potencial, mas também, há que dizê-lo, com o trabalho diário e treino invisível.
Dez atletas que mais vezes baixaram dos dez segundos
Atleta | País | Nº vezes |
Asafa Powell | Jamaica | 97 |
Justin Gatlin | Estados Unidos | 57 |
Maurice Greene | Estados Unidos | 53 |
Usain Bolt | Jamaica | 51 |
Mike Rodgers | Estados Unidos | 39 |
Tyson Gay | Estados Unidos | 36 |
Yohan Blake | Jamaica | 32 |
Nesta Carter | Jamaica | 29 |
Ato Boldon | Trindad y Tobago | 28 |
Frank Fredericks | Namíbia | 27 |
…. Francis Obikwelu | Portugal | 4 |
Como podemos observar, nesta lista, vamos encontrar quatro jamaicanos e quatro norte-americanos, com a Trindad y Tobago e a Namíbia com um atleta. Portugal também está representado por Francis Obikwelu que conseguiu por quatro vezes baixar dos dez segundos e é detentor de um recorde pessoal de 9,86 s.
Tal mostra a predisposição dos atletas de raça negra para a velocidade pura. Mas se é verdade que entre os atletas negros com origem na África ocidental (jamaicanos, trinitários, norte-americanos…), existe certa predisposição para as provas de velocidade, o mesmo não se verifica com aqueles que são originários da África Oriental (Quénia, Etiópia, Somália, Eritreia…) que se destacam no meio fundo e fundo.
Na Jamaica por exemplo, quase 100% da população é do mesmo genótipo do velocista. Mas isto não chega. Há que realçar a importância dos campeonatos das categorias jovens naquele país, que não têm igual noutros países. Ali, todas as crianças querem ser velocistas e essa atração de talento juvenil acaba por encontrar grandes estrelas na pista. O mesmo ocorre com a existência de grandes campeões que servem de referência para as novas gerações.
Para quando a queda do recorde de Bolt?
Já sabemos que os recordes existem para serem batidos. Mas não é por acaso que alguns se prolongam no tempo, durando dezenas de anos. Os recordes poderão cair no futuro com a ajuda da tecnologia (sapatos e pistas que aumentem o retorno da energia elástica, a procura de uma maior aerodinâmica), uma melhor deteção de jovens talentos, a otimização dos métodos de treino, aspetos do treino invisível (dieta, descanso, suplementos, psicologia) e procura de condições ambientais ótimas (temperatura, vento a favor no limite de 2m/s). Depois, há o doping…