Tal como no setor masculino, o atletismo feminino nacional está num bom momento, como o refletem os rankings nacionais, que obtiveram as melhores médias de sempre pelo 3º ano consecutivo (4º no que toca ao top’20), e a subida à Superliga europeia, para o qual o setor feminino deu mais pontos que o masculino.
Os rankings nacionais do ano mantêm uma tendência de melhoria muito agradável. No que toca às médias das 10 melhores de cada uma das 17 provas de pista consideradas (todas exceto 10000 m e heptatlo), num total de 170 atletas, com base nas pontuações da tabela IAAF de 2008, tem-se verificado uma subida contínua ao longo dos últimos cinco anos, de 927,8 até 958,1 pontos, com pontuações recorde nas três últimas épocas (antes: 941,6 pontos em 2010). As médias das 20 melhores marcas de cada prova (num total de 380) melhoram desde 2015 (de 867,9 a 896,1 pontos) e são recorde nas últimas quatro épocas (antes: 877,4 em 2010). De 2018 para 2019, as médias progrediram 8,2 pontos tanto no top’10 como no top’20, uma margem apreciável.
Por setores, verifica-se que os 1028 pontos do top’10 das corridas é a melhor pontuação desde 1999 e já está apenas a 6,6 pontos do recorde (de 1993); e os 977,9 pontos do top’20 é a melhor pontuação desde 2000, estando a 9,9 pontos do recorde (de 1993). A média do top’20 dos 3000 m obstáculos foi a melhor de sempre (11.00,44).
Nos saltos, registou-se um ligeiro decréscimo, de 938 pontos em 2018 para 934 (top’10) e de 865,7 pontos para 862,2 (top’20), embora as médias do comprimento (6,17 e 5,92) e triplo (13,49 e 12,78) sejam as melhores de sempre.
Nos lançamentos, as médias de 2019 são as melhores de sempre, batendo recordes que já vinham de 2005: no top’10, de 816,9 para 825; no top’20, de 736,4 para 742,7 pontos. Relativamente a 2018, progrediu-se nada menos de 15,3 (top’10) e 13,7 pontos (to’20). As médias top’10 do peso (14,62) e do disco (50,07) e top’20 do disco (44,72) foram as melhores de sempre.
Vejamos as médias dos últimos anos:
MÉDIAS ANO A ANO (tabela IAAF 2008)
10 MARCAS FEMININAS
Corridas Saltos Lanç. Total
2010 1017,0 907,5 806,0 941,6
2011 1009,3 922,0 786,2 936,3
2012 1001,3 920,5 776,7 929,5
2013 1000,8 923,7 775,0 929,5
2014 1004,0 939,7 765,5 932,8
2105 1003,7 916,0 769,0 927,8
2016 1015,0 908,5 789,2 936,8
2017 1012,7 930,0 806,7 944,7
2018 1017,6 938,0 809,7 949,9
2019 1028,0 934,0 825,0 958,1
MELHOR ANO ANTERIOR
1034,6 911,0 816,9 938,2
(1993) (2009) (2005) (2009)
20 MARCAS FEMININAS
Corridas Saltos Lanç. Total
2009 957,1 835,5 717,5 872,1
2010 963,9 834,0 726,2 877,4
2011 954,6 851,0 713,0 873,6
2012 951,5 853,7 699,7 869,1
2013 950,2 855,2 700,7 869,2
2014 952,3 860,2 695,7 870,3
2015 951,4 846,7 701,0 867,9
2016 964,7 840,7 718,2 877,5
2017 962,0 857,7 726,7 882,1
2018 968,3 865,7 729,0 887,9
2019 977,9 865,2 742,7 896,1
Melhor ano anterior
987,8 835,5 736,4 872,4
(1993) (2009) (2005) (2000)
Nota: Não foi considerada a prova de 10000 m por insuficiente número de atletas nos últimos anos.
Poderá ver todas as médias e pontuações, prova a prova, desde 1961, em http://atletismo-estatistica.pt/anuais/medias-e-pontuacoes/
Patrícia Mamona novamente a melhor
Tal como em 2016, Patrícia Mamona foi a melhor atleta nacional do ano, embora aquém dos pódios europeu (por bem pouco…) e mundial. Sem atingir o seu melhor, teve época positiva. Grandes progressos de Evelise Veiga (em especial no triplo) e regresso de Ana Cabecinha ao pódio, onde esteve seis anos consecutivos, de 2012 a 2017.
Num ano com “menos” Inês Henriques (foi 3ª na Taça da Europa mas desistiu no Mundial), há ainda a salientar a queda de dois recordes de Portugal (400 m e peso).
A nível coletivo, o Sporting, campeão nacional pelo nono ano consecutivo (e pela 24 ª vez nos últimos 25 anos!) manteve uma total superioridade (26 pontos de vantagem) num pódio completado por Benfica e J. Vidigalense, como nos dois anos anteriores.
PÓDIO
1ª PATRÍCIA MAMONA (SPORTING)
Foi a melhor portuguesa (setor feminino) no Mundial, com um honroso 8º lugar, depois de ter falhado por pouco (4 cm) o pódio no Europeu de pista coberta. Esteve melhor no inverno (14,44 e 14,43) que ao ar livre (14,40) devido a problemas físicos. Faltou-lhe aproximar-se do seu recorde nacional.
2ª EVELISE VEIGA (SPORTING)
Segunda no comprimento e triplo das Universíadas, 2ª e 3ª no Europeu de Seleções, teve uma excelente época, igualando o seu melhor no comprimento (6,61 duas vezes) e melhorando no triplo para 14,32. Só foi pena não ter podido ir ao Mundial no comprimento (ainda a sua melhor especialidade) em vez do triplo, prova na qual obteve marca de qualificação.
3ª ANA CABECINHA (CO PECHÃO)
Não foi uma época tão conseguida como várias das anteriores, mas o seu nono lugar no Mundial foi positivo (quinta presença consecutiva no top’10), depois de ser 5ª na Taça da Europa.
MENÇÕES HONROSAS
Para além dos recordes nacionais de Cátia Azevedo (400 m) e Jéssica Inchude (peso), há a salientar Susana Costa, que esteve muito bem no inverno, com um 5º lugar no triplo do Europeu de pista coberta, com os mesmos 14,33 de Patrícia Mamona (4ª). Mariana Machado confirmou as esperanças que nela se depositam, voltando a progredir (bateu novamente o recorde nacional júnior de 1500 m) e sendo 2ª nos 3000 m e 4ª nos 1500 m do Europeu de Juniores (finais no mesmo dia!). Salomé Afonso foi 5ª nos 1500 m do Europeu de Sub’23. Lorène Bazolo, aos 36 anos, continuou a dominar na velocidade, aproximando-se mesmo dos seus melhores tempos, com 11,23 e 23,32.
A CONFIRMAÇÃO: MARIANA PESTANA (ACD S. JOÃO)
A martelista madeirense, ainda júnior de 1º ano, que em 2018 já muito prometia, com 51,35, confirmou bons progressos, lançando a 57,36, curiosamente apenas 17 cm menos que a marca conseguida por Vânia Silva enquanto júnior…
A REVELAÇÃO: BÁRBARA NEIVA (SPORTING)
Embora não fosse uma “desconhecida” enquanto juvenil (já dera boas indicações com 6.55,69 nos 2000 m obstáculos), revelou-se em 2019 ao bater o recorde nacional de juniores de 3000 m obstáculos, com 10.26,45. Foi quem mais se distinguiu, apesar do “perigo” da escolha de fundistas jovens (quantos e quantas falharam depois de muito prometerem porque treinavam acima do devido para as suas idades?…)
OS PÓDIOS ANUAIS DA REVISTA ATLETISMO
1998 1ª Manuela Machado 2ª Fernanda Ribeiro 3ª Carla Sacramento
1999 1ª Susana Feitor 2ª Carla Sacramento 3ª Carmo Tavares
2000 1ª Fernanda Ribeiro 2ª Isabel Abrantes 3ª Susana Feitor
2001 1ª Carla Sacramento 2ª Susana Feitor 3ª Carmo Tavares
2002 1ª Naide Gomes 2ª Carla Sacramento 3ª Nédia Semedo
2003 1ª Elisabete Tavares 2ª Susana Feitor 3ª Teresa Machado
2004 1ª Naide Gomes 2ª Anália Rosa 3ª Vânia Silva
2005 1ª Susana Feitor 2ª Naide Gomes 3ª Vera Santos
2006 1ª Naide Gomes 2ª Anália Rosa 3ª Vera Santos
2007 1ª Naide Gomes 2ª Susana Feitor 3ª Inês Henriques
2008 1ª Naide Gomes 2ª Ana Cabecinha 3ª Jéssica Augusto
2009 1ª Naide Gomes 2ª Sara Moreira 3ª Inês Monteiro
2010 1ª Naide Gomes 2ª Jéssica Augusto 3ª Sara Moreira
2011 1ª Susana Feitor 2ª Dulce Félix 3ª Jéssica Augusto
2012 1ª Dulce Félix 2ª Jéssica Augusto 3ª Ana Cabecinha
2013 1ª Sara Moreira 2ª Ana Cabecinha 3ª Dulce Félix
2014 1ª Jéssica Augusto 2ª Sara Moreira 3ª Ana Cabecinha
2015 1ª Ana Cabecinha 2ª Sara Moreira 3ª Patrícia Mamona
2016 1ª Patrícia Mamona 2ª Ana Cabecinha 3ª Sara Moreira
2017 1ª Inês Henriques 2ª Patrícia Mamona 3ª Ana Cabecinha
2018 1ª Inês Henriques 2ª Marta Pen 3ª Jéssica Inchude
2019 1ª Patrícia Mamona 2ª Evelise Veiga 3ª Ana Cabecinha
POSITIVO
+ Quarto ano de progressão nos rankings nacionais
+ Vitória na I Liga do Europeu de Seleções e subida à Superliga, com especial relevância para o setor feminino
+ 8º lugar de Patrícia Mamona e 9º de Ana Cabecinha num Mundial que, no que toca à presença portuguesa, ficou aquém das expetativas.
+ 4º e 5º lugares de Patrícia Mamona e Susana Costa no Europeu de pista coberta
+ Recordes nacionais de Cátia Azevedo (400 m) e Jéssica Inchude (peso)
NEGATIVO
– Apesar da presença de cinco das seis melhores fundistas nacionais (das quais desistiram duas numa prova e três noutra…) foi péssima a atuação nacional no Europeu de corta-mato (12º lugar coletivo) e na Taça da Europa de 10000 m (não se pontuou).
– Desistência de Inês Henriques (a maior esperança nacional) nos 50 km marcha do Mundial, disputados em condições atmosféricas muito difíceis.
RECORDES DE PORTUGAL BATIDOS EM 2019
400 m Cátia Azevedo (Sporting CP) 51,62 Nápoles 09-07-2019
Peso Jéssica Inchude (Sporting CP) 17,54 Leiria-CNL 04-08-2019
ALTERAÇÕES NO TOP’10 NACIONAL DE SEMPRE
1ª Cátia Azevedo SCP 400 m 51,62
1ª Jéssica Inchude SCP peso 17,54
2ª Susana Costa SCP triplo 14,43pc
2ª Mara Ribeiro SLB 50 km M 4.27.14
3ª Evelise Veiga SCP triplo 14,32
3ª Eliana Bandeira SLB peso 16,95
3ª Salomé Rocha SCP maratona 2.24.47
3ª Sandra Silva CFOD 50 km M 5.07,10
4ª Vera Barbosa SCP 400 m 52,89
4ª Francislaine Serra SCP peso 16,70
4ª Cláudia Ferreira SCP dardo 52,34
6ª Olímpia Barbosa SCP 100 bar. 13,36
6ª Jéssica Inchude SCP disco 51,98
7ª Joana Soares AJS 3000 ob. 9.55,86
7ª Jéssica Barreira SCP comp. 6,44
8ª Ivanilda Semedo SLB disco 50,92
9ª Daniela Sousa GDE 3000 ob. 10.03,04
9ª Yariagnis Arguelles SCP comp. 6,40
9ª Shaina Mags SCP triplo 13,44
9ª Eliana Bandeira SLB disco 50,75
10ª Mariana Pestana ACDSJ martelo 57,36