Muito positivo o Campeonato de Portugal este fim-de-semana realizado em Pombal. Houve de tudo um pouco, desde recordes e um bom conjunto geral de resultados até provas bem emotivas e… surpresas.
RECORDES
Nota principal para os recordes registados – um absoluto, um de juniores, cinco dos campeonatos. A saliência vai naturalmente para o recorde de Portugal da recentemente naturalizada Auriol Dongmo, que melhorou os seus 18,31 de há um mês para 18,37, marca que iguala o seu recorde de ar livre, de 2017, ainda como camaronesa. O madeirense João Pedro Buaró bateu o recorde nacional júnior da vara, com 5,10, marca que já havia conseguido ao ar livre, na época passada. E houve nada menos de cinco recordes dos campeonatos, o mais velho dos quais o do peso, que pertencia desde 1996 (há 24 anos!) à saudosa Teresa Machado, falecida na véspera. Mas vejamos a lista:
Recorde de Portugal:
Peso (F) – Auriol Dongmo (SCP) 18,37
(antes: Auriol Dongmo, SCP, 18,31 – 2020)
Recorde nacional de juniores:
Vara (M) – João Pedro Buaró (GDE) 5,10
(antes: Ícaro Miranda, SLB, 5,06 – 2013)
Recordes dos campeonatos:
110 bar. (M) – João Oliveira (SLB) 7,71
(antes: Rasul Dabó, SLB, 7,75 – 2013)
400 m (F) – Vera Barbosa (SCP) 53,34
(antes: Carmo Tavares, SCP, 53,61 – 2000)
Altura (F) – Anabela Neto (SCP) 1,86
(antes: Anabela Neto, SCP, 1,85 – 2017)
Triplo (F) – Patrícia Mamona (SCP) 14,31
(antes: Susana Costa, ACFR, 14,13 – 2019)
Peso (F) – Auriol Dongmo (SCP) 18,37
(antes: Teresa Machado, SCP, 16,98 – 1996)
NÍVEL GERAL
Foram uns bons campeonatos. Nada menos de 17 das 28 marcas campeãs foram melhores que as de 2019, contra apenas 11 piores. E os pódios fecharam (3º lugar) com 16 marcas melhores e 12 piores.
PÓDIO MASCULINO
1º Francisco Belo (Benfica): Conseguiu 20,47 no peso e nada menos de cinco lançamentos acima de 20 metros, denotando grande consistência.
2º João Oliveira (Benfica): Naturalizado há dias, tem-se confirmado como o melhor barreirista nacional e nas eliminatórias conseguiu 7,71, novo recorde dos campeonatos e marca que o coloca já como terceiro português de sempre. Não esteve tão bem na final (7,74) mas ganhou destacado (14 centésimos) ao melhor Rasul Dabo desta época.
3º Diogo Antunes (Benfica): Foi o vencedor de uns excelentes (e disputadíssimos!) 60 metros, conseguindo 6,69 e derrotando três adversários (completamente igualados) e que por um só milésimo não fizeram também 6,69. Gastaram os três 6,691! Diogo tem melhor desde 2016 (6,67) mas a marca é bastante valiosa.
PÓDIO FEMININO
1ª Auriol Dogmo (Sporting): A sua marca de 18,37 no peso, para além de recorde nacional (pista coberta e absoluto), é a melhor dos campeonatos no conjunto de todas as provas femininas.
2ª Evelise Veiga (Sporting): Difícil destacar alguém a seguir de entre tão boas marcas registadas. Mas Evelise esteve excelente em duas provas: no comprimento ganhou com 6,48 e é a segunda portuguesa de sempre, a seguir a Naide Gomes; no triplo foi terceira com 13,68 e reforçou a sua terceira posição no ranking de sempre.
3ªs Vera Barbosa (Sporting), Anabela Neto (Sporting), Patrícia Mamona (Sporting) e Eliana Bandeira (Benfica): Não seria justo deixar três de fora do pódio. Vera Barbosa fez a surpresa dos campeonatos ao derrotar Cátia Azevedo nos 400 m e com um tempo (53,34) que reforça a sua posição de terceira de sempre. Anabela Neto passou 1,86 na altura e conseguiu a segunda marca de sempre em pista coberta, a seguir ao recorde (1,88) de Naide Gomes. Patrícia Mamona fez um concurso de triplo em crescendo, batendo por três vezes o recorde dos campeonatos, com 14,14, 14,30 e 14,31. E Eliana Bandeira continua em grandes progressos no peso: tinha 16,95 ao ar livre e 16,62 em pista coberta como melhor em 2019 e já passou este inverno para 17,32 ao ar livre e, agora, 17,39 em pista coberta – seria a recordista sem Auriol…
PROGRESSÕES NOS TOP’10 DE SEMPRE
Masculinos:
3º João Oliveira 60 bar. 7,71
5º Manuel Dias heptatlo 5450
6º Edgar Campre heptatlo 5448
8º João Pedro Buaró vara 5,10
10º Frederico Curvelo 60 m 6,70
Femininos:
1ª Auriol Dongmo peso 18,37
2ª Anabela Neto altura 1,86
2ª Evelise Veiga comprim. 6,48
2ª Eliana Bandeira peso 17,39
3ª Vera Barbosa 400 m 53,34
3ª Evelise Veiga triplo 13,68
4ª Francislaine Serra peso 17,19
10ª Olímpia Barbosa 60 m 7,49
OS MAIS DOS CAMPEONATOS
+ Um muito bom nível, com vários recordes e algumas provas com uma excelente profundidade: no setor masculino, quatro atletas até 6,70 nos 60 m, três a menos de 8 segundos nas barreiras (M) e seis acima de 7,39 no comprimento; no feminino, três até 54,16 nos 400 m, sete acima de 12,71 no triplo e quatro acima de 17 m no peso.
+ A presença de quase todos os melhores atletas nacionais (salvo casos de lesão). Faltaram Pedro Pichardo no triplo (optou pelos 60 m…) e vários meio-fundistas longos, mais virados para o corta-mato. E faltaram, como habitualmente, as principais equipas nas estafetas.
+ Grande emoção em algumas provas, nomeadamente nos 60 m (quatro atletas quase igualados, três deles sem hipótese de separação), no heptatlo (dois pontos de diferença entre os muito progressivos sub’23 Manuel Dias e Edgar Campre) e nos 800 metros (54 centésimos a separar os seis primeiros, um dos quais da série B).
+ Algumas surpresas, em especial nos 400 m, com a vitória de Vera Barbosa sobre Cátia Azevedo, mas também, um pouco, na vara (Ruben Miranda a derrotar Diogo Ferreira) e no comprimento (Marcos Chuva a vencer Ivo Tavares).
+ A transmissão dos campeonatos através do site da Federação (embora com inevitáveis limitações de escassez de câmaras e de técnicos – as repetições eram muito curtas) e a divulgação online dos resultados em cima do acontecimento.
Nota: desta vez não conseguimos encontrar aspetos relevantes que tenham sido negativos.
CLUBES
– O Benfica conquistou 9 dos 14 títulos masculinos, distanciando-se do Sporting (4 títulos) no conjunto dos 34 campeonatos já realizados: tem agora 172 contra 166.
– O Sporting somou mais 8 títulos femininos, tendo agora um total de 190, contra 69 do Benfica.
– O FC Porto ainda é o terceiro clube mais titulado, com 41 vitórias no setor masculino e 26 no feminino.
OUTRAS CURIOSIDADES
– Apenas uma atleta conseguiu dois títulos: a jovem Mariana Machado, campeã (em estreia) nos 800 e 1500 m. Outros campeões estreantes foram José Carlos Pinto (800 m), Isaac Nader (1500 m), João Oliveira (60 m bar.), Gerson Baldé (altura), Joana Soares (3000 m), Auriol Dongmo (peso) e Jennifer Gomes (pentatlo). Paulo Rosário conquistou o seu primeiro título de 3000 m mas já tem um de 800 e outro de 1500 m.
– João Vieira somou o 20º título (todos nos 5000 m marcha) e lidera a lista de campeões masculinos. Nelson Évora vai em 12 (8 no triplo) e Marcos Chuva conquistou o 6º no comprimento.
– No setor feminino, liderado por Carmo Tavares (23 títulos em cinco diferentes provas), seguida por Teresa Machado (19 títulos, todos no peso), Ana Cabecinha somou a sua 10ª vitória nos 3000 m marcha, Patrícia Mamona vai em 7 no triplo, Anabela Neto conquistou a 5ª na altura e Lorène Bazolo (60 m) e Evelise Veiga (comprimento) já têm 4 cada.
– Renovaram títulos conquistados em 2019 os seguintes 10 atletas: João Coelho (400 m), Marcos Chuva (comprimento), Francisco Belo (peso), João Vieira (marcha), Manuel Dias (heptatlo), Lorène Bazolo (60 m), Olímpia Barbosa (barreiras), Anabela Neto (altura), Evelise Veiga (comprimento) e Ana Cabecinha (marcha).
– Houve seis títulos conquistados por atletas sub’23: Mariana Machado (800 e 1500 m), João Coelho (400 m), Isaac Nader (1500 m), Gelson Baldé (altura) e Manuel Dias (heptatlo). Houve mais 9 sub’23 segundos e 4 terceiros. Juniores no pódio houve quatro: João Pedro Buaró (2º na vara), Inês Pires (2ª na marcha), Daniela Amaro (3ª nos 60 m) e Carla Rodrigues (3ª nos 800 m).
Escreveu “Anabela Leite conquistou a 5ª na altura” em vez de Anabela Neto
Obrigado pela retificação.
Então as naturalizações não tinham sido apertadas?
Como é que atletas que desembarcaram há meia dúzia de dias já são portugueses?
Ou ficam ainda assim impedidos de representar Portugal (?).
As naturalizações não foram apertadas. A elegibilidade para representarem a seleção em competições internacionais é que foi apertada pela federação internacional (WA).
https://www.worldathletics.org/about-iaaf/documents/book-of-rules
C3.2 – Eligibility to Represent a Member Rules